Eu poderia escrever sobre os tipos de amor que eu vejo todos os dias. Escrever sobre como é adorável a forma como os meus pais se orgulham de mim (sem ter lá muito motivo). Escrever sobre como é bom abraçar minhas irmãs. Sobre como é maravilhoso os meus sobrinhos correrem para os meus braços. Eu devia até escrever sobre como é fofo o meu cachorrinho se esticar todo para receber carinho. Mas não, eu sou previsível assim, exatamente como todo mundo eu quero o que não tenho.
"De todas as coisas da vida essa foi a única da qual fui privada". E essa frase é boa demais para ser minha, é algo relacionado a Peter Pan, mas é um bom ponto de partida, as privações. É desconcertante sentir falta de algo tão subjetivo. Sentir fisicamente a falta de alguém. Eu não posso falar sobre como as pessoas no geral sentem o amor, mas acho que eu deveria criar um grupo de apoio: Olá, eu sou a Ana e só tive corações partidos, pelo que posso me lembrar.
Mas a verdade é que me lembro de como é sentir alguém. Sentir que conhece aquela pessoa, sentir que ela de alguma forma faz parte da sua vida, mesmo que nada disso seja real. Eu me lembro da sensação de sentir certeza nas coisas, sentir... "nossa esse é o cara certo". Bom, não é não! "Garota burra..."
Mas o que é certo no amor? Não sei se um dia irei descobrir, mas não vou deixar de tentar. É algo estranho, o desejar ter. Desejar sentir. Desejar ser a certeza de alguém.
Falar "eu te amo", lembro-me como é. Ou de como deveria ser.
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À Deriva
Non-FictionCrônicas sobre a incapacidade pessoal em relação as emoções banais cotidianas.