O meu coração já está longe. Minha mente não pertence mais a este lugar. Minhas malas estão prontas, então preciso dizer adeus. Até logo. Seja feliz. Lembre-se de mim nas tardes de quinta.
Não sei se um dia vou encontrar aquele sentimento de pertencimento. Não tenho tanta fé de que encontrarei meu lugar neste mundo. Mas, sei que não é aqui. Sinto em meus ossos que essa vida é completamente sem propósito. Se eu nasci para isso, é hora de fazer meu próprio caminho.
Às vezes me irrito com as outras pessoas por querer ser mais como elas. Todo mundo parece tão contente, tão conformado. Mas, eu não consigo. Essa vida de rotina vazia não me satisfaz.
E de alguma maneira eu posso acabar soando como uma tola iludida. Como alguém que esquece de amadurecer e se apega aos sonhos da infância. Mas, não é isso. Eu não tenho mais medo de envelhecer. Acho que meu único medo agora é morrer antes de realmente ter feito algo de bom para o futuro.
Porque, no fim, eu sou tão passageira. Mal cheguei e já vejo logo ali o momento da partida. E como acredito que só temos uma vida, preciso que meu coração bata por um motivo maior. Preciso ser alguém com profundidade. Não quero deixar minha marca no mundo, sei que o esquecimento é inevitável. Mas, eu preciso que algo mude para melhor porque eu estive aqui. Não posso partir sem antes saber que o ar que respirei não foi um desperdício de recursos irrecuperáveis.
Por isso eu preciso abrir mão. Romper com o conforto de todos os dias saber que a miséria está muito distante. Preciso dizer adeus a essa vida, porque não foi o que eu escolhi.
A minha escolha é ir gritar pela paz nos campos de batalha. Talvez isso custe minha vida, mas só é valoroso de verdade aquilo que se pode perder a qualquer instante. Então não lamente caso minhas escolas me levem para um caminho sem volta. Fique feliz por eu ter ao menos tentado.
Eu vou tentar ser feliz.
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À Deriva
No FicciónCrônicas sobre a incapacidade pessoal em relação as emoções banais cotidianas.