Finalmente Dezesseis

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Dylan estava muito animado para o verão. Agora que tinha dezesseis anos, poderia finalmente sair de Londres. O garoto só havia saído da cidade uma vez na vida, aos dez anos, apenas para o funeral de um amigo querido de seus pais. Dylan é um desses meninos que adora pensar e planejar, e quase toda a vida quis planejar uma viajem a outro país, conhecer uma nova cultura que não fosse a própria. Quando seus pais o questionaram acerca de onde ele queria ir, Dylan respondeu a resposta que queria dar desde os seis anos; queria ir para Roma.

Desde criança, Dylan era fascinado em história e geografia. O menino sempre quis viajar pelo mundo e o lugar que gostaria de visitar primeiro era Roma. Simplesmente porque os imperadores romanos sempre o fascinaram e ele queria visitar o Coliseu para ver onde toda a magia acontecia. Como combinado, os pais não iriam com ele; Dylan ficaria com um amigo de seus pais - um tal de Jordan alguma coisa - que morava em Roma.

O garoto já tinha as malas prontas desde duas semanas antes do verão; ele mal podia esperar para sair da Inglaterra e descobrir os mistérios de uma de suas civilizações prediletas. Ele queria ver todos os museus, todos os monumentos.

Seus pais, ele deveria admitir, estavam até muito felizes com a viagem dele. Claro, ele sabia, que ambos sentiriam falta dele. Mas arrumariam o que fazer em sua ausência. Até porque não poderiam o acompanhar, nem se quisessem, por conta de seu pavor de aviões e altura, que por coincidência, ambos tinham.

Seu vôo era dentro de duas horas e ele mal conseguia conter sua ansiedade.
O que ele faria primeiro? Com certeza ele deveria fazer uma check-list no avião. Senão tudo ia ficar muito desorganizado. Dylan era um cara que curtia organização. Seu quarto era impecável, diferente dos quartos da maioria dos adolescentes da idade dele.

Dylan não tinha muitos amigos. Ele é o que as pessoas consideram nerd, mas sem ter cara de nerd, com óculos, roupas antiquadas e espinhas para todo lado, ele realmente não tinha isso. Não que todos os nerds sejam assim, mas é tipo um padrão. Dylan era um cara bonito, na verdade. Ele tinha um cabelo curto castanho e olhos verdes penetrantes. Era alto e relativamente forte. Mas era muito viciado em livros de história para as pessoas quererem passar tempo com ele. Ele falava demais. Não de propósito, claro, mas ele se empolgava e as palavras iam saindo da boca dele antes que ele pudesse parar e calar-se. Ele, de fato, só tinha um amigo de verdade; Bertrand. Mas Bertie tinha cara de nerd.

Bertie era mais viciado em matemática do que em história, como Dylan. E falava menos também, mas mesmo assim, ambos tinham conversa. E só tinham um ao outro e mais ninguém, porque as pessoas os consideravam irritantes. Dylan por ter uma matraca incansável e Bertrand por ser considerado esquisitão por ser calado e recluso.

Contudo, isso nunca incomodou Dylan. Ele era feliz assim, com uma rotina. Dylan odiava quando as coisas saiam do rumo planejado, Bertie que o diga.

Ele já estava no carro, a caminho do aeroporto. Sua empolgação era praticamente palpável. Ele não calava a boca e seus pais, como sempre, pararam de prestar atenção e aumentaram o volume do rádio, que tocava uma música do Queen. Dylan pessoalmente preferia os Beatles ou os Rolling Stones, mas estava feliz demais para contestar a escolha musical de seus pais no momento.

Só uma coisa incomodava Dylan; e se Jordan for extremamente chato e ele não conseguisse cumprir todo o seu roteiro de viagem?

Porém, o carro já estava estacionando no aeroporto, então Dylan rapidamente afastou o pensamento e correu para fora do carro, abrindo o porta-malas e pegando suas coisas. Feito isso, correu para o seu terminal, para poder finalmente começar seu verão oficialmente. Para ele, a aventura estava apenas começando.

Bertie o tinha feito prometer que escreveria para ele, para contar suas aventuras. Bertie jurava que Dylan arrumaria uma namorada na Itália, mas Dylan o convenceu de que isso era loucura e que ele estava lá para aprender, não para conhecer pessoas novas. Sem falar que ele estava doido para treinar seu italiano. Ele treinava a língua desde os dez anos.

Ele embarcou no avião pouco depois. Estava frio lá dentro e ele ficara no assento ao lado da janela. Havia duas meninas de mais ou menos quinze anos ao lado dele, conversando freneticamente sobre sapatos altos e colares da amizade que comprariam uma para a outra na Itália. Dylan não compreendia essas loucuras das mulheres. Conversar sobre sapatos? Ele não se conformava com isso.

O piloto já tinha anunciado que o avião ia levantar voo e Dylan não conseguia conter a inquietação; ele nunca havia viajado de avião antes. Suas pernas tremiam e ele estava com uma careta de medo estampada na cara.

- Garoto, você está bem? Parece um pouco esverdeado... - disse a garota que sentava ao lado dele. Ela estava olhando para ele como uma pessoa olharia para uma barata.
Aparentemente, ela achava que ele ia vomitar e não queria ser vomitada.

- Estou, estou sim. - tentou dizer Dylan, mas as palavras saíram como um gemido de dor.

- Você está enjoado? - ela tentou perguntar mais uma vez.

- Na verdade, nunca viajei de avião. - dessa vez, as palavras conseguiram sair um pouco mais claras da boca de Dylan.

- Ah, esse é o problema? Relaxa! É muito legal viajar de avião. Ver a paisagem do alto e tudo mais. Está tudo bem. - tranquilizou a garota ao lado dele. Ela pegou uma mecha dos cabelos ruivos nos dedos e começou a enrolar os cachos. - Qual seu nome?

- Dylan Collins. E o seu?

- Elle Priser. - Elle sorriu - E essa é minha amiga Wren Doyle. - ela apontou para a garota de cabelos castanhos ao seu lado.

- Oi, prazer - disse Wren.

- Prazer - respondeu Dylan.

- Que bom. Agora que todos se conhecem, eu gostaria de te contar uma coisa, Dylan - disse Elle, com uma risadinha.

- O quê? - perguntou Dylan.

- Eu queria te contar que, há dois minutos atrás, o avião levantou voo e já estamos no ar. - respondeu Elle.
Dylan a olhou chocado. Ele realmente não percebera o avião decolando. Talvez voar não fosse tão assustador quanto ele presumira.

Ele abriu um sorriso.

- Verdade. - disse.

- Eu lhe avisei que não dava medo! Aliás, você está indo para onde? - perguntou Elle.

- Roma. Vocês estão indo para a Itália também, certo?

- É, só que vamos para Florença. Que pena! Eu estava torcendo para que a gente voltasse a se encontrar... - disse Elle.

- Não se preocupem, a Itália é um país pequeno. - Dylan sorriu.

A viagem estava apenas começando, ele sabia, mas ele também sabia que seria a maior aventura da sua vida.

Um Verão InesquecívelOnde histórias criam vida. Descubra agora