Isla

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Pressiono os meus lábios gretados no cigarro que seguro com dois dos meus dedos frágeis. A minha mão treme como o resto do meu corpo graças ao frio que se encontra na atmosfera, sugo o cigarro com força e deixo o fumo dançar na minha boca por uns segundos, tiro o cigarro da boca e abro-a para expelir o fumo que lentamente se dissolve no ar.
Esborracho o cigarro na parede num ato aborrecido e deito o ao chão. Merle desvia a franja preta de cabelo espesso da frente da cara enquanto fuma o seu cigarro calmamente, hoje baldamo-nos à aula como fazíamos habitualmente as sextas feiras.
- Merle? - ele desvia a atenção do cigarro e fixa o seu olhar em mim.
- Esse é o meu nome, Is.
- Eu sei. Dás-me outro cigarro? O meu morreu - explico, enquanto ele fixa o seu olhar em mim.
- Se continuas a fumar assim quem morre és tu, Is.
- Tanto faz. É a minha vida, faço o que quero...
- Mas também és a minha Sis, e eu não te quero morta.
Gargalho.
- Desde quando é que te importas?
- Eu importo-me, desde o momento em que começas-te a agir desta maneira.
Fito-o muito irritada.
- Quem és tu para me dar um sermão? Tu também fumas, também bebes..
Não consegui acabar porque ele me interrompe.
- Exato. Eu sou assim. Tu não.- ela olha para o chão.- o que os teus pais vão achar disto?
- Bem eles não percisam de saber.
- Acredita eles vão descobrir, a escola vai telefornar-lhes a perguntar porque tens faltado às aulas.- nunca tinha pensado nisto. O sangue gelou-me nas veias ao pensar no choque para a familia Versteeg se descobrissem a verdade atrás da sua filha perfeita.
A minha pulsação começa a subir e eu começo a ter dificuldades em respirar.
O último vislumbre que tenho é de Merle a correr para mim.
                                 ***
Abro os olhos e sinto-me tonta , vejos os olhos pretos de Merle fitarem-me, a sua cara transborda de preocupação e panico:
- Merly ? - pergunto com a voz rouca.
Ele ri-se , consigo sentir toda a preocupação abandonar o seu corpo e os seus musculos e nervos relaxarem por baixo da sua pele morena, para alguém que fuma e bebe Merle estava em boa forma.
-Estive quase a levar-te para o hospital, sabes? - diz passando a mão pelo cabelo.
Tu juras-te que não o fazias ... - digo com a voz rouca.
- E não fiz . - diz levantando -se e sacodindo os seus jeans de ganga.
- Se me tivesses levado eu tinha te morto, sabes disso certo?
- Claro... - diz retirando um cigarro e acendendo-o lentamente levando-o á boca.
-Obrigada... Merle pisca o olho de forma amigavel como que dizendo " não te preocupes". Levanto-me do chão frio e sacudo o rabo com as mãos, caminho na direçao dele e paro na sua frente como uma estátua, ele franze o sobrolho ainda com o cigarro na boca, tiro-lhe o cigarro rapidamente e levo-o à minha boca, um sorriso dança-me nos lábios.
Sugo o fumo do cigarro mais uma vez e retiro-o da boca calmamente, um silencio mantem-se entre mim e Merle, ele fita-me e eu mergulho nos seus olhos pretos sem desviar nunca o olhar, deixo o fumo escapar pelos meus labios e sorrio maliciosamente recolocando o cigarro nos lábios de Merle e virando-me para apanhar a minha bolsa e ir embora para casa.
Quando chego a casa, tiro uma chave debaixo de um tijolo solto do jardim, pois tinha perdido as minhas.
Ao abrir a porta um odor a rosas e canela invade o meu nariz. Aquele cheiro já me era familiar, mas não deixava de ser enjoativo.
Dirijo-me à sala e o meu pai estava a ler um jornal perto da lareira. Vejo-o a agitar os bracos antes de mudar de página.
Dirijo-me ate ele e dou-lhe um abraço apertado. Ele retriubiu o meu gesto com um beijo na testa.
- Pai?
- Sim, Isla?
- Posso ir a uma festa?
- De quem é essa tal festa?
- Da Janine- minto, já não falava com ela à muito tempo. Nem pretendia voltar a falar.
- Eu acho que sim, mas fala primeiro com a tua mãe.
- Muito obrigada, papi.
Vou para a cozinha, pois sei que é lá que a minha mãe se encontra.
- Mãe?
- Oh. Olá, Isla. - ela anda na minha direção e beija-me a bochecha. - como estás?
- Ótima! Posso ir a uma festa da Janine?
- O teu pai deu permissão?- aceno com a cabeça- então sim. Mas quero-te em casa as 23 horas e isto so proque amanha e fim-de-semana.
- Obrigada! Eu vou dar uma volta e depois arranjar-me.
Ela sorri num gesto de encorajamento. Antes de alcançar a porta, abro a mala da minha mãe e tiro duas notas de 20 euros e uma de 5. Nos somos ricos ela não ia sentir falta deles. Fiz a mesma coisa ao meu pai, mas a ele tirei apenas 30 euros. Como já tinha vinte euros comigo presumi que aquilo chegaria para comprar o que eu quero.
Enfio o dinheiro no bolso de tras, nao me apetecia carregar a minha bolsa atras, saio porta fora, como sabe bem ter ar puro a infiltrar-se nos meus pulmoes ! Fecho a porta e corro pelo jartim até ao portao de saida.
Quando finalmente saio de perto do terreno dos meus pais dirijo-me para uma ruazinha estreita e escura a onde a minha loja preferida se encontra, o tipo de rua a que os meus pais chamam de "casa de sem abrigos e drogados" e o tipo de loja que perante eles " só vende roupa de prostituta ".
Entro na loja e um sininho toca, como sempre. Uma música ambiental estava a passar, como sempre. Jeff, um dos empregados, comprimentou-me com uma piscadela, como sempre.
Andei para o lado de roupas de mulher e ao fim de algum tempo a procura acabo por escolher um vestido negro justo e com decote em V. Era perfeito. Nem muito comprido, nem muito curto. Escolhi também um colar prateado. Olhei para os preços custavam 70 euros ao todo, eu podia baixar o preço com alguns truques meus.
- Ola boneca- diz o Jeff quando me vê à sua frente para pagar.
- Oi Jeff- disse numa voz sedutora- este vestido esta um pouco caro, achas que me podes ajudar?
Ele olhou para mim de alto a baixo e sorriu.
- Claro que sim, mas já sabes o preço a pagar.
Claro que sabia, não era a primeira vez que ali estava. Foi para trás do balcão ter com ele e comecei a brincar com o seu bigode encaracolado.
Puxei-o pela gravata para trás da cortina, que dava para a parte traseira da loja.
- Então, que queres desta vez?
- Tu, naquele vestido.- diz apontando para mim e para o vestido alternadamente.
Eu sorri-lhe e acenei, ele voltou para a loja para eu me trocar. No final, eu voltei a puxá-lo para as traseiras.
- Parece que a menina rica se sabe vestir!
Calei-o encostando os meus lábios aos dele, brinquei um pouco com a minha língua e ele levou a sua mão ao meu rabo.
Aquilo foi um pouco enesperado mas eu continuei, se queria dinheiro para as bebidas era necessário deixar aquele ótario feliz.
Depois de um beijo prelongado ele beijou-me o pescoço e começou a descer uma das alças do vestido, percebi o que ele queria mas não ia descer tão baixo afastei a mão tentando faze-lo mudar de ideias e voltei a beija-lo cada vez mais arduamente.
No final da sua brincadeira eu voltei a vestir a minha roupa e volta-mos para a loja.
- Então,quanto desce o preço?- pergunto mordendo o meu lábio inferior. Inclino-me para ele e beijo-o outra vez. Separei-me dele mas ele não estava satisfeito.
- Já sabes que não me podes beijar à vista de toda a gente.
- Oh...  Mas eu não resisti. - digo fazendo uma voz muito inocente.
- O preço total desce dez euros. - senti o seu tom ligeiramente irritado por eu ter recusado aquilo que ele mais queria.
Fiz um cra incrédula.
- O que foi, criança? Achas que eu sou como tu? Que alguns beijinhos bastam?
Dei-lhe o dinheiro e sai dali. Ao menos ainda sobravam 40 euros.
Deixo a loja, e pentei-o o cabelo com os dedos.    
Quando avisto a casa onde a festa estava a decorrer ligo a Merle para vir ter comigo.
Olho para a estrada enquanto espero e sinto o vento embater na minha cara emaranhando os meus cabelos, consigo ouvir a música mesmo com o som dos peneus em contacto com o asfalto a tentar abafa -la.
O carro preto de Merle abranda e ele abre me a porta em movimento corro na sua direção e entro fechando a porta.
- Ainda decente ? - pergunta Merle fitando me de esguelha.
- Engraçadinho .... Já comprei o vestido. - digo abanando o saco na sua cara. - Agora só preciso de me mudar.
- Devias te-lo feito na loja . - Diz Merle tamborilando no volante com os dedos.
- Com o pedofilo do Jeff lá ? Nem pensar. - digo .
- Pois, como se eu não soubesse que andas te a seduzi lo para te baixar o preço .... - sorrio.
- Conheces me tao bem , Merly !Mas desta vês ele estava a começar a abusar.
- O que e que ele fez?
- Detalhes que não precisas de saber,  seu prevertido. Não olhes, vou me mudar ali atrás. - com isto levanto me do meu assento e passo a perna para o banco de trás e depois a outra.
- Hey , Is?!
- Sim , Merly ?!
- Tira o rabo da minha cara!
Rio e sento-me no banco de trás , tiro a t-shirt e depois as jeans ficando, apenas de cuecas e sutiã, retiro o vestido do saco e esforço-me para caber lá dentro, o vestido acentua as minhas ancas e o meu peito de forma provocadora, ajeito o vestido para baixo e volto para o assento da frente, abro a portinha dos documentos do carro e retiro a minha bolsa de maquiagem que Merle guarda.

Noami, Isla & SkieOnde histórias criam vida. Descubra agora