Capítulo 5 - Manu

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Lembra que eu falei que o Pilha é apaixonado pela Bianca? Isso já é há muito tempo, ela estuda na nossa sala há anos, e é muuuuuito chata, só ele não vê isso, ela é totalmente fútil, só se preocupa com imagem e popularidade. Os pais delas são ricos, moram em um casona no nosso bairro, e isso é motivo suficiente para ela se achar a dona do mundo.

- E daí cara! Desencana - falei levantando 

- Não dá! É a Bianca que tá ali, dentro da minha casa, sentada no meu sofá - falou se sentando

- Não é por nada não Pilha, mas acho que ela nem sabe disso - falei rindo - Mas de qualquer forma, levanta daí, vai lá, se enturma com seus convidados, e tenta falar com ela ué.

-  Não dá cara - falou se levantando e logo se sentando de novo.

- Dá! Vai lá, fala que seus pais te deram um apê, que vc tem um carro, e pum, a Bianca é sua - não era exagero, a Bianca era um amor, desde que você possuísse alguma coisa de "valor". Uma vez ela até ficou com um bolsista, porque ele disse para ela, que os pais dele faleceram, e a herança ficou toda para ele, não queriam nem saber o que aconteceu com ele quando ela descobriu.

Lembrar dessa história me fez repensar o que eu disse.

- Ahh melhor não falar isso não. Vamos - falei puxando ele. 

Nós subimos a escada que separava a casa do quintal e entramos, e lá estava a Bianca, rodeada de homens, se achando a última bolacha do pacote - ela podia ser a chata que fosse, mas realmente era linda - empurrei ele com força para lá, enquanto olhava rindo pela porta, e ele foi todo desengonçado para onde ela estava. Enquanto assistia a cena, reparei que havia uma menina sentada de frente para Bianca, fingindo prestar atenção no que ela falava, de vez em quando ria - e que sorriso - não lembro dela, com certeza não estudava na nossa escola, fiquei olhando, até que percebi o qual ridículo estava aquela cena e desviei o olhar pro Pilha, que tentava puxar assunto com a Bianca, e só levava fora. Até que ele levantou, passou por mim e falou:

- Que se dane!

Olhei para trás, para ver onde ele tinha ido, e o vi pegando uma lata de cerveja e indo para pista de dança - eu já tinha o visto beber algumas vezes, mas eram poucas - parecia um louco na pista, nem sei se aquilo que ele estava fazendo era dançar, mas tá né? o importante é se divertir - e adivinhem? Pois é, ele tirou a camisa, aquele esqueleto ficou amostra. Eu fiquei olhando e rindo, rindo muito, até pensei em filmar, mas já estavam fazendo isso.

- É seu amigo? - era voz de mulher

Concordei com a cabeça antes de virar, quando olhei, lembrei rapidamente daquele sorriso.

- É sim - falei a observando

- É bem maluquinho - falou olhando para ele e rindo

- Ahh magina, esse é o nomal - ri

Ela só riu, e continuou olhando. Eu até queria puxar assunto, mas eu ia falar o que? Fiquei pensando, meio constrangido com o silêncio, até ela falar.

- Você estuda no Louise? - era minha escola 

- Aham! Desde que eu me entendo por gente - ri - E você estuda onde? - arrisquei

- Na verdade na UPA, já me formei no colégio, agora estudo nutrição.

- Hmm! Uma universitária - falei com voz de aprovação, olhei para ela

Ela riu, o que, não sei porque, me deixou muito satisfeito.

- Conhece a Bianca?

- Conheço - pensei em falar "ahh aquela vagabunda sentada ali cheia de homem em volta? Conheço, conheço sim", mas pensei se as duas não eram amigas.

- É minha irmã

Hãan? Irmã? Definitivamente, não eram nada parecidas. Fiquei bem surpreso, confesso, a família delas mora no meu bairro desde sempre, como eu nunca a tinha visto.

- Sério? Aquela que está sentada ali? - apontei, mesmo sabendo que era.

- É - falou, até com orgulho, como se a irmã fosse a melhor pessoa do mundo. Família é família.

Ela olhou no relógio

- Tenho que ir - falou olhando para mim - a gente se vê - acenou e ia se afastando.

- Eduardo - gritei, para que ela pudesse ouvir, já que a música estava muito alta.

- Manuela - falou rindo, e sumiu.




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