"Viajar é fazer uma jornada para dentro de si mesmo". ― Danny Kaye.
Eu não sou bem um cara extraordinariamente culto, mas eu sei de algumas coisas interessantes sobre o mundo e suas excentricidades. Por exemplo, como as estruturas dos neurônios espelho funcionam sempre que um animal visualiza o comportamento de outro semelhante a sua espécie, vindo a realizar os mesmo atos. Dessa forma, tal tipo de neurônio emite sinapses para que o corpo realize o comportamento do outro; como quando vemos alguém bocejar. Ou não tendo nenhuma correlação, mas o porquê de como Adolf Hitler conseguiu fazer do rádio uma arma tão eficaz para o alienamento e dominação de uma nação inteira.
Não sei se ele tinha conhecimento sobre esse tipo de neurônio, mas de algo ele sabia. Hitler sabia lidar com pessoas, principalmente quando se tratava em subjugá-las. Rompendo as barreiras da ciência e até da História, há realmente uma verdade no que Andrew Smith cita em seu livro Selva de gafanhotos, ele disse que nós, seres humanos temos uma predisposição genética para registrar histórias. Seria como se nós pudéssemos arquivá-las como lembranças de onde não devemos errar, mas sim, nos predispor a definir melhor nossos objetivos, em contrapartida de um feito maior e não usar de um meio que venha justificar todo um fim catastrófico.
E esta é a minha história.
Chamo-me Newt Atwell e moro em Enverwood, na Colúmbia Britânica, Canadá. Comigo vivem minha mãe e meu gato da raça nebelung cinza de olhos verdes translúcidos que se chama Néris. Só tenho dois amigos na escola que frequentei a vida toda, o Day e o Kris. Somos taxados de esquisitos por usarmos camisas com as frases dos nossos personagens favoritos dos livros da Ryan Skarsten, mas sinceramente isso vai de acordo com seu ponto de vista. Jogamos videogame como qualquer cara de dezesseis anos, mas eu nunca, nem em um milhão de anos beijei uma garota.
Sou filho de pais separados e digamos que o aumento de separação no Canadá, em números fictícios tenha sido 22% em 2012?, ano em que meus pais assinaram os papeis do divórcio, e quem sabe até, esse número já não tenha dobrado até aqui? Poderia ser uma pista para que talvez o matrimônio fosse uma canoa furada, mas não que o amor seja.
Assim que ambos assinaram suas absolvições matrimoniais, escolhi ficar com a minha mãe, que por sua vez, ficou com a casa, a Kombi amarela e branca do meu pai, que hoje me pertence e com metade das economias que fizeram para o caso de um dia eu for aceito em Harvard. Acontece, que quando esse dia chegar, o dinheiro mal cobrirá meu primeiro semestre por lá.
Não gostaria de desapontá-la, mas adoraria que considerasse o fato de que não se precisa ir à faculdade para se tornar um autor. A internet e os livros já estão aí para isso, mesmo que ainda haja um status em apropriar-se de um diploma, mas que a meu ver não quantifica ao certo o quanto uma pessoa sabe. Quer dizer, um comerciante que nunca frequentou a faculdade pode saber tanto sobre matemática quanto um estudante de matemática mesmo sem nunca ter entrado em uma faculdade, ele provavelmente só não sabe as fórmulas para a resolução de um problema que apesar de simples, reserva-se tempo para formulações. A experiência é um sólido pilar para o sucesso, só basta utilizar as ferramentas certas.
Quando meus pais ainda se amavam, sempre íamos aos sábados ao Park James Cotton, um espaço verde que fica a um quarteirão de casa para mostrarmos que éramos uma família feliz e adepta a piqueniques.
― Senhor Atwell, gostaria de compartilhar com a turma o que o senhor tanto anota nesta agenda durante a explicação? ― Inquiriu minha professora de artes das trevas, brincadeira, senhora Carmen lecionava química. Que matéria adorável!
― Não, senhora Carmen. Desculpe ― soei cuidadoso e educado. Por mais que não gostasse da ideia, fechei meu Moleskine e guardei-o na mochila.
Nunca entendi bem, mas meu cérebro não parece ter sido programado biologicamente para algo tão tedioso. Eu até conseguia compreender o que lia sobre a matéria, entretanto, não entendia nem um terço do que a senhora Carmen dizia. Soava como um destro teimando em escrever com a mão esquerda, demoraria muito para que se chegasse ao fim da folha, mesmo escrevendo rápido. Era inútil, sabendo que teria que refazer todo o processo com a mão certa.
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E agora, Sunshine?
Teen FictionNewt Atwell é um adolescente de dezesseis anos apegado a aforismos e ao seu gato, o charmoso Néris. Com dois grandes amigos e uma escritora favorita de livros para jovens adultos prestes a se aposentar, Newt, Day e Kris caem na estrada com Sunshine...