Capítulo 13

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Rose Hathaway

Senti uma fisgada na barriga como um chute e isso me fez despertar, ou melhor ser arremessada para fora da escuridão que me envolvia, e então lá estava meu paraíso particular, me encarando com suas órbitas preocupadas e... Perai! Puta que pariu, o que exatamente Dimitri havia feito com o cabelo dele? Está certo que sempre amei seu cabelos longos, a franja constantemente caindo sobre seus olhos e toda aquela coisa sexy, mas de alguma forma ele havia ficado mais... Quente com aquele corte, eu estava apaixonada. Um segundo chute na minha costela, me fez levar as mãos a barriga a esfregando com força, então percebi que havia uma ruiva ao lado de Dimitri, vestindo um lajeco branco e além disso, eu notei que não estava em casa e sim...
- Se quer que eu me mude para o hospital basta pedir com jeitinho, não quase me matar uma vez por semana "cara aí de cima", vamos rever seriamente nosso contrato, porque esse já está realmente perdendo a graça. Não é divertido brincar de roleta russa com a morte, um dia a "bala" me acerta e eu juro que ficarei puta da vida com isso, gosto de causar dor de cabeça estando viva e não morta. De verdade. -Falei, bufando irritada ao encarar a médica e o meu Camarada. - O que aconteceu dessa vez?
Dimitri que até então parecia ter virado uma estátua fodidamente gostosa, descongelou de sua postura rígida e indo contra qualquer reação imaginável, simplesmente se aproximou de mim, juntando nossos lábios.
- Nunca mais me assuste desde jeito de novo, por favor. -Sussurrou Dimitri contra meus lábios e então levei a mão até seu cabelo. -Está brava com o que fiz no cabelo.
- Não, óbvio que sempre tive uma queda pelo seu cabelo grande, mas assim ficou tão perfeito. -Falei tocando o rosto dele e os lábios com a ponta dos dedos. -O que aconteceu, Dimitri? Porque estamos no hospital da Corte?
A médica ruiva aproveitando a deixa, se aproximou e com um pequeno sorriso, fez algumas anotações numa ficha em suas mãos, esperou Dimitri se afastar e me encarou com a expressão neutra.
- Bem-vinda de volta Senhorita Hathaway Mazur, sou a Doutora Hetzel e estou cuidando do seu caso. Seu médico está de férias, mas já me passou a sua ficha. Como se sente? -Perguntou ela, examinando as batidas do meu coração enquanto falava.
- Confusa e sem a menor paciência para ser gentil, ou deixar que me enrolem para explicar as coisas. -Falei, fechando a expressão completamente. -O que diabos aconteceu comigo dessa vez? -Que saco, era tão difícil entender que eu odiava hospitais?
- Você teve início de aborto espontâneo, mas não se preocupe com isso, pois já estabilizamos e os bebês estão bem, você não os perdeu. -Disse a médica rapidamente, me tranquilizando e então sua postura ficou rígida novamente. - Soube que parte do seu DNA é Moroi agora, então a suposição que temos é que isso está rejeitando a gravidez.
- Têm como fazer isso parar, por favor? -Perguntei mantendo os olhos fixos em minha barriga, apertando uma das mãos de Dimitri, que estava em silêncio ao meu lado.
- A melhor chance que temos é uma cesária de emergência ainda hoje, mas aí teríamos a preocupação da possível incompleta formação do pulmão dos seus bebês. -Explicou ela mantendo contato visual.
Encarei Dimitri que para minha surpresa, já mantinha os olhos nos meus e então quando nossos olhares se cruzaram, sabíamos o que deveríamos fazer.
- Estamos de acordo, Doutora. -Respondemos juntos, a encarando com determinação.
- Ótimo. Antes disso faremos um último ultrassom de monitoramento, e então a Senhorita será encaminhada para a outra sala, onde ocorrerá o parto emergencial. O Senhor Belikov, vai poder entrar na sala também, para assistir todo o procedimento. -Disse a Doutora, apontando para Dimitri e o mesmo assentiu, relaxando ao meu lado.
A médica se aproximou com o aparelho de ultrassom que estava ao seu lado, ligando o monitor rapidamente ajustando o que era necessário, levantou um pouco minha blusa hospitalar ridícula, passou um gel pegajoso em minha pele, em seguida o espalhou com o aparelho gelado.
- Vocês têm alguma preferência de sexo, ou não têm problemas com isso? -Perguntou a médica após alguns minutos em silêncio, analisando o monitor.
- Eu não sei exatamente o que responder, honestamente eu acho que não tenho uma preferência. -Falei dando de ombros, mantendo os olhos na tela assim como Dimitri fazia.
- Já estou acostumado com as calcinhas predominando a casa, desde a época das minhas irmãs pequenas, quando eu ainda morava na Rússia. Eu sou o único homem entre 4 filhos, sendo que só duas das minhas irmãs estão vivas atualmente. -Respondeu Dimitri ficando estranhamente rígido e então percebi, que falar da morte de sua irmã Sobya, mãe de Paul o incomodava.
A médica sorriu de forma gentil, tentando não deixar o clima estranho mantendo os olhos fixos na tela, então voltou seus olhos para Dimitri e para mim.
- Bem, nesse caso vai precisar dobrar o número de peças íntimas femininas. Parabéns, a Rose está esperando duas meninas. -Disse ela pegando minha ficha para novas alterações.
- Eu estou literalmente ferrado. Perfeito. -Murmurou Dimitri respirando fundo de emoção, aí apoiando as mãos na cintura e olhou para o teto com certo desespero contido.
- Desculpe, acho que não entendi a sua analogia. Imaginei que ficaria feliz com a notícia, e não que fosse praticamente surtar. -Disse a médica franzindo a testa.
- Eu definitivamente vou ser o pai mais ciumento do mundo, nada bom para os meus nervos. - Esclareceu Dimitri sorrindo, com lágrimas nos olhos ao se aproximar e me beijar. - Duas mini Rozas a caminho, isso vai ser realmente bem interessante.
Passado mais algum tempo após o ultrasom, fui encaminhada para a sala da cirurgia do segundo piso, então logo em seguida, Dimitri entrou na mesma vestindo uma roupa hospitalar totalmente azul, e segurou minha mão com delicadeza. Naquele momento, ele tinha que saber a decisão que eu havia tomado.
- Amor, eu acho que escolhi os nomes para as nossas filhas, mas preciso da sua opinião antes de trazê-las ao mundo, oficialmente. -Falei, me sentindo estranhamente nervosa com o que estava prestes a acontecer.
- E o que vai ser, meu amor? -Perguntou ele, fazendo carinho em minha cabeça com a ponta dos dedos.
- Zoey e Nicolly. O que acha disso? -Perguntei com um largo sorriso. - Nunca chegamos a um fator específico, mas me parece tão adequado pra elas.
- São perfeitos, meu amor! -Respondeu ele me beijando.
Enquanto conversávamos, a médica me anestesiou totalmente da cintura pra baixo ou algo assim, então eu poderia ficar acordada durante todo o procedimento, ela juntamente com mais alguns auxiliares, dava início ao processo da cesariana.
Grande parte do tempo, mantive minha atenção voltada para Dimitri parado em pé ao meu lado, que fazia o mesmo segurando firme uma de minhas mãos entre a dele, fazendo carinho em meus cabelos com a outra.
- Aí vem a primeira menina, auxiliares fiquem atentos para a transferência para a incubadora. Vamos lá, está na hora Senhorita Hathaway -Anunciou a Doutora Hetzel com a voz séria, então segundos depois um choro forte tomou conta da sala.
Sempre julguei choro de criança o som do inferno por ser tão ardido, estridente e irritante em níveis pavorosos, mas naquele exato momento, percebi que aquele som não se encaixava no padrão de julgamento e jamais assim poderia ser, pelo contrário, era como estar no paraíso. Eu era mãe e aquela era a sensação mais mágica e especial do universo, não tinha como explicar, mas a sensação era realmente espetacular.
Novamente passado alguns segundos que a enfermeira havia levado minha princesa para uma limpeza, um choro ainda mais forte que o primeiro tomou conta do ambiente, e já não me importando em manter a postura de forte, caí em lágrimas que multiplicaram algumas horas mais tarde, quando eu já estava no quarto de recuperação e uma enfermeira entrou com ambas em suas emcubadoras. Eram incrivelmente tão pequenas, tão lindas e se eu pudesse, claramente passaria a eternidade olhando para elas.
- Parabéns meu amor, você conseguiu. Trouxe nossas princesas ao mundo. Parabéns! -Disse Dimitri parado ao meu lado, encarando nossas pequenas.
- Hoje é simplesmente o melhor dia da minha vida. -Falei, olhando-as com um sorriso.
- É o melhor dia nas NOSSAS vidas, Roza. -Corrigiu Dimitri, se aproximando e juntando nossos lábios.
- Alguém mais sabe que o parto seria hoje? -Perguntei, quando ele separou nossos lábios para me deixar respirar.
- O que você acha, meu amor? Eu liguei para o Christian e ele contou para a Lissa, que obviamente não conseguiu manter a boca fechada por mais de 5 minutos. Todo mundo está lá fora esperando por notícias. -Respondeu ele, voltando a encarar nossas filhas.
- Até a minha mãe? -Perguntei, mesmo que já soubesse a resposta, e o silêncio dele só confirmou tudo. - É claro que ela não veio. 3 meses se passaram e ela claramente ainda me acha uma vadia mentirosa. Ótimo.
- Quer mesmo falar disso justo agora, amor? -Perguntou Dimitri com a testa franzida, ao me encarar com a expressão desconfortável. -Se serve de consolo, o Abe está lá fora desde que você entrou nessa sala, junto com a Rebekah, o Adam Zeklos, nossos Morois junto com Lucas e Marie. Até a Mia Rinaldi está lá fora, querendo saber como você está. Hans e Alberta também vieram junto com a Lissa e a Ellen também estava a caminho.
- Ellen? -Perguntei o encarando confusa, provavelmente ainda estava sob o efeito da anestesia local.
- Ellen Kirova. A diretora da St. Vladimir queria lhe dar os parabéns pessoalmente. Você deu muita dor de cabeça pra ela quando foi aluna, mas no fundo ela sempre te admirou. -Respondeu Dimitri com um pequeno sorriso.
Dois dias depois eu finalmente havia sido liberada para ir para casa, incrível que aquela foi a coisa mais dolorosa que eu havia feito. Afinal, minhas filhas ainda ficariam mais algum tempo no hospital, pela má formação dos pulmões, e ir embora sabendo que elas não poderiam vir junto era realmente doloroso, eu havia deixado uma parte de mim naquele hospital.

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