Era 6:30 da manhã e meu despertador tocou, hora de ir para escola - estava no 3º ano do Ensino Médio, e faltava uns 5 meses para me formar, era o primeiro dia de aula depois das férias do meio do ano - fiquei enrolando na cama, e depois levantei, me arrumei, e fui para a cozinha tomar café - minha mãe sempre acordava uns minutos antes de mim, para preparar meu café, e se certificar que eu realmente estava acordado. Ela sonha com um futuro perfeito para mim, faculdade, trabalho de respeito, e nunca permitiu que eu faltasse em nenhuma aula, porque ela diz que a escola é o primeiro passo para isso.
- Bom dia Mãe! - falei puxando a cadeira e sentando.
- Bom dia! - me deu um beijo na cabeça - Tá atrasado em moço!!
Minha mãe era extremamente pontual, se a escola começa 7:00, 7:00 eu tinha que estar lá, nem antes, nem depois.
- 2 minutos só Dona Isabel - falei bagunçando o cabelo dela, e achando graça.
Terminei meu café e fui escovar os dentes, peguei a mochila e dei tchau para ela, e de longe ouvi ela falando bem baixinho : Pode deixar meu velho, vou fazer de tudo pro futuro dele ser brilhante.
Lembra que eu falei que minha mãe queria o futuro perfeito para mim? Então, não é só ela. Há alguns anos atrás, quando eu tinha 10 anos, um acidente de carro, com um motorista embriagado, levou meu pai da gente. Ele não tinha estudo, e por mais que tentasse um bom emprego, não conseguia por conta disso, e sofreu muito, e ele sempre dizia que eu teria em dobro o que ele não pode ter, me colocou em uma escola particular, se esforçando para poder pagar, e eu tentei retribuir com todo meu esforço, eu não faltava e ia muito bem na escola, as melhores notas da classe eram minhas, e isso deixava um sorriso no rosto dele, que era o melhor agradecimento que eu poderia querer, meu pai sentia orgulho de mim. E quando ele se foi, eu prometi que mesmo ele não estando aqui, eu realizaria o sonho dele, e minha mãe também queria isso, e ficava sempre em cima, para que eu não desviasse do meu caminho, e seguisse por um errado, como a maioria dos adolescentes de 17 anos fazem: drogas, bebidas, festas, várias mulheres.
Eu não reclamava, porque eu gostava disso, eu gostava de ser só eu e ela, de ficar em casa, assistir TV, ler, o que os outros jovens achavam um absurdo, eu era visto com um esquisito na escola, e não pela minha aparência, e sim pelos meus gostos e comportamento. Meu melhor amigo era o Pilha, na verdade Guilherme, mas ele era tão elétrico quando criança, não parava quieto um minuto, que acabaram apelidando ele de Pilha. Ele é alto, magro, pele negra, usa óculos e ao contrário de mim, vai muito mal na escola, ele é apaixonado pela Bianca, desde a 4ª série, e a vida dele gira em torno dela. A gente se conheceu na 2ª série, quando estávamos brincando e eu trombei nele e derrubei seu óculos, que quebrou, e minha mãe teve que pagar outro, mas quando ela se encontrou com a mãe dele para resolver a situação, elas acabaram ficando muito amigas, e o Pilha e eu brincávamos direto, e acabamos crescendo juntos.
Cheguei na escola e o Pilha estava me esperando no portão, conversamos um pouco e entramos, as aulas foram um saco, como sempre. Quando descemos para o intervalo, uma menina esbarrou em mim.
- Desculpa - falei, quando olhei para ela reconheci na hora, era a Luíza.
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Memórias
RomanceComo às vezes podemos ser tão tolos? Como tomamos decisões que vão acabar deixando nossa vida de cabeça pra baixo? Foi bem isso que aconteceu com Eduardo, você com certeza vai se apaixonar por essa história.