Lá vem a noiva, toda de branco...

46 4 2
                                    

...Estacionei bem mal estacionado em frente à casa da mãe de Lex, estava tudo trancado, já era quase hora do almoço quando finalmente chegamos à civilização, combinei de deixar Charlote na casa dela, era um apartamento próximo da estação Americana, muito simples e aconchegante, esperei enquanto ela tomou banho, o grandão e dona Iolanda não saíram do carro, mas Lex andava de um lado pro outro olhando os detalhes do vestido, iguaizinhos o original.

- Você é incrível Charlote! - gritou uma pra outra em direção ao banheiro...

- Obrigado - ouvi abafado - já saio, só mais uns minutos, preciso estar à altura...

Quando a porta do quarto se abriu, Charlote desfilou devagar frente à Lex e o espelho da sala que era enorme, e então pude ver como ela é branca, estava usando aquele vestido perfeito, vermelho, com alça curta, luvas até o ante-braço em mesmo tecido, botas pretas e que faziam parecer que era uma personagem de historia em quadrinhos, com um arquinho segurando os cachos leves formados pela escova rápida, ela andou mais dois passos e eu pude notar o quanto era linda, os olhos dela eram enormes, contornados naturalmente e ela ainda havia passado o lápis, eram perfeitos. O cabelo levemente cacheado e os olhos atraentes, as mãos finas, delicadas, mas era forte, notei o caminhar, o rosto triangular, ela me lembrava um tanto a Kate Perry, mas não comentei com ninguém pra não ser idiota demais.

- Uau, que linda, certo Art? - exclamou Lex sem nenhum pudor enquanto puxou uma faixa tipo echarpe e enrolou na cintura da garota, dando um enorme laço.

- Realmente incrível! - respondi atônito para o fato de Lex poder mover cada vez mais objetos e mais tempo, alem da beleza quase surreal de Charlote.

- E então, estou à altura de Arthur Jasen? - disse Charlote me olhando parada no centro da sala.

- Assim que eu me arrumar, nascer de novo com um rosto mais lindo e etc... - respondi brincando.

Levantamos e saímos de volta ao carro, fumaceando saí dali pra casa, parei na Outlet no caminho, uma loja bem tradicional de roupas, comprei um blazer de couro e seguimos, entrei rapidamente e enquanto Charlote caminhou devagar pela sala desarrumada à procura de lugar pra sentar entre os livros e peças de roupa que eu recolhia, dona Iolanda seguiu até a sacada e disse em alto som

- Dona Gertrudes! A senhora aqui? Rápido Mario, olha nossa amiga...

- Que bom revê-la, tive medo que aqueles devora...ops aqueles bichos a encontrassem - disse evitando o termo que assustara Alexia antes.

- Não se preocupem, estarão seguros com meu neto, ele é iluminado - disse a velhinha fofoque..ops, minha avó querida.

- Vovóóóó - saltei sobre os móveis e passei pra sacada - nossa, que saudade, enfrentamos um monte de criaturas sinistras, deu medo de verdade...

- Calma meu querido, são anjos na verdade, mas com funções diferentes no nosso mundo, eles vem pra levar embora pra sempre quem abusa da energia que ainda tem e nega-se partir, incomoda, como espíritos zombeteiros, que derrubam as coisas, empurram pessoas, eles os levam embora para que não firam os vivos... mas são perigosos realmente, porque eles podem ceifar os vivos, retirando suas energias quase por completo, desfalecem, sufocam, sentem dor, a companhia da tristeza e do desespero é a única coisa que sobra.

- O Arthur enfrentou uns quatro ou cinco deles quando amanhecia hoje - disse Charlote chegando na porta e olhando a luz que irradiava da onde minha avó estava.

- Não acredito Arthurzinho, seu jaguara - disse tentando me abraçar, falando como sempre falava em vida...

- Afinal, da onde conhece a dona Iolanda e o senhor Mario? Como? E estes bichos, essas criaturas? Não tem medo Vovó? - aflito perguntei.

As Memórias de um NecromanteOnde histórias criam vida. Descubra agora