Cicatrizes

102 13 8
                                    

Uma leve brisa de calor percorreu meus pulsos, e foi em direção ao meu sistema nervoso. Estava morta? Levantei minha visão e tentei entender ou encontrar algo que pudesse me ajudar a sair daquele lugar. As janelas de vidro era do tamanho de uma parede, o sol refletia em meu rosto fazendo com que eu ficasse irritada.
Não fui para o inferno? Não fui para o céu? Estava no purgatório com certeza! Escultei um barulho de várias pessoas falando ao mesmo tempo, não conseguia entender o porque de tanto de vozes. Resolvi então abrir meus olhos de uma vez por todas, fiquei perplexa em ver em que local eu me encontrava: Estava em um hospital. A cama era confortável o bastante para se comparar a algum dormitório de luxo, a vidraça era enorme e eu conseguia ver o Jardim do hospital. Vasculhei o local tentando encontrar alguém para me explicar o que havia acontecido comigo. Vi uma figura masculina adormecida sobre uma espécie de poltrona personalizada, eu tentei falar mais minha voz tinha que me desobedecer.
Com cuidado comecei tirar aqueles fios de todo o meu corpo, comecei pelos braços, depois tirei os que tinha no tórax e por último o da cabeça. Mais algo chamou minha atenção, apalpei a minha nuca e vi que sobre ela estava enrolado uma espécie de curativo. Fiquei assustada com o que estava acontecendo: primeiro eu não havia morrido, depois me encontro em um hospital e agora vejo curitivos na minha cabeça! Devia estar ficando louca ou algo do tipo. Tentei me levantar e sair daquele lugar o mais rápido o possível, coloquei minhas duas pernas para fora da cama. Estava tão fraca que acabei quase caindo da cama, grunhi de dor!
O homem que estava deitado escultou meu grunhido, encarei com a figura máscula e rapidamente o identifiquei, era meu pai Robert:
-Filha você acordou!-ele parecia estar atordoado e cansando.
-Pai onde estou?-forcei minha voz até que ela saiu, com o tom abaixo do normal.
-Enfermeira! Enfermeira! Chame o médico, a minha Filha acordou.-disse ele gritando para alguém que estava do lado de fora do quarto, meu pai correu em minha direção e me pôs novamente no lugar certo da cama:
-Filha você acordou!-ele chorava e tremia diante de mim.
Escultei a porta abrir e surge diante de nos dois um homem já de idade com um jaleco branco, acompanhado com uma moça jovem e bem feita de rosto:
-Sr.Robert por favor me dê espaço.-o homem chegou logo mandando meu pai sair de perto de mim.
Por algum motivo eu só não sabia o qual, eu sentia que nunca tinha visto meu pai. O médico começou a mexer na maleta e tirou alguns instrumentos medicinais para me avaliar, eu estava sentindo que minha força estava voltando pouco a pouco mais ainda estava imóvel para saltar ou correr daquele hospital. Depois de uns cinco minutos me avaliando o médico tomou espaço e a enfermeira começou a colocar aqueles fios novamente em meu corpo, foi ai que comecei a escultar o diálogo do médico e do meu pai:
-Sr.Robert eu tenho uma notícia boa e ruim para falar.-o médico parecia um tanto preocupado.
-Comece pela boa então!-meu pai sempre otimista.
-Sua filha está longe de perigo...
O sorriso do meu pai foi de orelha a orelha, ele me fitava e sorria como nunca:
-A má notícia...-o médico continuou. É que talvez ela não lembre de nada.
A expressão que meu pai fez foi de mal a pior:
-Como assim?-ele procurava entender.
-A pancada foi forte de mais. Nem era para ela estar viva.
-Posso conversar com ela?
-Claro, mais não deixe ela aborrecida está bem?
-Tudo bem!-meu pai fez sim com a cabeça.
-Judite vamos!-o médico ordenou para a enfermeira sair do local.
Quando os dois saíram o silêncio tomou conta do local, mais eu quebrei o gelo:
-Oi?-comecei.
Papai chegou mais perto e se sentou na cama comigo:
-Está melhor?
-Sim!-disse seco e reto. O que aconteceu pai? Porque eu estou aqui?
-Bom filha como posso te explicar...
-Bem do começo para eu entender tudo.-falei.
-Estávamos de viagem para Foxvil. Quando o avião entrou em turbulência, você foi para o banheiro mais a porta se trancou por dentro. Então começou a chover granizo, e uma pedra muito grande de gelo quebrou a asa do avião, caímos em um lugar vizinho a Foxvil. Não demorou muito para encontrarem os destroços.
-Nossa que história!
-Infelizmente só sobrevivel eu, você e mais três pessoas que estão fora de perigo.
Fiquei em silêncio por um minuto para relembrar das almas que foram levadas injustamente, então papai continuou:
-Passei todos esses anos trabalhando para o governo, recebia muito pouco para desenvolver o projeto. Mais depois que ele começou a funcionar me subiram de cargo...
-Espera!-interrompi. Todos esses anos? Eu estou nesse hospital a quantos dias?
-Filha você não está a dias. Você está a quatro anos!
Aquele afirmação me corroeu de uma forma estridente:
-Como isso pode acontecer?
-Filha tente se acalmar.
-Estou tentando, mais isso é inacreditável. Passar quatro anos dormindo!
-Você entrou em um coma profundo, todos os médicos não tinham nenhuma esperança. A pancada na cabeça que você levou foi tão forte que foi preciso fazer uma cirurgia...-ele parou.
-Continua!-ordenei.
-Bem todos mandaram eu desligar o aparelho para você dormir para sempre. Mais eu não fiz isso!
Tudo aquilo foi tão forte, eu estava com dezesseis anos. Minha droga de vida quase foi tirada, e eu não sabia quando iria sair dessa merda de lugar!
-Saí daqui pai.-pedi com carinho.
-Mais...
-Por favor preciso pensar um pouco.
Ele me deu um beijo no meu rosto, e deixou o cômodo. Lágrimas de raiva forçaram a descer sobre meu rosto. Tinha perdido quase metade da minha adolescência:
-Isso não pode estar acontecendo.-tentei gritar mais não consegui.
Levantei minha mão esquerda e vi algo estranho: Na palma estava desenhado uma espécie de cicatriz. Era média e era em formato de um círculo:
-Espera eu não tinha essa marca.

Alice, em virtude de um novo futuro.Onde histórias criam vida. Descubra agora