14. i am so idiot

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CAMILA POV

Acordei acho que um pouco melhor do que fui dormir noite passada. Já não tinha mais vontade de chorar, eu só precisava de um banho bem demorado e relaxante.

Me destapei e levantei da cama, me espreguiçando. Holland ainda dormia feito um bebê na caminha dela. Sorri e fui até o banheiro fazer minha higiene matinal e também ver meu estado.

Meus olhos estavam inchados por conta do choro durante a madrugada toda. Nem maquiagem resolvi passar, iria deixar assim mesmo. Não tinha planos pra sair.

Tomei um banho e desci. Achei Maria na cozinha preparando o almoço, de primeira levei um susto, mas gostei pelo menos não ficaria sozinha. Chamei ela pra almoçar comigo e ela aceitou. Ela ficou até de tarde me fazendo companhia e depois foi embora. Pelo menos relaxei um pouco pela tarde.

Maria era uma boa ouvinte. Contei pra ela sobre algumas coisas e ela me deu conselhos. Disse que se a pessoa gostasse mesmo de mim, eu não precisaria correr atrás. E que essa pessoa era muito idiota, é ela usou a palavra idiota, pra definir esse "garoto" que contei pra ela.

Eu não disse ao certo que era um garoto, mas ela tentou adivinhar e passou reto. Mas enfim, ela disse que "ele" é idiota por não gostar de uma pessoa bonita e educada como eu. E ela estava mesmo certa. E também disse que não era pra eu ficar assim, que rapidinho eu iria encontrar uma outra pessoa mil vezes melhor. Isso eu acho que ela estava errada, mas deixei pra lá.

Consegui falar com meus pais e Sofi pelo celular, e a boa notícia é que daqui a uma semana eles vão voltar todos juntos pra casa. Me animei um pouco né, eu gostava de ficar sozinha mas diariamente eu não gostava não. E para completar Normani encheu meu celular de mensagens, algumas me xingando por ter deixado ela sozinha na boate, eu só ria. Outras dizendo que ela tinha vindo embora com o gatinho que tinha a irmã que ainda estava de olho em mim, e que ela deu meu número para a loirinha. Revirei os olhos. Sério isso? Af. E assim foi meu final de semana, passou voando até demais.

No domingo, Marielle e Sandra minhas melhores amigas desde muito tempo atrás, resolveram aparecer e ficamos vendo filmes e comendo jogadas até tarde no meu quarto. E assim se passou meu domingo.

Acordei na segunda-feira, fiz minha higiene matinal e desci pro café da manhã. Fiz biquinho quando caminhei pela minha espaçosa casa e a vi vazia.

- Que falta você faz Sofi...

Não falei pra ninguém em particular, estava sozinha. Acabei pensando alto demais. Mas eu sentia tanta falta de Sofi, ela dava alegria pra essa casa.

Fiz alguns sanduíches e tomei meu suco sentada na mesa de jantar, abandonada. É eu também sou meia dramática. Holland deu um latido fraco, eu dei um pedacinho de pão pra ela.

- Só um pedacinho, se não você se acostuma mocinha. - eu disse, ela resmungou triste.

...

Finalmente deu a hora da escola, eu me arrumei como sempre e peguei a chave do meu carro. Me despedi de Holland e dirigi pro inferno vulgo escola. Estacionei no mesmo lugar de sempre, acho que aquele lugar já era marcado pra mim, porque ninguém nunca estacionava nele e eu adorava isso.

Ajeitei meus óculos escuros no rosto, ajeitei meus cabelos e desci do carro. Senti inúmeros olhares sob mim, mas nem me importei. Tranquei meu carro e caminhei pelo pátio, indo em direção ao interior da escola. Mal vi alguém da minha sala andando pelo pátio, então o professor já deveria estar na sala ótimo.

Peguei o primeiro elevador que vi e depois de alguns minutos eu já estava caminhando pelo corredor indo em direção à sala. Entrei direto sem bater. Todos olharam pra mim. Arregalei um pouco os olhos, tirando meus óculos escuros e colocando pendurado na blusa. O professor já estava na sala, e todos pareciam estar em duplas.

- Está atrasada, Srta. Cabello.

Damon resmungou, enquanto olhava alguns relatórios em cima da sua mesa, eu entrei e fechei a porta.

- Foi mal professor, o trânsito estava horrível. - falei passando uma mão pelos meus cabelos. Tomara que ele caia nessa.

- Hoje vou aceitar essa sua desculpa esfarrapada. - eu sorri por dentro e comecei a caminhar pra minha cadeira. - Sente-se com a sua dupla, Cabello.

Paralisei ao ouvir o que ele acabou de dizer. Olhei rápido pra Lauren que já tinha o olhar sob mim. E puta que pariu, cada dia que passa a vadia fica mais linda ainda?

Ficamos alguns segundos no contato visual, Lauren o quebrou olhando pra uma cadeira vazia ao seu lado, mas eu acabei indo para a minha cadeira de sempre.

Ri internamente se ela acha que eu irei fazer essa trabalho bosta. Com ela. Peguei meu caderno de anotações dentro da minha mochila, e comecei a escrever. Nada em particular, mas eu gostava de desenhar algumas coisas, bem aleatórios, eu não tinha muito talento, mas gostava. E essa aula não ia render nada mesmo.

Fiquei alguns minutos desenhando, que nem ouvi quando uma pessoa se aproximou de mim, mas eu sabia que era ela, seu perfume nunca me engana.

- Camila?

Quando ouvi sua voz chamando meu nome meu coração idiota errou uma batida. Suspirei fundo, ergui a cabeça olhando pra ela.

- Que é? - eu disse ríspida, sem a mínima paciência.

Lauren ergueu as sobrancelhas e passou a mão soada na calça jeans.

- Hum. É, precisamos fazer o trabalho, não? - ela sorriu de canto, balançando a cabeça.

- To sem vontade.

Voltei o olhar pro desenho em cima da minha mesa, fazendo alguns riscos nele com o lápis. Eu só queria que ela saísse de perto de mim. Ela pareceu entender o contrário porque puxou uma cadeira e se sentou do meu lado. Apoiou os cotovelos na minha mesa e se esgueirou pra ver meu desenho.

- O que você está desenhando? - Lauren perguntou sorrindo.

Me lembrei do dia em que chorei até dormir por causa dela. Porque ela transou comigo e foi atrás do outro, me rejeitando, me deixando num poço. Senti meu peito arder. Parei meu desenho e olhei pra ela do meu lado, fiquei alguns segundos a olhando com os lábios franzidos antes de responder.

- Não tem nada de melhor para fazer não? - perguntei grossa, ignorando sua pergunta.

- Porque você está me tratando assim?

Meu peito subia e descia com uma velocidade imensa. Ela queria uma lista do que fez?

- Eu só não quero você perto de mim, não mais... - falei baixo, com um sorrisinho de lado.

Até eu fiquei com nojo de mim mesma agora. Minha voz tinha saído totalmente nojenta, se eu fosse Lauren e eu tivesse falado desse jeito, eu com certeza acertaria um tapa em meu rosto. Mas ela não estava na posição de exigir muito.

- Você... você... - ela mordeu um lábio balançando a cabeça.

- Eu o que? Pare de gaguejar e fale direito.

Eu quase gritei, bati a mão na mesa, meu rosto estava quente, o dela era a mesma coisa. A sala agora nos olhava. Ela balançou a cabeça, com os lábios franzidos.

- Ridícula. - Lauren murmurou e saiu que nem um foguete do meu lado.

Ri sem vontade e continuei desenhando. É assim que eu deveria ter a tratado desde o primeiro dia em que eu pus os olhos nela. Mas não, eu fiquei que nem uma babaca, correndo atrás dela. Até pra casa bêbada eu a levei. E o que eu recebo? Patadas. Eu sou tão idiota. Essa garota não é pra mim. Não mesmo.

Say You Love Me.Onde histórias criam vida. Descubra agora