Alguém aí acreditou mesmo que por um segundo que eu aguentaria quinze dias pra começar a postar? Quanta ingenuidade... Eu sou a pessoa mais ansiosa que eu conheço.
Espero que vocês gostem da Lara, por enquanto os capítulos estão beeem dramáticos, mas a história pede, vão ter alguns mais divertidos, prometo! Obrigada por continuarem comigo em mais essa história, eu estava morrendo de saudades!!! Não esqueçam do feed back... Beijão
Saí da casa dos Max Field, assim que a Dona Lorena foi trabalhar. Não me importava se perderia o emprego quando chegasse. Na verdade, no momento eu não me importava com nada. Quando o câncer atinge alguém que você ama, todo o resto perde o sentido, tudo o que antes você dava valor, começa a parecer apenas notas falsas, algo totalmente descartável e sem a menor importância.
Por que tudo comparado com a vida de alguém, principalmente se tratando da vida de alguém que você ama, é irrelevante. Pense na pessoa mais importante da sua vida. Pense na possibilidade de perdê-la. Se você pensar, realmente levando a sério, verá que um mundo colorido, fica sem cor. Que toda a riqueza, perde o valor. Que todo o sentido, vira loucura. Esse é meu mundo sem a Poly, um mundo preto e branco, pobre e louco.
Assim que cheguei no hospital, vi a mãe da Poly sentada em uma das cadeiras de espera. Por todo o lado dava para ver pessoas doentes, deitadas em macas e muitas na espera de um atendimento que só tardava.
— Oi Ciara, tudo bem? — Pergunto me aproximando e já me arrependo da pergunta que fiz. Basta olhar em seu rosto, que parece bem mais velho do que antes de ontem estava, os olhos inchados e sem brilho, é notório o quanto ela já chorou.
Quando ela olha para mim lágrimas brotam em seus olhos e escorrem pelas suas bochechas, meu coração afunda diante de tanto sofrimento.
— Minha menina... — Ela sussurra, mas logo soluços impedem qualquer outra palavra de sair de sua boca. Meus olhos se enchem também, ao me lembrar de como era essa família antes daquele triste diagnóstico.
— Onde está o Pedro? — Eu pergunto em um fiapo de voz. De repente eu me sinto envergonhada de estar saudável enquanto sua filha está desfalecendo em uma cama de hospital.
— Pedro foi para casa. — Sua voz é quase inaudível e eu decido não falar mais nada. É melhor ficar calada para não obrigá-la a me responder.
Espero alguns minutos até que dê o horário de visitas e entro no quarto onde ela está. A situação do hospital é deplorável, a quantidade de pessoas que há aqui, é absurda. Mesmo com o ar condicionado, o ar aqui é quente e abafado, pela quantidade de pessoas, fazendo com que o calor humano sobressaia.
— Oi Poly — Cumprimento assim que a vejo. Ela está ainda mais branca do que estava ontem, e mais abatida também, esse lugar não está fazendo bem a ela. Quando me vê, ela abaixa a cabeça e tenta limpar as lágrimas disfarçadamente, mas é claro que eu noto. — Por que você está chorando?
— Chorando eu? Não seja dramática Lara, você não vê como o ar aqui é quente? Meu olho estava apenas irritado, só isso. — Ela tenta disfarçar, mas até mesmo sua voz, vacila no final da frase. Chego mais perto.
— Mentimos uma para outra agora? — Pergunto e ela abaixa o olhar, negando com a cabeça. — Eu estou aqui Poly, sempre vou estar, agora deixa de má criação e me diz por que está chorando.
Ela funga, e mais algumas lágrimas descem silenciosas pela sua face.
— Eu não quero morrer Lara. — Ela sussurra. — Eu ainda quero pegar o meu médico, casar na Igreja do Elvis, Comemorar o divórcio em Paris, fazer um intercâmbio em Londres, nadar pelada na praia de Copacabana, fazer xixi na casa branca... São tantas coisas que eu quero realizar, eu não posso morrer agora.