Todas as noites são uma luta constante. Há tantas coisas a fazer, mas meus olhos chamam pelo sono. Então me deito e tento desligar minha mente. Tento.
Quando menina já existiam tantas coisas que me mantiam acordada. Preocupações de "gente grande". E no silêncio, na casa fria onde vivia, eu me abraçava a minha mamãe e tentava afastar os medos que não tinham relação com monstros debaixo da cama.
Hoje esses medos estão tão longe que parecem parte de outra vida. Será que essas noites em claro realmente existiram? Será que eu não tirei isso de algum livro? Sei que não, mas durante as madrugadas insones todo tipo de absurdo parece ser verdade e a realidade fica indistinta.
Você já parou por um momento e perguntou se realmente estava vivo? Quando foi dormir teve medo do fim do mundo chegar antes do amanhecer?
Às vezes tenho medo de fechar os olhos porque, quando tento desligar minha mente, é que os pensamentos que deixo para depois surgem à tona.
Em algumas noites eu só queria que minha mãe me fizesse ninar novamente. Eu só queria que meu pai me tirasse do sofá e me aconchegasse nas cobertas ao lado de minhas bonecas. Naquele tempo eu os tinha para resolver cada problema, mas hoje eles são só meus. E é extremamente triste ver os sol nascer na companhia das minhas preocupações.
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À Deriva
No FicciónCrônicas sobre a incapacidade pessoal em relação as emoções banais cotidianas.
