CAPÍTULO 1

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                                                                                         ADAM


Abro primeiro um olho e após longos segundos o outro, as luzes me incomodam, minha cabeça martela como se uma banda de heavy metal estivesse tocando em minhas têmporas um solo infernal de guitarra.

Nunca mais eu vou beber desse jeito, definitivamente encher a cara não combina comigo, eu passei 35 anos sem tomar um único porre e agora eu constato o real motivo: Eu sou um cara inteligente, eu estava certo em manter a sobriedade.

O gosto de guarda chuva molhado na boca, os músculos do corpo doloridos como se tivessem sido triturados na máquina de moer. Enfim, toda essa tortura pós-bebedeira, definitivamente não é pra mim.

Levanto em direção ao banheiro, andando como um velho de 80 anos e quando olho o relógio despertador ao lado da minha cama, um golpe de adrenalina toma o meu corpo como um ataque feroz de mil enguias.

Eu estou atrasado, CARALHO, EU ESTOU FODIDAMENTE ATRASADO!!! Eu grito a todos os pulmões este e mais outros palavrões bem originais.

 MINHA SANTA MERDA! Certamente eu já fui ouvido por todos os meus irmãos em nossa casa, surpreendentemente quieta nas primeiras horas da manhã.

Tomo um banho correndo, visto o meu uniforme ajeitando rapidamente o coldre no cinto e sigo até a cozinha.

Deposito a arma na bancada de mármore e encaro com raiva o meu irmão Hunter, que pelo visto ou acordou cedo, ou chegou em casa agora.

Um filho da puta notívago, isso sim que é o Hunter, não sei como ele consegue viver nessa merda, mulheres, bebedeiras, Harleys Davidson potentes, não necessariamente nessa mesma ordem.

Esse merdinha, mais novo dois anos do que eu, me observa com um risinho ridículo em sua cara de bad boy.

- Velho você está péssimo, cara! - Ele estende uma caneca de café e uma torrada besuntada de manteiga de amendoim.

- Bom dia pra você também, Hunt. - Devolvo o seu olhar debochado com uma carranca no rosto.

- Um ótimo dia meu brother, quer uma aspirina?

E estende um comprimido para mim, eu reluto em admitir a minha miséria matinal, mas aceito.

- Hunt, eu estou atrasado para o trabalho, acredita nisso? Eu nunca me atrasei.

Ele concorda sacudindo a sua cabeçorra de boxeador quase raspada e completa.

- Também nunca tomou um porre, posso te ajudar em alguma coisa?

- Não, tá tudo bem, eu já vou indo.

Quando eu já estou chegando à porta, Hunter grita, me fazendo voltar em sua direção.

- Abra a mão, Damy Boy.

Eu abro a mão de cara fechada, Hunt sabe que eu odeio esse apelido ridículo, afinal, eu sou ou não sou o irmão mais velho desta merda de família?

Ele me dá a língua, comportando-se infantilmente como um grande bebê ogro, e me entrega a porra da minha arma e o meu distintivo.

Realmente a minha cabeça tá uma merda, ele sorri e eu agradeço.

OS DESGARRADOS: Livro 1 "PROTEGER"- DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora