Capítulo 6 - Se Conhecendo Melhor

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E a festa terminou assim, com o Pilha totalmente bêbado, quase não se aguentando em pé, como quase todos os outros da festa estavam, e eu resolvi acabar com a festa, afinal já era quase 4:00 da manhã, demorou até todo mundo sair, não sei como coube toda aquela gente dentro de casa.

O Pilha deitou no sofá e apagou do jeito que estava, resolvi não mexer, fui pro quarto dele, e deitei lá.

*

Era umas 11:30 quando acordei, com o telefone tocando, era minha mãe:

- Oi mãe - falei bocejando

- Esqueceu que tem casa foi?

- Calma Dona Isabel, já estou indo, acabei dormindo demais, só isso.

- Você só não esquece que amanhã tem prova de física, e é muito importante para as suas notas

- Tá bom mãe... tá... tá... ok... tchau.

Eu realmente não gostava muito de festa, e queria mesmo realizar o sonho do meu pai, mas todo mundo precisa de um descanso, e minha mãe não me dava esse descanso. Lembra? Eu falei que gostava disso, apesar ela tinha um motivo, mas na verdade era o que eu tentava me convencer: que eu não ligaria para a pressão que ela fazia, mas era difícil, tinha hora que cansava.

Levantei, e tomei até um susto quando saí do quarto, a casa estava imunda, tinha cerveja para todo lado, comida jogada, roupas, tinha até sangue, não quero nem saber a história, só sei que daria um trabalhão para o Pilha limpar aquilo. Ele estava do mesmo jeito largado no sofá, acordei ele, avisei sobre a bagunça e fui embora, disse que depois eu voltaria para ajudar.

Cheguei, almocei, estudei, conversei sobre a festa com a minha mãe, e fui ver como estava o progresso do Pilha. Quando cheguei ele estava quase acabando, ajudei ele, e até que foi bem divertido contar o que ele fez na festa.

Quando acabamos, era umas 18:30, eu estava saindo da casa dele quando eu vi a Manu sentada em frente a casa dos pais delas.

- O que a dama faz sozinha na escuridão? - perguntei me aproximando, não sei se tínhamos essa intimidade para brincadeiras ainda, mas mesmo assim arrisquei.

- Oooi - ela disse se lembrando de mim - tô aqui pensando, nada demais.

- Pensando em que? Na vida?

Ela só entortou um pouco a cabeça, com um olhar meio triste

- Quer pensar sozinha?

- Na verdade não! Senta aqui - bateu na calçada com a mão

Me sentei do lado dela, e arrisquei.

- O que foi? - falei olhando para ela

Respirou fundo e falou

- Nem eu sei exatamente - pausou - eu só... não consigo me sentir bem nessa casa - tentou falar mais alguma coisa, mas desistiu

- Mas você não mora aqui?

- Não, lembra quando eu falei que era irmã da Bianca? - assenti com a cabeça - então, eu sou, mais sou meia-irmã, meus pais se divorciaram quando eu tinha uns 7 anos, e eu fui morar com a minha mãe no Rio, e desde que meu pai se casou de novo, ela não deixou mais nós nos ver, então conversávamos escondidos pela internet, porque eu sentia muita falta dele, e foi assim que eu fiquei sabendo que eu ia ter uma irmãzinha, hoje foi a primeira vez que eu vi ela - ahh explicado o "orgulho" - quando eu me formei no colégio, eu comecei a faculdade e o sonho do meu pai, era que a filha dele se torna-se uma arquiteta, que nem ele, mas eu não quis, pesquisei muito, e decidi por nutrição, e pode acreditar, esse foi o motivo, pelo qual meu pai é frio comigo, me trata diferente - eu ouvia atentamente cada palavra que ela falava em silêncio, percebi que ela estava com essa história entalada, e que precisava desabafar para alguém - agora que fiz 18 anos, resolvi vir visitá-los, mas ele não perde a oportunidade de jogar na minha cara - começou a chorar - toda hora que eu não dei orgulho pra ele - falou com a voz falhada, e abaixando a cabeça entre os joelhos.

Coloquei a mão no cabelo dela e acariciei, como uma tentativa de consolo, não sabia o que falar, não era bom com conselhos. O meu gesto fez ela erguer a cabeça e olhar para mim.

- Eu queria voltar para casa, mas briguei feio com a minha mãe para vir cá, é melhor deixar esfriar as coisas.

- E você vai ter que aguentar ficar aí? Porque não arranja um hotel?

- Não tenho dinheiro, vim sem nada, só não fui bem recebida - falou quase chorando de novo.

Ela se levantou, limpando os olhos com as costas da mão, assim que eu levantei, ela riu para mim e me deu um abraço.

- Obrigada!

Não disse nada, só retribui.

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⏰ Última atualização: Aug 31, 2015 ⏰

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