O acidente

44 2 0
                                    

Quando eu acordei, Marcelo ainda estava dormindo, me levantei e me arrumei, e o acordei para irmos tomar o café da manhã, o dia estava muito bonito, o céu estava azul sem nenhuma nuvem, o sol estava brilhando e o vento estava refrescando o calor que fazia naquele manhã. Olhamos a programação do resort e decidimos fazer uma caminhada com os outros hospedes, quando estávamos na metade da trilha eu comecei a senti um calor fora do normal, então sentei em uma pedra para descansar, falei com Marcelo para ir na frente e logo mais o encontraria junto com os demais. Quando eu recuperei o fôlego, eu desci a trilha e avistei o pessoal, ficamos conversando com alguns instrutores e hóspedes que estavam por ali. Quando terminamos a trilha, eu fui até o quarto para tomar um banho, desta vez lembrei de trancar a porta, não queria correr o risco de Marcelo entrar novamente e acabar fazendo o que ele tinha feito na noite passada. Fiquei em um bangalô que ficava de frente para o mar, até dar o horário do almoço, eu e Marcelo, combinamos de ir fazer mergulho com o instrutor depois do almoço. Eu não tinha visto o Marcelo desde de manhã, eu não me preocupei, então fui até o restaurante e o encontrei conversando com uma moça, quando ele me viu, logo foi me puxando pelo braço me apresentando para tal menina, e disse:

- Tina, essa é minha irmã, Savanah! - Ele disse com prestígio. Eu apenas dei um sorriso e a cumprimentei. Esperei que eles terminassem de conversar então fomos almoçar, eu estava com muita fome, já que gastei todas as energias do café da manhã na trilha. Do nada o tempo começou a fechar, algumas nuvens pesadas começaram a surgir, o céu estava escuro, o instrutor foi até a nossa mesa e disse que não era boa idéia fazer o mergulho pois seria perigoso se chovesse, então voltamos para o quarto e ficamos assistindo alguns programas de televisão, eu acabei pegando no sono, quando acordei, dei um pulo da cama e fui correndo para o banheiro. Sentei no vaso sanitário e quando olhei para minha calcinha, vi que minha menstruação tinha descido, fiquei bastante aliviada, pois estava preocupada, já que eu e o Estevão não estávamos usando proteção alguma, e eu não estava tomando remédio. No dia seguinte a chuva tinha ido embora e tempo estava estável. Eu e Marcelo alugamos bicicletas para fazermos aquela trilha do dia anterior, na ida foi super tranquilo, fomos até um almirante que havia na ilha, era lindo, a paisagem, tudo, na volta era apenas descida, mas a terra estava úmida, por conta da chuva... Mas não liguei, então soltei o freio pois Marcelo queria apostar corrida, mas eu comecei a me sentir mau, e minha vista apagou, quando eu voltei, vi que Marcelo estava me carregando nos seus braços, eu sentia muita dor no corpo, eu estava sentindo dificuldade para respirar, pois minha costela esquerda doía muito, eu não conseguia falar de tanta dor, ouvi muitas vozes, e quando tentei me levantar do lugar que me colocaram eu desmaiei novamente, eu devo ter ficado alguns minutos inconsciente, pois quando abri os olhos eu já estava no barco do Marcelo, ele me olhou e disse que era para mim ficar calma, que estávamos chegando no hospital. Fechei os olhos e não conseguia pensar em nada além da dor insuportável que eu estava sentindo, no corpo, parecia que eu havia sido atropelada por um caminhão enorme várias vezes. Quando chegamos no hospital, me colocaram em uma maca, eu gritava de dor e uma das enfermeiras perguntou ao Marcelo o que tinha acontecido. Ele disse que estávamos fazendo uma trilha de bicicleta, e que eu perdi o controle do freio e cai de um barranco, e só parei de rolar quando bati contra um paredão de pedras rochosas. Eu fui levada até uma sala, acho que era sala de cirurgia, pois senti que colocaram uma mascara de oxigênio em mim, e em alguns segundos eu dormi. Quando eu acordei, eu já estava no quarto, e ainda sentia muita dor, ao olhar para o lado vi meu pai, e ele estava me observando, cheguei até tomar um leve susto, então ele veio até a cama e disse para eu me acalmar e me perguntou se eu sentia alguma dor, respondi que "sim", então ele saiu para chamar a enfermeira. Quando ele saiu, Marcelo entrou e disse:

- Loira, você é osso duro de roer - Ele disse rindo da situação, ou estava rindo de mim.

- O que aconteceu, eu não lembro de nada, só lembro que caí, depois disso eu apaguei.

Ele me explicou tudo o que aconteceu. Quando ele terminou de falar, meu pai entrou no quarto acompanhado pela enfermeira, quando ela terminou de me medicar, o médico entrou e disse:

- Mocinha, você é bem forte, o último caso que vi semelhante ao seu, o rapaz não agüentou a cirurgia. É um milagre o bebê estar bem.

- O que ? - Perguntou meu pai, Marcelo e eu

- Você não sabia ? Você está grávida de poucas semanas ou até mesmo dias. Fiquei surpreso ao saber que o feto resistiu a esse acidente. Vai ser um guerreiro.

- Mas doutor, minha menstruação desceu! Isso é impossível - Eu disse tentando entender aquilo tudo.

- Bom, isso pode acontecer, mas de qualquer forma entrarei em contato com um especialista nesses casos. Fique tranqüila, seu bebê está bem! - Ele disse sorrindo, enquanto saía do quarto.

- Meus parabéns! - Disse a enfermeira enquanto acompanhava o médico.

Eu estava em choque, meu pai não dizia uma palavra. E Marcelo não perdeu a oportunidade para perguntar:

- Esse filho é de quem ? - Ele disse com um semblante sério. Nesse mesmo momento meu pai levantou a cabeça esperando uma resposta, ele estava com ódio no olhar, eu simplesmente deitei minha cabeça no travesseiro e não disse nada, pois tive medo do que meu pai falaria. Eu já era maior de idade, mas meu pai ainda me via como a "menininha do papai". Fiz alguns exames e depois de alguns dias em observação fui liberada, meu pai me levou até em casa, e ele ficou por lá, eu estava cansada demais para discutir esse assunto. Então deitei no sofá e chorei até pegar no sono.

CONTINUA...

A menina do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora