Capítulo 4

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Já fazem 6 anos desde a morte do Lucas e eu ainda sinto que a qualquer momento, quando eu acordar para o café da manhã, verei ele sentado à mesa, dizendo com todo carinho o quanto sou importante pra ele e o quanto me amava.

Lembro do dia em que o conheci. Estava desesperada por estabilidade, procurava um lugar que fosse meu lar, do meu jeitinho, com as minhas características, e o Lucas foi indicado por uma amiga, por sua fama de bom arquiteto. Ele projetou nossa casa e construiu em mim um sentimento que mais tarde viria se concretizar. Tínhamos planos, e esses planos nunca mais farei com ninguém, pois sinto que há 6 anos atrás uma parte de mim morreu, fiquei pela metade e agora não consigo mais sentir nada comparável ao que sentia pelo Lucas. Meus instintos vingativos continuavam ali, esperando a hora certa para o acerto de contas.

- Dra. Bruna, temos uma nova paciente, ela pode entrar?

Vagando pelos pensamentos, esqueci até que estava no consultório.

- Pode mandar entrar.

Sentei-me de costas na cadeira giratória e esperei que a paciente entrasse, logo percebi que alguém batia a porta.

- Pode entrar!

Me virei e estendi a mão para a paciente que ainda estava de pé.

- Sente-se, por favor, fique à vontade.

Ao ter contato com meus olhos, a mulher alta e magra simplesmente se assustou e me olhava como se estivesse vendo um fantasma. Muito assustada, começou a suar muito.

- Você quer uma água?

- Eu... eu acei... to.

A voz estava trêmula. Imaginei que ela poderia estar passando por um momento de forte depressão.

- Os psicólogos não mordem, pode ficar tranquila, nós só vamos conversar tranquilamente, sem julgamentos.

Ela permanecia imóvel e evitava os meus olhos.

- Para começar, pode me dizer seu nome?

- Me chamo Isabele.

- Muito bem Isabele, como você já deve saber, eu sou a Dra. Bruna Reis, daqui pra frente pode me considerar uma amiga. Pode me falar um pouquinho sobre você?

- Eu não sabia que a psicóloga que me encaminharam era você, e é por isso que eu vou embora daqui agora mesmo.

- Como assim Isabele?

- Tchau, Bruna!

Me assustei com a saída repentina da Isabele do meu consultório, ela falou como se já me conhecesse de algum lugar.

- Ela saiu correndo doutora, o que houve?

- Eu não sei o que há com ela, mas já estou vendo que será uma paciente muito complicada.

Continuei os atendimentos, mas as vezes ainda mergulhava nos meus próprios conflitos. Agora não vivia apenas pela psicologia, vivia também pelo sentimento de vingança que não saía de mim e não vai sair até ser saciado.

De Frente Com O Seu Pior PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora