Eu trabalho em uma loja de vestidos de luxo para a classe média, na verdade são vestidos que a senhorita Valentina cansou de usar em um dia e teve a caridade de vendê-los mais baratos para quem não pode pagar o valor original. O horário é até às 19h o que dificultaria caso eu quisesse fazer uma faculdade, mas eu preciso do dinheiro.
A senhorita Valentina tem 23 anos, muito dinheiro e faz questão de me mostrar o valor para arrumar seu carro do ano, também me ajuda com assuntos da área da saúde, sobre como é complicado ficar assistindo uma TV de 70 polegadas sem ficar com dor no corpo e de cabeça.
-Alice, minha linda! A moça da loja deixará meu vestido aqui, depois eu busco.
-Está bem, a senhorita tem algum evento hoje?
-Sim, gata! É o baile de formatura do meu noivo, agora ele será o doutor Leonardo. Você também poderia estar chegando lá né, mas abandonou sua faculdade.
-Eu tive que cuidar da minha família.
-Ah é, sempre me esqueço disso, mas não tem como cuidar da sua família sem dinheiro.
Ela foi embora, mas a sensação de não estar na faculdade de medicina depois de tudo continuou ecoando.
A moça do vestido chegou, entregou e o preço do vestido dava para reformar minha casa e renovar meu guarda roupa.
-Senhorita Valentina, o vestido chegou.
-Quando fechar a loja deixe ele aqui em casa, está chovendo muito para eu ir até aí.
Este momento eu deveria explicar para a senhorita Valentina questões da área da saúde de como é andar na chuva.
Cheguei na casa da senhorita Valentina, a mãe dela abriu a porta e me olhou assustada, para falar a verdade até eu olharia pois nunca me vi tão molhada.
-Olá, meu nome é Alice, eu trabalho para a Valentina, quer dizer, senhorita, e trouxe o vestido.
Ela ficou em silêncio, acredito que não tenha me escutado por causa do barulho da chuva.
-Senhora!?
-Me desculpe, pode entrar, vou chama-la.
Ela a chamou, mas continuou me olhando fixamente, comecei a ficar com medo, afinal, psicopatas não vem com um selo indicando.
A senhorita Valentina me chamou para subir e eu ainda tive que ajuda-la a se arrumar, acredito que ela seja um pouco solitária para me considerar tão íntima.
-Não repare as fotos viradas para baixo, briguei com o meu noivo. Acredita que ele ficou bravo porque eu disse que ele teria mais futuro como cirurgião plástico do que ajudando os pobres?
-Desculpe senhorita, mas hoje deve ser um motivo de felicidade.
-Me chame de você, já nos conhecemos a um ano e você insiste em "Senhorita Valentina". Ele tem aquelas coisas de só porque foi pobre um dia, deve ajudar. Ele deveria ser como minha madrasta, renegar a pobreza.
-Pensei que ela era sua mãe.
-Não, mamãe nasceu em berço de ouro e faleceu quando eu tinha 3 anos, alguns anos depois ele conheceu a Paola e se casaram e hoje somos uma família feliz. Quem sabe um dia você também não arruma um boy para dar um golpe? Sem ofensas.
Dei a risada mais falsa da minha vida e me despedi da família feliz.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Interligados
RomanceSinopse: Alice sempre se conformou em ser abandonada, trocada e até humilhada. O futuro não espera por ela, afinal, ele já deu oportunidades demais para ela. Porém, se o futuro não ajuda o passado sim. Alice irá descobrir que as segundas chances que...