Descoberta.

532 52 67
                                    

Ao abrir os olhos, Nicole viu que estava em uma espécie de cabine retangular onde as paredes e o teto eram de cor branca e não havia janelas. Ao levantar do travesseiro macio como a colcha, sua cabeça rodou e durante um momento sua vista ficou embaçada. Rapidamente as memórias do ocorrido percorreram sua mente, fleches de luzes vermelhas, amarelas e laranjas preenchiam suas memórias. Confusa, levantou-se da cama e se apoiou na parede. Havia uma porta oval em frente, com um retângulo transparente que possibilitava a visão do exterior – onde via-se apenas uma parede lisa –, e ao lado tinham alguns botões e um quadrado que emitia uma fraca luz vermelha.

Nicole foi até a porta e não viu maçaneta alguma, então tentou empurrar e depois arrastar, mas todas suas tentativas foram frustradas. Foi então que sua atenção voltou-se para a luz vermelha ao lado. Como uma simples tentativa, ela pôs sua mão sobre a luz, e uma linha holográfica subiu e desceu analisando suas digitais. O vermelho tornou-se um intenso verde e a porta se abriu, correndo para a direita. A garota hesitou por um segundo e saiu. Ao apoiar-se na porta, finalmente livre, sentiu um peso no peito, lembrando com clareza de tudo, uma crescente tristeza que a tomou e a impossibilitou de pensar em qualquer outra coisa. Seus olhos começaram a lacrimejar em desespero. Com uma das mãos contendo os soluços ela correu, ouvia vozes no lugar, mas não conseguia distinguir o que diziam, e não via com exatidão para onde estava indo, dominada pela tontura que a atormentava somada a sua vista completamente embaçada pelas lágrimas. De repente as vozes tornaram-se mais próximas e então cessaram. Nicole esbarrou em alguém. O homem era alto, seu corpo era musculoso e rígido ao ponto de nem mover-se com o peso da jovem, seus cabelos eram escuros como os olhos duros que a observavam em reprovação. E ali mesmo a garota desmaiou.


Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Ao acordar Nicole percebeu estar na mesma cabine de antes. De imediato enrugou o sobrecenho e segurou o travesseiro com força, apertando o rosto contra ele. Não aguentava mais fazer qualquer coisa, queria apenas deitar e chorar. Embora esse fosse o desejo mais profundo de sua alma a jovem sabia que aquilo não havia sido um sonho. Sua família... As crianças... Iago. Ela ergueu um pouco os olhos quando escutou a porta da cabine se abrir.

— Você está bem? – Ash perguntou ao entrar, e o simples som de sua voz a fez levantar o rosto por completo e arrastar-se para trás.

Nicole parecia horrorizada, como se visse um monstro. Um misto de raiva e vergonha invadiu seu corpo, dando uma coloração avermelhada ao seu rosto.

— O que aconteceu? – ele perguntou confuso.

— O que você quer aqui? – a voz da morena soou alta e trêmula.

— Não estou entendendo – Ash franziu o cenho. – O que eu fiz a você para estar com tanta raiva?

— Você me afastou do orfanato, e ainda me beijou – sua voz aumentou – O que você fez? Desde aquele momento tenho me sentido mal.

Reia [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora