Não Demore a Perceber

Encontro

Sexta-feira. 21h38. Aula de Teoria da Comunicação. Hoje não queria voltar para casa direto, afinal, eu moro sozinha e não tenho com o que me preocupar. Não tenho filhos, não devo mais satisfação aos meus pais, então eu queria mesmo era ir talvez a um barzinho com a galera.

Chamei a Larissa, Carolina, Mariana e o namorado dela, Arthur que fazia engenharia no campus ao lado e o meu melhor amigo, Thiago. Eu não sei o resto do mundo, mas eu com certeza tinha o melhor amigo de todos.

Conheci o Thiago na sexta série da escola, sempre fomos muito amigos. Meus pais o adoram! Nos momentos que eu sempre precisei, ele esteve lá comigo, ele faz Relações Públicas, e eu Jornalismo, normalmente nossas conversas são totalmente discursos filosóficos ou colocar fofocas em dia. Carolina é minha prima, ela está no 3º ano de Publicidade. Ela só sabe falar o quanto ela é apaixonada pelo garoto da sala dela chamado Marcelo (até que ele é de se apaixonar mesmo). A Larissa e a Mariana são da minha turma na faculdade, e nos damos muito bem. Saímos sempre juntas, e todos dizem que somos o "quarteto fantástico", onde uma vai, a outra está atrás.

Saímos todos praticamente no mesmo horário e fomos para o Tico's, era um barzinho pouco famoso perto do campos, mas que nós adorávamos. O dono do bar, o Sr. Omar já nos conhecia e já sabia o nosso pedido para aquela sexta-feira: Cerveja bem gelada!

Estávamos na mesa conversando e rindo muito da Carol falando sobre Marcelo, que ele era lindo, muito inteligente, e entre outras mil qualidades, quando o som da campainha que fica acima da porta no restaurante tocou e me chamou a atenção uma galera que entrava e um menino de olhos verdes, cabelos pretos estilo topete, que estava de camisa, calça e tênis estava junto e que quando me olhou começou a me encarar.

Mariana estava do meu lado, a cutuquei e perguntei (já que ela conhece todo mundo):

- Quem é o de camisa? - sussurrei.
Ela se vira para ver de quem estou falando. - É o Lucas da RP. Ele é lindo, né?
- Ele não para de me encarar!
- E ainda por cima está solteiro, hein!?

Mariana não hesita o fato de eu estar solteira, ficar empurrando meninos pra mim. Eu não queria nada, eu apenas queria viver minha vida em paz, sem que ninguém me enchesse o saco.

Após pagar a conta e estamos saindo do restaurante, avisei a galera:

- Gente, estou apertada, vou dar uma passada no banheiro.
- Vamos te aguardar do lado de fora. - Respondeu Lari.

Caminhei em direção ao banheiro do restaurante. Depois que saí e fui lavar as mãos, dei de cara com o Lucas, o menino que não parava de me encarar, logo disse:

- Me perdoe, sou muito estabanada. - Olhando pra trás me dando conta que tinha acabado de esbarrar no menino que estava me encarando, e com certeza, ele era muito mais bonito de perto. Ele riu.
- Você estuda por aqui? Nunca te vi antes?
- Eu estudo no campus de comunicação, faço jornalismo. - Desfarço mexendo no cabelo.
- Da turma do professor Ricardo?
- É, esses mesmo.
- Legal, sou da RP. Sala da professora Solange.
- Ah, sim. Meu amigo é de lá.
- Thiago? - Ele deu um sorrisinho. - Somos da mesma sala mesmo. A propósito: Lucas, e você é a...?
- J-Juliana, prazer. - Eu falei com a voz tremula e fingindo que não sabia o nome dele, óbvio.
- O prazer é todo meu. Me passa seu telefone, Ju, se é que posso te chamar assim.
- Claro, sem problemas!

Anotei meu telefone num papel e entreguei, e ele disse:

- Posso te ligar assim que eu chegar em casa?
- Estarei esperando.
- Então ok.
- Ok. - Dei aquele sorriso tímido.

De repente ouço Mari me gritando:

- Ju, a gente já tá indo!
- Já vou.

Me voltei para ele e disse:

- B-Bom, tenho que ir. A-Até mais. - Dou um sorrisinho.
- Até, Ju. - Sorriu e se virou para o espelho.

Sai correndo com o rosto corado, de tanta vergonha. Não via a hora de chegar em casa logo pra ele me ligar e saber o que ele queria. Contei para as meninas e elas começaram a gritar e fomos falando disso o caminho todo.