Vidro Fino

Capítulo 2

Jenna sentia o asfalto morno e áspero sob seus pés descalços, enquanto era embalada pelo constante bater dos saltos altos que estivera usando. O vestido longo e vermelho com bolinhas brancas bruxuleava com os ventos, os dedos apertando a bolsa de mão branca. Jen até tentou aguentar mais alguns minutos sobre os saltos pretos, mas desistiu no fim das contas. O vento bagunçava seus cabelos curtos, que voavam soltos e sem direção, dificuldado a sua visão. A rua J estava vazia e ela estranhou, levantando uma sobrancelha. Será que ela ficara fora até muito tarde? Jenna mordeu o lábio, temendo o pior. A avó iria matá-la e desonrá-la, deixando-a fora do túmulo da família, no mínimo.

A menina havia ido ao shopping com as amigas. Uma coisa que Jen nunca entendeu sobre sua avó era que ela só deixava Jenna dirigir quando ia para escola. Ela não era uma motorista tão ruim e ela quase nunca saia de casa para badernar. A ida no shopping daquela tarde havia sido apenas uma diversãozinha. Penelope e Joni dependiam do carro dos pais, que usavam-os para trabalhar. Quando tinham que sair, as jovens dependiam das linhas de ônibus municipais de Apple Valley. E ainda tinha que andar um pouco até em casa. Ela notou o vizinho tentando lavar o carro e acenou para ele.

- Ai! - ela gritou, sentando-se na calçada da casa dele. Havia pisado em uma pedra e acabou abrindo uma ferida enorme no pé. Ela tentou segurar as lágrimas, mas realmente estava doendo. Rowan havia corrido até a menina, desligando a mangueira.

- Meu Deus, Jen. Você tá bem? - ele perguntou, antes de notar o sangue. - Porque você estava descalça, sua doida.

- Meu salto tava machucando. - ela choramingou a resposta e Rowan nem esperou que ela explicasse o resto, simplesmente pegou-a no colo enquanto ela ficava vermelha, e protestava, enquanto o garoto levava-a para dentro, deixando-a sobre o sofá.

- Vou pegar o band-aid e o remédio para isso. - ele subiu correndo as escadas.

Ela olhou pela sala, notando o quão bonita era. O sofá preto e fofinho era enorme e ficava em frente da TV de LED, que estava desligada. Havia uma mesinha entre elas, com um telefone sem fio, um vaso de flores e algumas revistas, e a chave da moto e do carro. Jen observou a volta do cômodo, vendo algumas fotos de Rowan.

- Voilá! - ele apareceu nos ultimos degraus, com um pacote de band-aid na mão. - Agora, vamos limpar essas lágrimas e esse ferimento.

- Não precisava, Rowan. - ela tentou limpar as lágrimas com o braço do casaco, mas ele a parou, tirando um lenço do bolso e secando o rosto dela.

- Claro que sim, Jen, agora, me deixe ver isso aqui. - ele pegou o pé dela, limpando o ferimento e aplicando remédio. Ela mordeu o lábio, gemendo de dor, uma lagrima fina descendo pelo seu rosto. Rowan sentiu-se mal por ver aquele rostinho chorando. Finalmente, fechou o machucado com o band-aid gigante que ele tinha. - Viu, doeu?

- Não. - ela acabou sorrindo. - Obrigada pela ajuda.

- Quer que eu te leve em casa? - ele perguntou, ainda preocupado. Jenna colocava de volta os saltos, pelo menos para a volta para casa.

- Pode ficar tranquilo. - ela dispensou a ajuda, dando enfâse, empurrando o ar. - valeu mesmo.

- De nada, baixinha. - ele riu, enquanto ela bagunçava o cabelo dele. - Você continua pequena até de salto.

- Não é culpa minha que você nasceu grande demais, seu chato. - ela reclamou, rindo. - Bem, eu vou indo. Quem dirige amanhã?

- Eu quero. Deixa comigo. O piloto Leonidas sabe o que fazer, minha querida. - ele bateu um continência exagerada e Jen apenas deu de ombro.

- Okay. Qualquer coisa, bate lá em casa. - ela piscou, enquanto atravessava o jardim, a grama agora baixa, depois de ter sido cortada pelo menino. Rowan geralmente saia na rua só para aparar a grama e eventualmente lavar o carro e a moto.