Audrey mal podia esperar para descobrir o que sua mãe planejava para o verão. Sua mãe sempre deixava os planos em segredo até o último dia de aula de Audrey. Hoje era esse dia. Ano passado, ela e sua mãe tinham ido ao Egito visitar as pirâmides. O verão era a melhor época do ano para suas viagens.
Audrey sempre gostara de visitar países novos, porém, preferia lugares como o Brasil, que não possuíam uma história extremamente antiga. Ela achava ruínas algo bem entediante. Esse ano, ela esperava que sua mãe e ela fossem para a Argentina. Era um país que Audrey nunca tinha visitado, mas ouvira falar muito bem.
Ela estava sentada na beira da cama em seu quarto, o qual ela havia pintado as paredes de laranja e colado inúmeros pôsteres de bandas como One Direction e One Republic, olhando para o teto. Sua mãe ainda não havia chegado de seu emprego como publicitária e Audrey estava começando a ficar agitada. Era uma menina curiosa e não saber onde iriam para o verão quase a matava de ansiedade.
Audrey estava quase pegando o telefone para ligar para a mãe quando ouviu batidas na porta.
- Entre - respondeu ela e observou uma cabeça loira entrar pela fresta da porta agora ligeiramente aberta.
- Comece a arrumar suas malas, daqui a dois dias você vai viajar para... - começou sua mãe, mas Audrey rapidamente a interrompeu.
- Eu? Nós duas, você quis dizer.
- Querida, sobre isso... - a mãe de Audrey parecia exausta. Rugas de preocupação se formavam no canto dos olhos e seus lindos cabelos loiros começavam a ficar grisalhos. - Eu não posso viajar esse ano. O trabalho está muito pesado e tenho muito a fazer. Por isso, como eu estava dizendo, vou te enviar para ficar com sua tia Jade esse verão. Você vai para a Itália, Audrey.
Audrey sabia que não podia ficar chateada por sua mãe ser obrigada a trabalhar; não era escolha dela ficar presa no trabalho. Mas não pode evitar suspirar e olhar para a mãe com olhos tristes. Elas nunca se separavam. Audrey nunca passou um único verão sozinha em seus dezesseis anos de vida.
- Mas mãe... A Itália é tão chata! E eu nem conheço a tia Jade! Acho que nunca a vi na vida!
- Na verdade - corrigiu a mãe -, ela veio te visitar no seu aniversário de seis anos.
- Bem, não me lembro dela. - teimou Audrey. Ela estava determinada a não ir à Itália. - E não sei nem em qual cidade ela mora...
- Roma. Tia Jade mora em Roma.
- Tá, mas...
- Audrey, sem "mas". Faça suas malas, vamos. Vai ser divertido, garanto. Dê a ela uma chance e tenho certeza que irão se divertir muito.
- Tudo bem. - Audrey disse em um resmungo. Ela se virou em direção ao armário e começou a pegar as roupas que usaria em Roma. Já que não tinha escolha, pelo menos queria ficar na moda.
- Que ótimo que você entendeu. - a mãe de Audrey abriu um sorriso - Eu não quero magoá-la. Apenas não posso viajar com você esse ano. Sinto muito mesmo.
- Tanto faz - disse Audrey, desanimada. Agora realmente não fazia diferença para ela.
- Te vejo amanhã. - a mãe de Audrey se aproximou e beijou sua testa. Depois sorriu e saiu do quarto, fechando a porta.
Audrey achou um pouco decepcionante ficar com sua tia, mas quem sabe as férias não estejam perdidas? Talvez tia Jade seja mais legal do que pareça.
Ainda havia esperança. Sim, a esperança é a última que morre.
Audrey terminou de juntar suas roupas e guardou-as em uma mala que ela havia separado mais cedo.
Estava caminhando em direção à sua cama quando bateu os olhos na foto do pai com ela e sua mãe. Seu pai havia se divorciado de sua mãe oito anos antes. Desde então, Audrey não ouvia falar dele. A foto foi tirada na Disney de Orlando, quando ela tinha cinco anos. Os três sorriam abraçados em frente ao Magic Kingdom junto ao Mickey Mouse. Ela sentia falta do pai, mas ao mesmo tempo, não o conhecia o suficiente para saber se realmente sentia falta daquele homem que abandonara ela e a mãe em um subúrbio de Nova Jersey.
Ela desviou o olhar da foto e se deitou na cama. Em dois dias ela iria para a Itália. Tentou imaginar que tipo de coisa faria lá quando chegasse.
Poderia ir ao Coliseu. Ou então, visitar a Torre Inclinada de Pisa. Talvez fosse para Veneza. Quem sabe não andava de trem para algum lugar legal? Ou talvez fosse visitar o Museu do Leonardo da Vinci, apesar de essa última opção parecer-lhe bem chata. Na verdade, lugares históricos para ela eram bem chatos. O que então vou fazer lá, se tudo que se tem para fazer é chato?, pensou Audrey.
Ela tentou imaginar então como seria sua tia Jade. Do tipo legal e engraçada? Do tipo rude e indelicada? Do tipo bipolar? Do tipo indiferente?
E se elas não se dessem bem? Audrey passaria três semanas inteiras com alguém de quem não gosta?
As possibilidades rodavam em sua cabeça. Suas emoções eram conflitantes; medo de nada dar certo, alegria por passar o verão em um lugar novo, tristeza por não poder compartilhar a aventura com sua mãe.
O que esperar de um país antigo que é mais histórico do que divertido?
Ela faria amigos durante esse mês fora? Ficaria sozinha o verão todo?
Quais cidades visitaria? E o mais importante: ela iria gostar da aventura?
Audrey acabou por fechar os olhos e cair no sono. O dia de amanhã prometia ser longo e ela já estava exausta. Adormeceu e sonhou com um lindo garoto de cabelos castanhos e olhos verdes que parecia chamá-la para uma aventura em um lugar desconhecido em ruínas, que parecia ser incrivelmente legal, mesmo seu cérebro dizendo que coisas históricas eram muito chatas.
No sonho, o garoto sorria e pegou a sua mão, de modo que a arrastou para as ruínas. As últimas palavras que ela lembrava que o garoto tinha dito a ela eram Não se preocupe, vamos nos divertir pra caramba.
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Um Verão Inesquecível
AléatoireUm verão. Duas pessoas. Três semanas em um país novo. O verão chegou e Audrey Berlet mal pode esperar para viajar com sua mãe para a Argentina. Porém, um imprevisto acontece e Audrey é enviada para passar um mês na Itália, com sua tia Jade. Audrey d...