Um plano idiota, o IML e os devoradores de almas

34 3 0
                                    

...E finalmente não imaginei que tudo fosse dar a maior merda, porque não era só eu nessa empreitada maluca com essas almas perdidas.

- Uau, que maravilhoso, agora não tem porque ela não ir no casamento, certo? - brincou Lex sorrindo muito, enquanto ouvíamos a garota pequena entrando pela porta da sala de provas.

- Não, não, não posso vê-la, só ouvir e muitas vezes eu finjo ser normal, até a ignorei quando entraram, até que percebi vocês conversando e não contive mais a empolgação - disse Charlotte.

- Bom, acho que hoje é um dia feliz pra todos hein? - disse Lex - Eu ganhei meu vestido, a moça desenvolvendo seus dons, você descobriu que tem mais pessoas com essa esquisitice - brincou enquanto tentava tocar o vestido.

- E vai mesmo fazer essa loucura pra ajudar sua amiga Lex, ou mehor Alexia ? - perguntou curiosa a atendente

- Lex, pra você amor... - interrompeu Lex.

- É o jeito né? Senão, ela vai casar toda descabelada e capaz que não me deixa em paz - conclui.

- Olha... posso ir com vocês? - Charlote perguntava enquanto segurava o celular.

- Claro!! - disse olhando pra Lex - algum problema pra você noiva cadáver? - exclamei brincando.

- Lógico que não, ficarei super feliz se este mané conseguir ter um par ao seu lado, não pega bem o padrinho sem par.

Estava feliz porque finalmente alguém ia me ajudar com minhas loucuras, eu não estava sozinho, era estranho pensar que havia uma garota maluca, toda patricinha que podia ouvir fantasmas, no fundo alguém VIVO me entendia. Então Charlote foi até o banheiro ao final do expediente e esperamos que ela saísse, enquanto eu comia uns pãezinhos no Chateau, um tradicional restaurante e cafeteria ao final da rua que localizava-se o ateliê onde ela trabalha.

- E, então podemos ir? - surpreendeu-me Charlote totalmente remodelada e com carinha de quem ia aprontar, daquelas patricinhas problemáticas que o pai deveria buscar na delegacia todo fim de semana.

Ao virar, limpando a boca suja de açúcar dos pães, pude vê-la por inteiro; estilosa, com uma saia preta, botas pequenas e camisete, com um estilo de boina, cabelos cacheados e escuros, mas com as pontas levemente mais claras, e aquele rosto era muito conhecido. Não me contive...

- Desculpa, mas eu te conheço de algum lugar?

- Sim, do ateliê seu idiota - completou Lex rindo bastante - e eu ainda não sei o que tem naquele porta malas hein...

Eu ignorei as brincadeiras de Lex, estava perdido olhando Charlote...

Ela também olhou-me por algum tempo, como se minha pergunta fizesse com que ela questiona-se o mesmo - te conheço de algum lugar 

Era ela... a mocinha do metrô. A que eu ignorei e tinha me achado bonitinho, e eu nem a reconheci toda arrumadinha naquele ateliê, então minha cara queimou de vergonha e fiquei meio sério...quando desabafei...

- O metrô!! - dissemos juntos, enquanto eu levantava para ficar de frente à ela e ambos sorrindo e olhando fixamente, imaginando - que mundo pequeno.

- Hummm, já vi tudo - pudemos ouvir Lex em tom de voz baixinho, sussurrando à garota.

- Posso escutar você também Lex - disse Charlote rindo um pouco e ficando levemente corada.

- Vamos nessa? - Charlote se animou.

- Invadir um necrotério, cemitério, sabe...coisas de quem fala com gente morta e adora se ferrar na vida, precisamos achar a Lex, antes dela ficar feia demais pras fotos do album de casamento - completei a piada.

As Memórias de um NecromanteOnde histórias criam vida. Descubra agora