FILME: O Preço do Amanhã

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Para quem já viu este filme me entenderá. Caso ao contrário, assistam. Há um choque de realidade em um contexto ficcional (ou nem tanto) que se torna impactante para quem se julga "rico".
Dentro de uma sociedade capitalista vemos o tempo como dinheiro, assim como retratado na obra.
Será bom ter muito "tempo"? Quem tem a oportunidade de viver apenas um dia de cada vez, ironicamente vive muito mais do que quem tem uma década. Como mesmo diziam os ricos, "por que fazer isso hoje se eu tenho uma década para fazê-lo depois?"
Os pobres correm e quase não dormem. Mas também tão pouco sobra tempo para que briguem uns com os outros. Enquanto os ricos andam sem pressa pelas ruas, além de ter um guarda costas à sua proteção. Apesar de que, esta mesma segurança o sufoca sem que percebam.
Mas quando um 'ninguém' é presenteado com uma década, mais do que já conseguira ganhar, se suicida. O motivo não vai além de querer aproveitar o tempo, que julga perdido, em vão em uma mesa de bar. Não há quem consiga viver um milênio, nem que tiver renda para isso. Se torna insuportável a crença da palavra literal "sempre".
Mais de uma vez no filme questionam os demais: "é roubo roubar o que já foi roubado?" Transformem- no aos dias atuais. Quem não tem tempo nem para seu próximo ano de vida, o que perderá roubando-o dos maiorais? Agora, nunca roubará de quem também não tem nada. Ou por que não há custo benefício em fazê-lo ou por que, de algum modo, as pessoas tentam ser compreensivas e entendem que ao roubar dos miseráveis, sua única recompensa seria mais um 'dia' de remorso. Quem vive um milênio à custa da vida do próximo, na realidade nunca sequer viveu nada, como foi dito no filme.
Para ganharem de salário o único 'dia' que lhes oportunam viver, teriam que trabalhar. Mas os minutos que gastam no trabalho também já se fora dos minutos de sua própria vida. Ilógico? Talvez. Mas se raciocinar a frequência que isso ocorre na vida das pessoas, há no que pensar.
Quantas pessoas gastam seu tempo em um trabalho, pelo qual nunca nem esboçam um sorriso, apenas para ganhar seu sustento/sua vida? Na verdade, não estaria ganhando de fato nada, pois seu emprego também faz parte de sua vida. Eis o que as pessoas diriam: "Mas há ordens pelo qual não temos escolha e devemos acatá-la gostando ou não". Admito: não estariam erradas. Porém, se vermos como situações desgastantes e até infelizes são capazes de nos ilustrarem uma gargalhada por mais estúpido que possa parecer, viveremos melhor nosso "tempo".
É nesse momento que nos olhamos ao espelho: estaremos aproveitando-o mesmo?

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