1- O acaso

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"Eu nunca abri meu coração para ninguém, mas no momento estou disposta a mergulhar neste amor."
A pressa é inimiga da perfeição, é o que eu estava conversando com a minha terapeuta, não que eu seja louca e precise de um terapeuta para me ajudar com problemas da minha vida, gosto de desabafar. Ela me disse que tenho o pensamento bem amadurecido para uma garota de 14 anos, mas aparentemente quase ninguém enxerga isso.
Vivia um momento da minha vida de extrema importância, estava preste a me formar no ensino fundamental e estava cheia de expectativas e desejos. Mas definitivamente, "amar" não estava nos meus planos.
Sim, tive inúmeras decepções "amorosas". Mas não somente com homens. Sim, cai na tentação de cair nesse mar sem volta que é a sedução de mulheres mais amadurecidas. É diferente, mulher tem um jogo de sensualidade, prazer, olhares, mas mulher definitivamente é um bichinho complicado, não falo isso só porque me envolvo com elas, é porque sou uma.
Minha vida não estava lá aquelas coisas, tinha acabado de sofrer um pouquinho por causa de Raquel, mas nada de mais, não dei valor então perdi. A verdade é que nunca na minha vida eu me apaixonei verdadeiramente por ninguém.
Bom, mais uma vez dezembro chegou, dessa vez cheio de novidades formatura, colação de grau, festas, Natal, família, minha vida estava extremamente agitada.
Mas enfim, não estou aqui para contar sobre as frescuras de vestido e maquiagem de formatura.
Nunca liguei exclusivamente para essas coisas, salto alto, maquiagem, vestidos e tudo mais, sempre fui um menino praticamente, como diz a minha mãe "eu acho que você nasceu com o sexo errado".
Sempre estou com a minha boa e velha calça jeans, uma camisa preta e o meu tênis vermelho, não vejo necessidade de ficar horas me arrumando para ver as mesmas pessoas, só me arrumo quando vou sair ou tenho algum evento.
Ando pensando muito no meu futuro ultimamente, tenho varias propostas para cursos profissionalizantes mas ainda não sei o que quero para a minha vida, tinha pensado em fotografia ou arquitetura porque sempre fui fascinada por arte. Mas como a minha mãe sempre achou que o ramo artístico não da dinheiro, pensei em fazer um curso somente para sair de casa e não ficar sem fazer nada a tarde como geralmente fico. Então, pensei em fazer um curso de web design numa ONG perto de casa, tudo bem que é uma ONG ligada a igreja e eu odeie as regras que são impostas mas como dizem para mim, a gente tem que aprender a lidar com o diferente, certo?
Então fui fazer a prova para tentar entrar no curso, mas a prova não era nada de mais, apenas continhas de vezes e dividir e perguntas óbvias, só para testar se somos alfabetizados.
Definitivamente, eu nunca poderia imaginar que este local iria revirar a minha vida de cabeça pra baixo.
No dia da prova, cheguei do colégio e corri para o banho. Minha mãe como sempre me apressando, pediu para eu ja me trocar se não eu iria perder a prova, então peguei a primeira roupa que vi na minha frente, uma camisa preta que eu odeio, uma calça jeans preta e um AllStar vermelho. Sim, totalmente fora de moda e senso, mas não queria agradar ninguém lá, só queria fazer logo essa prova e ir embora.
Almocei rapidamente e fui para o local da prova acompanhada de minha mãe.
O curso era religioso, ou seja, esperava ver vários jovens certinhos e enjoados. Que nada! Tinha varias pessoas da minha idade e de todo o tipo, sempre fui naquela igreja mas nunca na parte dos cursos, achei logo de cara que iria me adaptar bem.
Logo quando entramos o padre veio falar conosco, dar boas vindas e falar para nos dirigir ao salão a esquerda.
O salão era imenso, cheio de cadeiras de cor vinho de plástico, um palco grande com uma parede branca de fundo, onde estava sendo projetado um vídeo com fotos dos estudantes de lá.
Logo sentei-me atrás de um "casal", mas não tinha reparado nos dois. Até que... A menina que estava na minha frente virou e olhou para o fundo do salão, aparentemente estava esperando alguém se pronunciar.
Assim que olhei para ela, senti uma coisa que não sei medir e nem explicar, só senti meu coração batendo mais forte e eu provavelmente estava com uma cara de idiota.
Ela era linda, cabelo preto levemente repicado, lado direito da cabeça raspado estilo side-cut, boca pequena, olhos brilhantes e castanhos, ela estava com um óculos rayban preto.
Fiquei olhando para ela sutilmente, sem que minha mãe e nem ela perceba. Até que, olhei para a mão dela e... Adivinha? Aliança. Exatamente, ela namora, suspeitei que o menino que estava do lado dela seria o suposto namorado.
Nem me impressionei muito, só queria saber o nome dela, porque nunca vi uma menina com uma beleza igual a dela.
Após 30 minutos sentada e praticamente babando na menina, a coordenadora se pronunciou, primeiramente agradeceu a presença de todos e falou um pouquinho a respeito dos cursos, que seriam cursos gratuitos e essa prova era simbólica e extremamente simples, apenas para verificar se nós éramos alfabetizados e se saberíamos executar as 4 operações simples de matemática.
Logo após dessas baboseiras todas, ela disse que iria separar todos em duas turmas. Teria mais ou menos umas 180 pessoas que iria fazer a prova, e eu rezando para que a menina bonitinha caísse na minha sala, pelo menos para eu descobrir o nome dela.
Mas como eu estava com uma puta sorte, a coordenadora dividiu por ordem alfabética, uma sala ficou com a letra A até a G e a outra sala com o restante. As vezes me pergunto, porque minha mãe colocou meu nome "Anne"? E pra variar, perdi a chance de conhecê-la, mas pelo menos tive uma informação, quando a coordenadora falou "Nomes que começam com a letra T" ela levantou e se dirigiu a fila.
Ok, nomes com "T":
Thaís
Thabata
Tatiana
Tatiane
Tâmara
Etc...
NÃO TEM COMO EU ADIVINHAR.
Então, me dirigi a sala da prova, chateada por não poder conhecer a menina, mas... Quem sabe ano que vem quando começar as aulas no curso, ela não faça parte do período da tarde? E talvez eu passe a ser pelo menos amiga dela? A vida é feita de oportunidades, quando perdemos uma, as vezes ganhamos outra.
Fiz a prova, estava fácil demais, menos o simples fato de eu ter me embolado na redação, nunca gostei de escrever então... Me desculpe se eu esquecer de contar algum fato, porque sempre quando penso nessa menina, parece que... Eu esqueço de tudo.
Quando fui entregar a prova, eu teria que assinar uma lista que teria o meu nome, pois é teria, meu nome não estava na lista, o inspetor vasculhava as listas e não encontrava, e com isso fui tentando ver as letras "T", mas era impossível, nunca vi tanto nome de mulher com T.
Perdi as esperanças, o que for para ser será, se for para ela entrar na minha vida ela vai entrar de vagar, sem pressa, se não entrar, não era para ser.

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Meu primeiro e estranho amorOnde histórias criam vida. Descubra agora