Júlia estava em seu pequeno quarto. Todo em branco. É um lugar escuro, e há penas uma pequena janela, na qual deixa as luzes do luar entrar e dar uma claridade misteriosa no hambiente.
A jovem chora, silenciosa. Sentada em sua cama, pensa na sua curta mas terrível vida.
Ela vinha de uma familia estranha, assim por dizer, não, uma familia horrivel mesmo.
Quando ela tinha quatro anos, viu seu pai, hoje um homem já falecido, bater tanto na sua irmã, que tinha quinze, até ele a matar, jogando-a para cima de uma pequena mesa, batendo a cabeça. A menina morreu com traumatismo craniano.
Júlia viu o monstro do seu pai assassinar o pastor alemão da familia com uma pá.
Ela já havia apanhado do pai. Muitas vezes. Sua mãe não conseguia faze-lo parar. Era pior ainda quando ele bebia.
Até que ele em outro dia de fúria, esfaqueou a mãe de Júlia. Sete facadas nas costelas.
A única coisa que Júlia conseguiu fazer foi gritar e pegar a arma que sua mãe havia guardado na bolsa. Apenas ela sabia da arma. Apenas ela viu quando, aos choros, apertou o gatilho da pistola, e viu a cabeça do pai estourar com a bala.
Suas mãos estavam sujas de pólvora e sangue, ela estava histérica.
Ao se lembrar disso, ainda sentada na cama, Júlia riu melancolicamente.
Ela ria sozinha, falava sozinha, a solidão a enlouqueceu. Seu pai, o monstro, a enlouqueceu.
Ela queria apenas cortar as suas cordas.
Ir embora.
Levantou seu travesseiro, e lá, brilhando com a luz da lua, estava a lâmina.
Foi difícil conseguir a tal lâmina, difícil mesmo. Mas agora ela a tinha. E ela juntou os restos de sua coragem, ou desespero, e usou a lâmina.
Na manhã seguinte, quando a enfermeira chegou, viu a cena. Gritou e correu.
Quando os doutores chegaram, viram o corpo de Júlia, que jazia na cama, imóvel e morto.
Seu pulso esquerdo totalmente cortado, ensanguentado, profundamente perfurado. O sangue seco manchava os lençóis brancos da cama.
Suas cordas cortadas.
Em seu rosto, o fantasma de um sorriso.
Ela agora descansava. Não está mais na clinica psiquiátrica, não está, agora, talvez junto de sua mãe e sua irmã.
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Compilado de Contos
Short StoryAs vezes em um turbilhão de pensamentos e imaginações, me pego contando uma história no meu consciente, a vozinha no fundo da cabeça criando cenas, as vezes algo bom, como uma bela ficção com seres mitológicos, e outras, com casos de mistura da ficç...