Capítulo 2

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- A biologia do desenvolvimento estuda a vida ao nível do desenvolvimento ou ontogenia do organismo individual...

Dizia o sr. Monroe, professor de biologia. Ele andava de um lado para o outro com uma caneta na mão enquanto explicava a matéria. Neste momento eu estava na última aula e faltava apenas dois minutos para tocar o sinal, e finalmente eu estaria livre. Liz propôs de depois da aula irmos ao shopping comprar lingeries, ela queria se sentir sexy. Tenho que confessar, Liz é incrivelmente sexy.

Liz estava ao meu lado, entretida com uma revista sobre homens sarados. Não entendo como o professor ainda não pegou essa revista.

*
Pouco tempo depois de deixarmos a escola fomos para a Hope, uma loja de lingeries.
Vasculhei uma gaveta à procura de um sutiã ou qualquer coisa para me distrair, e Liz estava olhando um sutiã preto rendado.
Uma movimentação na rua chamou a minha atenção. Um homem vestido totalmente de preto estava andando pela calçada. Seu rosto parecia familiar. Um flash tomou conta dos meus pensamentos. Um par de olhos pretos me observando. O homem que tombou comigo na escola e me ajudou a pegar os meus livros. Observei cada passo seu e como se soubesse que eu estava observando-o, ele parou e se virou, olhando na minha direção. Nossos olhos se encontraram. Senti as minhas bochechas queimarem e eu desviei a minha atenção para um sutiã de oncinha com renda preta que eu estava segurando.

Liz estalou os dedos na frente do meu rosto, chamando a minha atenção.

- Terra chamando Selene. - ela segurava um sutiã preto rendado. Quando eu voltei a atenção para ela, ela colocou o sutiã por cima da blusa. Alguns garotos que passavam na rua assobiaram e disseram "gostosa" - Idiotas. - Liz murmurou para si. - O que acha desse?

- Preto é definitivamente a sua cor.

Liz e eu pagamos o que compramos. No fim eu escolhi um pijama de flanela e Liz escolheu o sutiã preto rendado. Entramos no carro. Eu dirigia um Fiat 1999 desgastado que as vezes testa a minha paciência. As seis e meia eu cheguei em casa. Subi para o meu quarto e coloquei o pijama dentro do meu closet. Uma hora depois a porta da sala se fechou com um clic. Minha mãe havia chegado.
- Filha vem jantar. - minha mãe gritou lá de baixo.

- Já estou indo! - gritei de volta.

Minha mãe se chama Lynn e ela é psicóloga da escola. Na maioria das vezes ela tenta me ajudar a superar a morte do meu pai. Ele morrera de infarto, e o mais estranho era que ele não aparentava ter problemas no coração - não que eu soubesse.
A minha casa tinha uma coloração branca que mais parecia bege por causa da sujeira e tinha a aparência velha. Meus pais planejavam reformar a casa, mas...os planos não deram muito certo.

Um calafrio percorreu a minha espinha quando eu toquei na maçaneta. Senti que alguém estava me observando e me virei para olhar a janela, mas não havia ninguém.
Desci as escadas e encontrei a mesa de jantar pronta, me sentei e me servi de pão de alho, salada de gelatina e lasanha.

- Não tive tempo de preparar o jantar. - minha mãe disse.

- Muito trabalho? - perguntei.

Ela concordou com um aceno de cabeça.

- Um garoto tem problemas com o divórcio dos pais. - ela analisou o seu pão de alho, fazendo uma cara de nojo. - É difícil perder o pai.

Nem me fala.

Isso é o que eu queria dizer.

O resto da minha noite foi seguida de dever de casa e insônia. Rolei na cama várias vezes antes de pegar no sono. Meus olhos estavam começando a ficarem pesados, e o meu subconsciente foi puxado para um sonho estranho e sombrio.

Amada Por Um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora