Um Quarto, Dois Habitantes

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- O que vocês estavam pensando? Eu quase chamei a polícia! - tia Jade gritava do balcão da cozinha para quem quisesse ouvir, fosse Audrey, fosse Diego, ou fossem os pobres vizinhos que já tentavam dormir àquela hora.

Tia Jade estava em níveis acima da raiva, mas Audrey sabia que não era direcionada à eles. A tia havia ficado preocupada, e com razão. Que tipo de gente sai uma tarde e volta no dia seguinte, sem qualquer tipo de aviso?

Audrey passara a noite no hospital, assim como Diego, Francesca e Dylan.

Dylan. Um carinha diferente, com certeza. Audrey não parava de pensar na conversa que teve com o menino no metrô desde que voltara para a casa da tia, duas horas antes.

Tia Jade estava muito irritada, como se podia perceber.

Audrey e Diego não paravam de se desculpar, e, eventualmente, o fôlego de tia Jade, já fraco de tantas broncas, acabou por se perder e ela se retirou para o seu quarto, exausta.

- Caramba, eu nunca a vi tão brava - Diego disse, se jogando no sofá, com mais cautela do que Audrey achou que ele gostaria.

Ambos temiam provocar a ira de Jade outra vez, visto que a última crise havia sido tão recente e assustadora.

- Eu não há conheço por tanto tempo, então diria que também não - ela respondeu, tentando aliviar o clima pesado que eles tinham sido deixados em.

- É. Ei, vou ligar pra Fran, ok? Quero ver se chegou bem em casa e tudo, depois de tudo que a gente passou.

Diego levantou novamente, e se dirigiu para a cozinha.

Audrey estava sozinha de novo com seus pensamentos.

Ela decidiu que, se ligasse para a sua mãe se distrairia por uns 10 minutos, e postergaria o momento que teria de lidar com o mundo real.

Ela discou o número, e três bipes soaram antes de uma voz apressada atender o telefone.

- Alô?

- Mãe?

- Audrey? Por que raios está me ligando a essa hora da tarde? Estou no meio de uma reunião!

O fuso horário, Audrey se deu um tapa na testa, óbvio.

De Nova Jersey para Roma haviam cinco horas de divergência horária, as quais Audrey pouco se lembrava.

- Está aí há quase três dias e decide me ligar só agora, quando não posso atender? Ótima estratégia pra mostrar sua chateação comigo, Audrey. Cresça, por favor.

E então sua mãe desligou.

Audrey se sentia injustiçada em tantos níveis que mal podia falar. Por que ninguém mais ouvia ninguém hoje em dia?

A coisa toda lhe parecia muito surreal.

Audrey se dirigiu ao quarto que dividiria com Diego. Ela se sentia oficialmente mais aberta à dormir do que passar mais qualquer instante naquele dia improdutivo.

Quando finalmente colocou seu pijama e deitou na cama, Diego entrou no quarto e bateu a porta atrás de si com violência incomum.

Ele simplesmente arrancou a blusa e a jogou no chão, apagando a luz e se atirando no colchão no chão em seguida.

Audrey pensou se devia perguntar se estava tudo bem. Já havia levado foras suficientes por uma semana.

Mas Diego parecia tão chateado que Audrey supôs que valeria a pena checar o novo amigo.

- Ei - começou, nervosa - tudo bem?

- Não, Audrey, não está tudo bem, mas não se preocupe, porque Francesca está bem, assim como o novo melhor amigo dela, Dylan. - ele cuspiu a última palavra como se fosse veneno.

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