Capítulo 9

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Eu estava paralisada, literalmente. As penas haviam sumido e eu estava com medo. Mamãe pode ter entrado aqui enquanto eu estava fora de casa, mas ela não arrumava meu quarto à muito tempo, e não há nada aqui que possa ser dela.

Me celular apitou em cima da cama, indicando uma mensagem.

Despertando-me dos meus devaneios, fecho a gaveta e ando até a cama. Pego o meu celular e olho no visor para ver quem me mandara a mensagem. Suspiro, aliviada, quando vejo que a mensagem é da Liz.

"Podemos conversar?" Ela pergunta. Eu respondo logo em seguida:

"Agora?"

Em menos de um minuto, meu celular apita de novo.

"Claro, né. Chego aí em vinte minutos?"

"Vinte minutos." Confirmei.

Joguei meu celular em cima da cama e segui para o meu closet. Vesti uma blusa de alcinha e um short folgado.

Enquanto Liz não chegava, resolvi ir até o quarto da minha mãe, para tirar as minhas dúvidas sobre as penas terem sumido, mas é claro que eu não ia falar sobre elas.

A porta do seu quarto estava aberta, e mamãe estava passando hidratante nas pernas. Tudo estava diferente. O quarto estava diferente. Em cima da cômoda, não havia mais fotos dela com papai, e eu pude ver que na sua mão não havia mais a aliança de casamento. Eu tinha quase certeza de que ela tirara as roupas do papai de dentro do closet.

Quando voltei o olhar para ela, seus olhos verdes estavam fixados em mim.

- Algum problema, querida? - ela sorriu.

- Só vim perguntar... - fiz uma pausa. Estar ali, parada na porta do quarto, vendo que não havia nada do papai ali, estava ne deixando tonta. Desde quando as coisas ficaram desse jeito? Desde quando mamãe estava agindo assim? Ela parou de me levar a escola desde o dia em que eu resolvi ir com a Liz, e quando eu resolvia pedir uma carona ela simplesmente me dizia "O seu carro está quebrado? E a Liz? Ela não pode te levar?" E eu respondia com um falso e fingido "Acho que a Liz ainda não foi, vou ligar pra ela." Meu carro não estava quebrado, mas eu precisava de companhia. - Só vim perguntar se a senhora entrou no meu quarto.

Ela sorriu.

- Claro que não, querida, você sabe muito bem que não entro no seu quarto quando você não está. Por que a pergunta?

Eu estava certa. Mamãe não entrar no meu quarto enquanto eu estava fora era uma verdade universal.

- Eu só queria saber.

A campainha tocou, e eu pulei de susto. Esqueci completamente que Liz estaria aqui em vinte minutos.

Mamãe franziu a testa.

- Está esperando alguém?

- Liz disse que viria. Vou abrir a porta, boa noite.

- Se comportem, viu? - pude escutar ela dizer isso quando eu estava saindo do seu quarto.

Assim que abri a porta, Liz entrou, indo direto para a cozinha e pegando uma maçã verde da fruteira.

- Onde você esteve o dia todo, Liz? - eu perguntei, sentindo a raiva e o alívio tomar conta do meu corpo.

Ela levantou as mãos em rendição.

- Estava me divertindo, ok?

Eu suspirei. Enquanto eu estava preocupada, Liz estava se divertindo?

- Fiquei preocupada com você, e, enquanto isso, você estava se divertindo? - dei à ela um olhar carregado de raiva e preocupação.

- Não adianta me olhar assim. Foi você quem me disse aquelas palavras horríveis.

Amada Por Um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora