O Estranho

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Uma garota anda pelo bairro, seus longos cabelos loiros escorrem como água por trás de suas costas.
Ela está voltando da casa do seu namorado. É noite e não há ninguém nas ruas, apenas o som de uma coruja alimentando seus filhotes em uma árvore próxima e o vento levando folhas secas embora. A lua crescente brilha no céu e ilumina o asfalto.
A garota continua andando. Sua casa é próxima, apenas três quarteirões a mais.
Ela está despreocupada, não nota o movimento no fim da esquina.
Um gato amarelo de pelo sujo passa pela sua frente, dando um pequeno susto na moça.
Ela da continuidade em seu trajeto. Dois quarteirões distantes.
Em meio a pensamentos, ela escuta o som dos passos calmos no fundo.
Assustada, apressa o passo, dando uma olhadela para trás. Uma figura a segue, usando um sobretudo preto, o rosto coberto pela escuridão.
Ela acaba por tropeçar, vê a figura apressar o passo também. O coração da jovem dispara de terror. Agora ela corre, mas a figura do homem também, a alcançando facilmente.
Ela grita e esbraveja, tenta arranhá-lo com suas unhas.
A face do homem é irreconhecível. Deformada, queimada ou talvez cortada em inúmeras cicatrizes profundas.
-Solte-me!-Grita a garota. Ninguém na vizinhança parece ouvir nada. Não é novidade, pois é tarde da noite e todos dormem.
O sujeito abre o sobretudo e a jovem vê o brilho de uma lâmina prateada. Um punhal.
Ela acerta uma cotovelada no homem e dá-se a correr. Atravessa a esquina, sua casa não está longe. Passos apressados nas suas costas.
Ela grita novamente, porém ele a pega já com o punhal em mãos.
Ele segura a cabeça da moça. Com força, pega a lâmina e crava-a na garganta da jovem.
A vida lhe esvai, o sangue escarlate e quente desce pela garganta da garota enquanto ela agoniza.
Então ela acorda soando frio.

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