4 dicas de escrita

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Eu não sou o escritor que eu gostaria de ser e nem acho que vou chegar lá tão cedo. Ainda assim algumas pessoas me pedem por dicas e coisas desse tipo. A maior parte nem é tão mais nova do que eu, alguns tem a mesma idade e outros são mais velhos. Eu não tenho uma receita de bolo acerca de escrita e como as coisas deveriam ser feitas ou um daqueles textos longos sobre "Como ser um escritor". Eu tenho apenas aquilo que me motiva como escritor e se isso ajudar alguma pessoa, valeu.

1 - Ser absurdamente obcecado e devoto. Eu sou da opinião de que a escrita é uma religião, uma coisa sagrada. A pessoa desejosa de se tornar um escritor deve mergulhar em tudo o que seus predecessores já fizeram, se interessar acerca de cada aspecto ou técnica que já existiu. Usá-las ou não é periférico. Um autor deve conhecer mais livros do que o leitor comum, acumular versos de memória, entender a função de cada coisa e nunca se dar por satisfeito. Você nunca irá conhecer demais. Por exemplo, se você quer escrever literatura juvenil, procure conhecer a história do gênero, quais foram os autores mais importantes e o motivo disso, leia, por exemplo, "A Ilha do Coral" e busque compreender onde ele se encaixa no grande plano das coisas. E isso se aplica a tudo aquilo que você quiser na vida, desenhar, pintar, cantar. Seja obcecado.

2 - Saiba estabelecer um ponto de vista. Um problema que autores iniciantes demonstram é não ter um ponto de vista firme - e isso leva a flutuações bem irritantes. Escolha um ponto de vista e se atenha a ele. Claro que você pode tentar escrever Trainspotting um dia, mas mesmo nesse livro os milhares de pontos de vista são bem delineados. Acompanhe o seu personagem de perto, bem de perto.

3 - Encontre a sua própria voz. Isso não quer dizer que você deve fazer experimentos pós-modernos e coisas do tipo, isso morreu. O que eu digo é: Seja fiel a você mesmo. Não tente escrever Game of Thrones se você for muito bom em escrever coisas engraçadas. Ou o contrário. Descubra quais são seus pontos fortes e invista neles. Pode ser em descrever coisas, sentimentos, personagens. Até mesmo piadas de pum podem ser interessantes se você souber como fazê-las. Pelo menos foi isso o que eu aprendi lendo Artemis Fowl.

4 - Clichê: Leia. Muito. Demais. Um autor precisa de conteúdo para estofar aquilo que pretende colocar no papel. Por favor, por favor, por favor, não seja uma daquelas pessoas que visitam sites de citações na internet e usam pedaços randômicos de Shakespeare como epigrafes. Se você quer usar Shakespeare, Neil Gaiman ou Paulo Coelho, tudo bem, mas conheça aquilo. Cada autor lhe dará um novo ponto de vista acerca do mundo e de como pessoas diferentes vivem coisas diferentes. Isso é o milagre da ficção. Gostar de escrever num caderno ou blog não é garantia de que você tenha tudo pronto para colocar para fora, leia, observe e aprenda com aqueles que são melhores do que a gente. Por exemplo, se eu quisesse escrever uma história juvenil, eu procuraria "Mulherzinhas" de Alcott ou "O Apanhador no Campo de Centeio" de Salinger, eles estiveram por lá antes de mim, sabem das coisas.

5 - Não acredite muito em elogios de amigos ou comentários muito gentis. Seu trabalho nunca é perfeito e lindo e maravilhoso - independente de o quanto sua mãe argumentar o contrário. Tenha calma e paciência para receber críticas diferentes daquilo que você desejava. Guarde o que ouvir e use para melhorar. Nunca brigue ou xingue - isso é deselegante e você pode ser melhor do que isso. Aguente, coloque a toalha nas costas e vá desbravar a galáxia.

E por último: Crie suas próprias regras. Trabalhe muito e um dia você terá uma lista interna daquilo que funciona para você. Essas são algumas das coisas que funcionam para mim - eu tenho mais umas mil, mas é porque eu sou metódico nas minhas manias e regras. Então, é isso. Até mais.


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