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"Eu estava correndo, correndo muito rápido. Não sabia onde ia chegar e não queria saber, não conseguia parar. Alguma coisa me puxava para aquele lugar, mas o que eu estou fazendo aqui ? Na verdade nem eu sei, mas quando cheguei lá eu descobri, vi a pior cena da minha vida. Fechei os olhos, não queria saber o que aconteceria depois, mas a curiosidade foi maior e eu os abri. Estava dentro do carro, com minha mãe e meu pai, minha mãe estava dormindo no banco do passageiro e meu pai estava quase dormindo também em cima do volante, eu gritava gritava gritava e meu pai não me ouvia, mas então eu consegui ligar o rádio. E ele acordou, agora estávamos seguros, até que vejo uma luz muito forte vindo na nossa direção.. um caminhão! Meu pai tenta desviar mas não consegue, então ele tenta frear mas não tem freio, o caminhão estava bem perto, então eu fechei os olhos e só pude ouvir um enorme barulho."

Acordei soando frio, com a respiração desregulada. Era só um pesadelo! Resolvi descer para beber água, a casa estava muito silenciosa, fui até o quarto dos meus pais e eles haviam sumido, olhei no guarda-roupa e não havia nada.

- Maria onde estão meus pais ?- perguntei entrando no quarto da empregada que dormia.

- Calma pequena, seus pais foram viajar.- Disse sonolenta.

- E-eles foram de carro ?- De alguma forma eu associei isso ao meu sonho, parecia que tudo se encaixava agora.

- Sim, vai dormir SeuNome. Já está tarde.- Disse e se deitou de novo na cama.

- Não! Eu não posso deixar isso acontecer.- Sai correndo de pijama mesmo e comecei a correr sem rumo pelas ruas, mas de alguma forma aquele caminho me parecia familiar, de novo eu vi aquela cena. O caminhão vindo na direção do carro que parecia ser os dois meus pais. Eu gritava muito, mas eles não me ouviam, foi aí que o caminhão se aproximou. Tudo pareceu em câmera lenta, vi meu pai me olhar com desespero quando conseguiu me ver e então o caminhou bateu. Eu cai no chão desesperada e comecei a chorar, chorava muito, logo muitas pessoas se aglomeraram a minha volta e alguém me ajudou a levantar. Olhei para cima e vi Maria me lançando um olhar de pena, eu a abracei forte e ela retribuiu, fomos andando de volta para casa, eu podia ver as pessoas desesperadas, podia ver as ambulâncias chegando e tudo ainda me parecia em câmera lenta. Cheguei em casa e me deitei na cama mas de modo algum consegui dormir, aquela cena não saia da minha cabeça, o meu sonho. Como eu poderia saber o que aconteceria e também o lugar para onde devia ir ? Isso já me aconteceram algumas vezes quando eu era pequena mas nada desse nível. Eram coisas como prever a chuva ou que meu cachorro ia morrer, mas nunca foi tão preciso assim. Foi aí que eu me lembrei do freio, eu estava dentro do carro quando tudo aconteceu, eu pude ver que o carro não tinha freio, um freio não desaparece assim do nada, alguém fez isso, e eu vou descobrir quem custe o que custar. O dia amanheceu e eu me levantei, fui até o banheiro e meu estado não era um dos melhores, estava com os olhos vermelhos e inchados graças à noite que passei chorando. Também estava com olheiras bem fundas, me despi e entrei debaixo da água quente que foi relaxando pouco a pouco cada músculo do meu corpo. Saí e me troquei, ia na delegacia hoje já que eu vi como o acidente aconteceu. Quando desci as escadas pude ver Maria falando com alguém pelo telefone, quando ela me viu saiu dali e logo depois voltou me encarando tristemente.

- Quem era ?- Perguntei sem nenhuma emoção na voz.

- Seu irmão, você vai para Londres assim que sair da delegacia. Já comprei suas passagens.- Disse normalmente.

- O que ? Não! Eu vou ficar bem aqui com você, eu não posso ir embora.

- Pequena, você tem que entender. Eu não posso ficar com você, ligaram hoje avisando sobre a morte dos seus pais, com eles mortos não tem quem me pague para ficar com você. Tenho que me sustentar, não posso trabalhar de graça, eu sinto muito.. você vai ter que ir morar com o seu irmão.- Ela disse com normalidade, parecia não se importar. Então era isso, ela me abandonou por dinheiro.

- Eu vou para delegacia.- Disse seca.

- Eu te levo. Deixa só eu trocar de...

- Eu posso ir sozinha.- A interrompi e bati a porta com força, cheguei na delegacia e contei tudo o que havia visto. Mas não contei sobre o sonho, iriam me achar louca. Depois de 2 horas me liberaram e eu fui para casa, arrumei minhas malas e me sentei na cama. Olhei em volta e tudo me fazia lembrar deles, senti uma lágrima solitária escorrer pelo meu rosto mas tratei logo de limpa-la. Não ia chorar, eu sou forte sempre fui, e não é agora que vai ser diferente. Quando deu a hora eu me levantei peguei minhas malas e desci, a Maria estava lá embaixo com as malas dela ao seu lado, estava com um sorriso radiante no rosto mas assim que me viu fez um olhar triste e veio me abraçar mas eu desviei.

- As chaves.- Estendi minha mão em sua direção.

- Como ?- Ela perguntou confusa.

- Se você não sabe essa casa é minha, eu já completei 18 anos e tenho o direito de ficar com essa casa, me dá logo essa merda de chave.- Disse já nervosa e ela me entregou a chave. Coloquei no bolso e me lembrei que precisaria de dinheiro, subi no quarto dos meus pais e abri um cofre que só eu sabia que existia. Coloquei a senha e abri, peguei todo dinheiro que havia ali (o que não era pouco) e coloquei tudo na minha mala. Não deixaria nada naquela casa. Desci as escadas e peguei novamente a minha mala, chamei um táxi e logo ouvi uma buzina vindo de fora, me encaminhei até lá e Maria me seguia.

- Aonde você pensa que vai ?- Perguntei sem olha-la.

- Vou entra no táxi.- Disse como se fosse óbvio. Dei um riso irônico.

- Você pode muito bem encontrar um táxi para você.- Disse e fechei a porta do táxi.- Para o aeroporto por favor.- O homem que dirigia o táxi apenas assentiu e acelerou, quando olhei para trás pude ver Marie me olhando com raiva parando na calçado com as malas, eu apenas sorri e dei um tchauzinho com as mãos. Logo cheguei no aeroporto, estava meio atrasada, pois no momento qu efiz o check-in e coloquei as malas na esteira pude ouvir bem claramente: "Última chamada para o voo 144 com destino à Londres". Me apressei e entrei no avião, logo ele decolou, coloquei os fones de ouvido e acabei dormindo.

#Continua

Summer Love Z.MOnde histórias criam vida. Descubra agora