Capítulo 11

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- Sei não, Penny. - Jenna apoiou-se sobre o travesseiro da cama da amiga, preguiçosamente. Ela ia dormir na casa de Penelope do sábado para o domingo e Joni estava junto. A anfitriã trazia um saco enorme de balas e vários outros tipos de doce e usava um pijama cor-de-rosa com ursinhos... Infantil demais para uma menina tão calculista e séria como ela.  - Será que não vai dar problema eu ir falar só com o Stephen?

- Cara, se o Rowan confia em você, não tem do que ter medo. - Joni falava com a boca cheia de ursinhos de gelatina, em sua camisola roxa e pantufas. - Namoro é tudo uma questão de confiança. Por exemplo, eu não tenho ciume de você com meu Stephy.

- Tá, mas o Stephen e você nem tem nada, Jo... - Penelope quase riu, mas engoliu a gargalhada. Joni estava a algumas semanas tentando avançar romanticamente com o irmão gêmeo de Rowan, sem muito sucesso aparente. O garoto não parecia ser do tipo que se apaixonava fácil ou que se engajava em um relacionamento muito fácil.

- Mas teremos, e é isso que importa. - ela virou-se de barriga para cima, os cachos se espalhando pelo lençol branco. - Mal começamos e já tenho várias coisas certas.

- Tá, agora, focando-se no assunto. Fica tranquila. - Penny beliscou-a, afetivamente. Jen soltou um ai, mas não reclamou mais. - Talvez seja só isso que o Stephen precise. Uma conversa com alguém que não seja o Rowan ou a mãe dele. Imagine toda a pressão e expectativa que a família tem agora sobre que ele, e o menino mal voltou para casa!

- Eu vou conversar com ele, mas eu tenho certeza de que não vai adiantar. - Jen bocejou, apertando o travesseiro que trouxe de casa. - Mesmo assim, eu confio no Rowan e eu sei que ele não vai se zangar.

- Bem, temos muito mais doce para comer e filmes para ver. - a morena apontou para o saco de ursinhos de geleia. - O Massacre da Montanha Russa ou Morrer ou Matar.

- Quem deixou a Joni escolher o filme, hein? - Jen riu, recebendo uma travesseirada da amiga. - Ai!

- Se você você, assistiriamos o filme “De volta para o Vale do Arco-Íris”. - a menina revirou os olhos e acabou fazendo todas rirem.

- Parece mais legal que “O Massacre da Montanha Russa”. - Penelope pegou um saco industrial de salgadinhos de milho, começando a comer. Penny parecia ser do tipo que não comia, mas quando estava com fome... Digamos que ela e Jen podem competir em um concurso de comer o bife em menos tempo.

- Tá, então vai o “Morrer ou Matar”. - a menina se levantou, dirigindo-se até o DVD enquanto as meninas torceram o nariz e murmuravam reclamações.

Jenna deitou-se de barriga para cima, encarando o teto. Era uma mania dela e de Rowan: olhar pra cima, na esperança de que o céu lhe sussurrasse as respostas do teste da vida. Com chuva, com sol, em lugares fechados... Olhar para cima ainda lhe dava esperança. Ela ainda podia sentir a mão dele apertando a dela, como no parque, no carro e no jardim, mesmo há mais ou menos um quilômetro de distância. Telepatia? Empatia? Jenna se sentia completa, sozinha. Mas com Rowan... Era como se em algum lugar, dentro de si, sempre houvesse um lugar em que os sentimentos pudessem circular. Era por isso que o amor corria pelas veias da menina, era por isso que ela sentia a mão dele sobre a dela, toda vez que olhava para cima. Porque ele tinha entrado debaixo de sua pele, dentro do seu coração. Ela estendeu a mão e pegou um monte de ursinhos de gelatina, ouvindo os sons de gargantas sendo rasgadas e gritos no fundo. Não era a coisa mais romântica para compactuar com algo que ela só tinha notado agora.

Eu sou irremediavelmente, retardadamente, problematicamente apaixonada por Rowan Charles Leonidas. Aquele babaca.

***

- Jenna? - Stephen perguntou, enquanto a menina dirigia, tranquilamente. - Então, o que foi tão importante que você teve que me arrastar de casa para falar? O que é que o Rowan não pode saber?

- Bem, basicamente? - ela finalmente estacionou, pulando da pickup e batendo a porta, dando a volta e abrindo a porta para ele. - O Rowan não quer que eu me meta. Mas eu sinceramente estou preocupada com vocês dois e não ligo se ele não quer. Eu não suporto ver vocês dois assim.

- Assim como? - ele levantou uma sobrancelha. Não era aquela menina uma garotinha observadora?

- Vocês vem cansados, sem disposição, tem olheiras e, fala sério, eu conheço o meu namorado. Eu sei quando ele está bem. - ela começou a andar, entrando no parque. Haviam alguns bancos e ela se sentou lá, cruzando as pernas. Jenna usava shorts jeans e uma regata roxa listrada. Ela deixou os cabelos soltos, o vento bagunçando-os.

- Mas eu ainda não entendo porque você veio falar comigo e não com o Rowie. - Steph olhava para ela, intrigado.

- Eu tenho quase certeza de quem está perdido é você, Stephen. - ela tentou sorrir para ele, mesmo que o momento não fosse de muita alegria.  - E nem tem como falar com o Rowan e com a sua mãe...

- Jenna... - ele olhou para ela, apoiando o rosto sobre as mãos. Ele pensava nisso a toda hora e não sabia como conversar direito com sua mãe e seu irmão mais. Ela colocou uma mão no ombro dele amigavelmente.

- Pode falar, por que? O que acontece contigo e com o Rowan?

- Eu não consigo dormir. - ele fechou os olhos. - Perto deles, eu lembro do acidente, eu lembro de tudo. Eu lembro dos gritos, do meu choro. Eu lembro. E eu tenho pesadelos e acordo o Rowan.

- E ele não te deixa, certo? - ela lembrou do namorado, um leve aperto no coração e Stephen apenas assentiu.

- E eu não posso contar. Eles vão ficar preocupados e sei lá, eu não quero parecer fraco nem nada. - ele suspirou. - Mas olha pra mim, eu acordo chorando no meio da noite. Eu sou fraco.

- Stephen Lawson Leonidas. Você não é fraco nem aqui nem na China. - a menina falou em um tom parecido com o de sua avó Misaki. - Você e o Rowan passaram por tanto juntos e tanto separados. E a Betty... Ela ama vocês. Vocês são a família Leonidas, a melhor família que eu conheço. E você consegue, Steph.

- Você acha?

- É claro que eu acho. - ela bagunçou o cabelo do amigo, sorrindo. - E você não precisa ter medo. Você sabe que eles estão lá para você. E se você precisar, a vovó e eu também estamos. A gente sempre está pronta para ajudar vocês.

- Jen, meu irmão pode ser um babaca com você ás vezes, mas não desiste dele. - o garoto sorriu, sinceramente. - Eu acho que ele fez uma boa escolha no fim das contas.

- Valeu, Steph. - ela levantou-se, seguindo a reta do parque. - Vamos comprar um pote de sorvete e levar para sua casa. Combinado?

- Combinado.

 

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