38 - Dylan Narrando

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Não contenho a vontade de sorrir assim que a vejo novamente. Scarlatti parece surpresa com minha presença, talvez por minha chegada brusca, mas não ligo. Passei cada maldito segundo do fim de semana morrendo de saudades dela. O que havíamos feito em seu quarto, na sua cama, mau serviu para abrandar o desejo e a falta que senti dela.

- Dylan - ela diz, e sinto um tom estranho em sua voz falha. Mas isso não me impede de chegr mais perto, nem de ampliar meu sorriso.

- Olá, Scar - esboço um sorriso de lado, cínico - Sentiu saudades?

Ela pisca e fica muda por um tempo. Sua boca se abre e fecha mas nenhuma palavra é proferida.

- Você... O que... O que... - ela larga o ar com força e esquadrinha os ombros, ajeitando a postura -  Como ousa entrar assim na minha sala?

Eu rio, porque ela está genuinamente mais estranha que o normal hoje. Ergo minha coluna e cruzo os braços sobre o peito.

- Eu sou o dono da agência - declaro.

- Isso não significa que...

- Que eu posso entrar e sair de onde eu quiser quando bem entender? - Corto-a.

- Que você não possa tentar ser educado - rebate.

Eu sorrio largamente e contorno sua mesa para chegar mais perto. Scarlatti se coloca de pé e põe sua cadeira entre nós.

- O que... - ela suspira - O que está fazendo aqui? - Questiona -me com voz trêmula. Algo está errado...

- Como assim? Vim ver você - eu puxo sua cadeira para o lado, desejando estar mais perto, porém Scarlatti escapole pelo outro lado.

- Tenho muito o que fazer, Dylan - ela recua. Eu me jogo sentado em sua cadeira e cruzo os braços, fixando meus olhos nela. Scarlatti está diferente até mesmo na vestimenta. O vestido preto é discreto e social, nada dos seus terninhos executivos ou saias de lápis de cor sexys. O cabelo curto com mexas loiras está bem domado num coque no alto da cabeça. Eu não tinha aprovado muito seu novo look, embora as loiras tenham sido minha preferencia por um longo tempo. Scarlatti estava perfeita com este novo visual, que pareceu até realçar seus olhos castanhos e o contorno deles. Mas eu verdadeiramente amava seus cabelos negros e longos. Talvez quando a conquistasse de vez a convencesse a voltar a pinta-los de preto e a deixa-los crescer.

- Por acaso, eu também - declaro, então me coloco de pé e vou até ela, que retrocede - Mas não aguentei esperar para te ver - confesso. Ando em sua direção com determinação, e fico intrigado ao vê-la se afastar com olhos arregalados.

- D-Dylan... Melhor... Melhor você ir... - ela gagueja. Scarlatti arfa ao sentir a porta tocar suas costas, vendo-se encurralada.

- Eu vou depois de um beijo - digo, minhas mãos voando de encontro ao seus quadris perfeitamente escondidos por debaixo daquele vestido sem graça.

Ela vira o rosto para o lado quando tento beija-la, e meu nariz capita o odor do seu perfume. Não posso me segurar diante de tal fragrância e curvo minha cabeça para melhor inalar seu aroma - Você cheira tão bem... - sussurro, roçando meu nariz pela extensão do seu pescoço - Scar...

- Dylan... - ela murmura, e sinto sua respiração se acelerar através do peito que sobe e desce roçando ao meu. Logo, suas mãos estão fechadas ao redor do meu paletó e ela me puxa para mais perto com um tranco desnorteado.

Eu seguro cada lado do seu rosto perfeito e olho fundo em seus olhos castanhos. Há algo de novo neles, um brilho, uma sabedoria e também assolação, mesclado a algo que não faço a menor idéia do que seja, mas não perco tempo tentando decifra-los e vou em busca do beijo que sonhei acordado em ter durante o final de semana.

Minha Tentação - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora