Capítulo 4

339 28 6
                                    

Cheguei vinte minutos antes da aula começar. Lembrei-me do bilhete que o meu parceiro me entregou e o abri. Havia sete números escritos em tinta vermelha. Se ele pensava que eu iria ligar para ele, estava muito enganado.

Um garoto loiro de olhos verdes entrou em sala e sentou-se ao meu lado. Deve ser o tal do Tyler. Pelo menos ele poupou o meu trabalho de conseguir respostas para Liz. Eu só não sabia como consegui-las. É, seria um trabalho difícil.

- Oi. - ele disse. - Sou Tyler.

Olhando mais de perto, Tyler era muito bonito. Seus olhos verdes pareciam duas esmeraldas. Uma estranha sensação me atingiu. Eu me sentia estranhamente confortável ao seu lado.

- Oi, sou Selene.

Sr. McCain entrou em sala, escreveu algo no quadro, entregou uma folha que se parecia com a de um caderno e explicou o que deveríamos fazer hoje. Matemática nunca foi o meu forte, mas mesmo assim eu me esforçava para garantir as minhas notas. Depois de uma breve explicação sobre como faríamos nosso trabalho, sr. McCain sentou-se em sua cadeira e começou a ler o seu jornal da semana, como ele sempre fazia. Me virei para o meu parceiro de matemática do meu lado, pronta para fazer uma pergunta, na qual, provavelmente, Liz mataria para poder saber. Meus dedos dos pés começaram a formigar.

- Então... - comecei. Me senti estranhamente desconfortável em fazer essa pergunta, mas segui em frente. - Tem namorada?

Ele me olhou como se a minha pergunta o divertisse. Um sorriso de escárnio surgiu nos seus lábios.

- Interessada?

Meu coração deu um solavanco, coisa que só acontecia quando eu estava perto do meu parceiro de laboratório.

- Não, minha amiga está.

Ele se inclinou um pouco para frente.

- Então por que sua amiga não veio falar diretamente comigo?

- Por que ela... - hesito em falar. Sempre menti por Liz, mas dessa vez algo me fazia querer recuar. - Ela está na aula.

Ele se inclinou uma pouco para mais perto de mim.

- Mentirosa.

Sinto minhas bochechas queimarem e me afasto um pouco para longe. Ele tinha o cheiro de colônia masculina misturado com o aroma do seu corpo.

- Por que acha que eu estou mentindo?

Ele dá um meio sorriso.

- Você hesitou, e sua pulsação está acelerada.

Franzo a testa e pergunto:

- Como você...?

O sinal toca e ele se levanta, caminhando para fora da sala. Observo ele se afastar até desaparecer pelo amontoado de pessoas no corredor. Como ele sabia sobre a minha pulsação estar acelerada? Será que ele tinha poderes ou algo assim? Balanço a minha cabeça, tentando afastar a última pergunta. É claro que ele não tem poderes. Com certeza era evidente que eu estava nervosa, foi pura sorte. Pego o meu livro e meu caderno e vou em direção a porta. Passo pelo amontoado de pessoas e finalmente chego ao meu armário. Troco meu livro de matemática por biologia e me viro para sair. Quando estou prestes a andar, a cinco metros de distância de mim vejo dois pares de olhos pretos penetrantes me observando. Ele me dá um sorriso carregado de malícia, eu reviro os olhos e saio andando.

- Selene!

Ouço uma voz gritar o meu nome e me viro para encontrar Liz vindo ao meu encontro. Seus olhos estavam cheios de expectativa.

Amada Por Um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora