Capítulo 13

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Senti dedos se entrelaçando aos meus, me puxando para longe da barraca de cachorro-quente, enquanto eu ainda observava a sombra desaparecer entre as pessoas.

- Vamos sair daqui.

Não olhei para trás para saber de quem era a voz. Eu sabia quem era no mesmo momento em que seus dedos se entrelaçaram aos meus.

Passamos pela roda gigante, que piscava freneticamente, e saímos no estacionamento.

- O que você está fazendo? - puxei a minha mão para longe do seu aperto.

Ele parou e se virou para me olhar. Sua expressão era de puro ódio, e sua boca estava em uma linha fina. 

- Te levando para casa.

- Ainda não são nem nove horas! - protestei. - E você não me deixou comprar o meu cachorro-quente.

Ele soltou uma risada abafada.

- Compramos no caminho. Ainda temos tempo.

Não protestei quando seus dedos se entrelaçaram aos meus, fazendo meu corpo todo esquentar apenas com o seu toque.

Ele abriu a porta do carona para mim e eu entrei. O silêncio se seguiu dentro do carro, e eu tive que me permitir pensar nos acontecimentos estranhos da minha vida: o livro sobre anjos, os sonhos, e principalmente, a sombra que estava me seguindo.

O que isso tudo tem em comum?

Mas eu já sabia a resposta. Anjos. Tudo isso tinha a ver com anjos. Esses acontecimentos estavam voltados para eles. Mas o que eu tinha a ver com isso?  Anjos não existiam, certo? Claro que não existiam.

Olhando pela janela, eu consegui ver algo como um vulto. Mas eu já sabia o que era.

Era a sombra.

Trav pareceu ficar tenso com a presença dela. Eu queria perguntar a ele o que estava acontecendo, mas o que ele tinha a ver com isso?

- Chegamos. - Disse Trav.

Ele parou o carro em uma lanchonete que eu nunca ouvi falar antes. Lanchonete do Denny's.

Lá dentro, as paredes da lanchonete eram amarelas e vermelhas. O que me deixou com mais fome. As mesas eram servidas por garçonetes, e uma delas olhou demais para Trav, mas ele pareceu não perceber. Eu queria rir disso, mas seria muito estranho.

Sentamos em uma mesa que ficava ao lado da janela. Uma garçonete loira com os lábios vermelhos veio pegar nossos pedidos com um bloco de notas em uma mão e uma caneta azul na outra.

- O que vão querer? - ela lançou um olhar de tédio para mim.

- Um milk-shake de morango e um hambúrguer sem mostarda, por favor. - eu disse.

Ela se virou para Trav, com um sorriso nos lábios. Ele balançou a cabeça, negando. Ela suspirou e saiu.

- Sério que você não percebeu? - ergui as sobrancelhas.

- Não percebi o que?

- Ela estava dando em cima de você. - comecei a mexer no saleiro.

Ele soltou uma risada abafada.

- Ciúmes? - seu tom era provocativo.

- Nunca.

A garçonete veio trazer o meu pedido. Quando saiu, lançou um sorriso paquerador na direção de Trav. Dessa vez, eu tive que rir.

- Por que saiu de perto de mim? - ele estava sério, sem nenhum sinal de diversão.

- Eu estava com fome, e você só ficava jogando, então eu saí.

Amada Por Um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora