Amigos

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Nunca pensei que começaria a me dedicar a um sentimento tão profundo: à amizade. Eu, Nefertari e Pablo éramos uma espécie de irmãos, separados na maternidade é claro! Depois que Nefertari discutiu com Débora e deixou bem claro que ela queria se aproximar de mim, fiquei feliz e ao mesmo tempo confusa. Feliz porque desde a morte da minha mãe nunca havia me aproximado de alguém como fiz com a minha recente amiga. Pablo era o 'cachorrinho' particular da garota mais popular do colégio, ele era muito simpático e super nerd, fiquei contente em saber que tinha alguém para discutir assuntos sobre alguma matéria nova. Como eu me dedicava aos desenhos sempre via o mundo como uma dimensão esquisita, depois do acidente perdi tudo o que eu havia desenhado desde os dez anos de idade.

Estava eu deitada de bruços na cama do meu quarto, a luz iluminava todo cantinho do humilde cômodo, estava intediada e foi ai que eu resolvi desenhar um pouco para passar o tempo. Apalpei uma pequena lapiseira cor laranja que tinha um papel colado na parte superior com as minhas iniciais. Comecei com pequenos rabiscos, nada que desse para entender, foi ai que comecei a desenrolar o pequeno fio de lápis que passava por toda a folha branca. Senti um calafrio que correu por cada canto do meu corpo, resolvi sair da cama e fechar a janela de vidro que mais parecia uma mine-porta. Estrelas! Elas eram incríveis e assustadoramentes perfeitas, Deus havia feito um bom trabalho. Estava hipnotizada pelo poder colossal das estrelas, quando vi um meteorito riscando chamas pelo ar, ele havia entrado na atmosfera da terra e por mais inexplicável que parece ele vinha em minha direção.

Gritei em um som hiper agudo e tranquei a janela o mais rápido o possível, a minúscula rocha quebrou metade da janela e caiu pertinho de mim. Fiquei sem reação, ainda estava com as duas mãos no ouvido e sentada na parede perto do meteorito, cacos de vidro se espalharam por todo o quarto. Bufei freneticamente, não acreditei em que acabará de acontecer, era meio que impossível cair um meteorito dentro de um quarto. Com a mão trêmula arrisquei em tocar na rocha, ela não estava quente! Fiquei surpresa com aquilo. Coloquei-a na palma da minha mão, foi ai que vi os formatos: era parecido com um diamante, pontiagudo nos dois polos e bem vermelho. Que lindo! Pensei.

Havia tirado de dentro da minha gaveta uma espécie de correntinha, furei com uma faca uma das pontas do meteoro, e fiz com que se transformasse em um colar. De repente do nada tudo começou a girar dentro dos meus pensamentos, o que está acontecendo? Perguntei para meu subi-consciente, mais ele estava calado. Ouvi ao longe gritos, choros, sons estranhos estavam por todo o lado. Abri meus olhos e voltei ao meu quarto. Isso não aconteceu! Disse para mim mesma. Corri em direção a cozinha, desci dois degraus de uma só vez, precisava urgentemente de água.

Depois que meu rosto e minha boca estavam molhadas com o elemento vital na vida humana resolvi ligar para Nefertari e explicar o que ocorreu.
Não!
Meu consciente agora fucionou, desisti de falar com ela pensei duas vezes, e se eu contasse o que tinha acontecido em cinco minutos toda a cidade de Foxvil estaria aqui em casa revistando tudo. Até o FBI viria aqui. Uma coisa que eu aprendi foi não subestimar o poder de persuasão de Nefertari. Não havia ninguém em casa, meu pai passava a maior parte do dia trabalhando no projeto que não parecia ter fim, então resolvi comer algo e ir dormir as 19:30 da noite. Abri o armário e só havia macarrão instantâneo e alguns petiscos de gato. Esqueci de falar tenho um gato chamado Luk, ele é de uma espécie de gatos brancos alemães, papai disse que ele eram especiais. Só não sabia como! Peguei meu celular que estava no canto da mesa. Disquei o número de Nefertari e esperei por quatro segundos até que ouvi a voz da garota gritando com sei lá quem:

-Alice Forte, não estou acreditando que você está me ligando.-falou.

-Bom pensei...

-Garota é claro que vamos para o parque que chegou na cidade, já estou quase pronta e você?-a danada adivinhou meus pensamentos.

-Bom... Não.

-O que? Olha eu vou chegar ai em meia hora, nem mais nem menos.-falou desligando o celular.

Mau educada!-pensei.

Corri em direção ao banheiro, tirei a roupa molhada de suor e me deixei me levar pelas gotículas que caiam em toda a região do meu corpo. Cerca de quinze minutos depois eu já estava pronta, vesti uma jaqueta porque nessa época do ano fazia muito frio e uma calça preta justa. Amarrei meu cabelo longo e loiro em um 'rabo de cavalo'. Passei uma pequena camada de baton nos meus lábios e fui para a sala esperar que Nefertari e Pablo chegassem. Quando ia saindo do meu quarto me lembrei do colar que eu tinha feito minutos antes, voltei novamente para o cômodo e o coloquei ao redor do meu pescoço. Fiquei em frente ao espelho e achei lindo o brilho ofuscante da pedra vermelha.

Escultei um barulho de carro derrapando no gelo. Nefertari! Saí do quarto e andei até chegar a sala. Abri a porta e vi Pablo vindo em minha direção:

-Oi!-Disse ele meio que sem jeito.

-Acho que Nefertari está com problemas.-ri.

-Amiga dá próxima vez manda seu pai comprar um terreno mais próximo da cidade.-gritou ela dentro do carro.

-Vamos?-perguntou Pablo.

-Claro.

Girei a chave no trinco da porta, quando saímos de perto da casa senti novamente o calafrio de antes. Fechei os olhos.

-Você está bem?-perguntou Pablo.

-Sim só estou com dor de cabeça.-menti.

-Que colar bonito. Quem te deu?-perguntou Nefertari.

-Bem... Meu pai!-disse meio sem jeito.

Silêncio!

Nefertari acerelou o carro e pegou a estrada que ia em direção ao porto da cidade. Alguma coisa estava me incomodando com certeza, e Pablo estava percebendo.

Alice, em virtude de um novo futuro.Onde histórias criam vida. Descubra agora