Seis

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"Então miúda, aceitas sair com o pessoal?" Jo pergunta. O barulho da sua voz acorda-me, esfrego os olhos com os dedos e olho para o relógio. São 4:03 da manhã.

"Daqui a pouco temos aulas, eu preciso de dormir." Respondi voltando a deitar a cabeça na almofada.

"Não precisas nada." Jo tirou-me o cobertor e obrigou-me a vestir um casaco e trocar de calças. Calcei uns sapatos quaisquer e fui brutamente empurrada até à rua. Lá, estavam todos os drogados.

"Quem vai começar?" Perguntou alguém.

"A caloira, é claro." Respondeu uma voz feminina.

"Começar o quê? O que fazemos aqui? " Deram-me uma lata de tinta permanente e disseram-me para pintar o carro do diretor. "Isto é uma praxe?"

"Ainda não, é só uma brincadeira." Disse-me Jo. Mas eu não iria fazer aquilo só por brincadeira. Eu nem conseguia entender a piada de fazer aquilo. Olho para o clone, ele está encostado à parede e sem nenhuma reação aparente no rosto. Eu sou a pessoa com a qual ele deveria estar responsável, mas ele nem quer saber de mim.
Eles nunca querem saber de mim.


Abro a lata de tinta e começo a desenhar e a escrever coisas obscenas no carro do diretor.

Ver um pênis gigante desenhado de uma ponta à outra do carro, até tem a sua piada.


Acordei novamente, mas desta vez às sete e ponto. Tomo o meu banho enquanto que Jo está a fumar o seu cigarro matinal junto à janela.



"Tem alguma prova de que fomos nós que fizemos aquela obra de arte no seu carro?" Pergunta Jo. Estávamos no refeitório e mesmo à frente de todos o diretor quis falar com eles.

"Eu irei de arranjar as provas e depois expulso-vos todos daqui!"

"Desculpe Sr. Diretor" Disse e um par de olhos furiosos direcionaram-se a mim. "Eu sou a companheira de quarto da Jo e posso garantir que ela não saiu do quarto esta noite."

"O que me está a dizer é verdade?" Eu assenti seriamente. "Tudo bem. Mas eu não vou tirar os meus olhos de si menina Jo." Dito isto o diretor saiu. Jo sorri para mim como forma de agradecimento.


Pela hora do almoço, recebo uma mensagem de Jo a dizer para ir ao esconderijo. Dirijo-me até lá, certificando-me que ninguém me vê. Quando chego, vejo todos os drogados reunidos.


"Azulinha!" Chama-me um rapaz, dando sinal de que eu havia chegado.


De um momento para o outro sou quase afogada com todos os elogios e agradecimentos por tê-los safo desta.

Sento-me na cadeira virada para o pequeno lago e alguém oferece-me um papel enroladinho com erva lá dentro.


"Não fumo." Digo e olho em volta. Todos estão a fumar ou a cheirar algo menos um. O clone. Ele está encostado à parede a observa-los, tal como eu. Mas espera aí, um drogado que não fuma?



CloneOnde histórias criam vida. Descubra agora