Era uma coisa engraçada e encantadora, observar Dimitri acomodar nossas filhas em seus braços grandes e musculosos, toda vez que elas choravam, seja qual fosse a razão para isso, já que no caso dos bebês poderia ser qualquer coisa, elas pareciam mais que seguras e confortáveis ali, seus olhinhos atentos nunca deixavam o rosto do pai, enquanto ele cantarolava em Russo o que parecia ser uma canção de ninar ou algo assim, e eu sabia que aquele momento pertencia a eles, e não me atraveria a invadir o espaço deles por motivo algum, além disso estávamos num avião que só pousaria daqui 3 horas na Corte, novamente. E isso complicava as coisas.
Quer dizer, voltar para a Academia São Vladimir teve sua importância, em muitos aspectos que eu jamais esqueceria, mesmo que Dimitri ainda estivesse sem as memórias do nosso passado, havia ironicamente se apaixonado por mim... Digo, de novo.
Acontece que havia um porém no meio disso tudo... Esse novo Dimitri... Era diferente, mesmo corpo só que ainda era totalmente diferente... E eu estava amando tudo isso obviamente, mas ele estava? Fizemos o melhor sexo das nossas vidas, e depois daquilo não trocávamos mais palavras sem deixar um clima estranho no ambiente, pelo menos nada que não fosse relacionada a nossas filhas, e as duas vezes que nos beijamos, foi como se fôssemos completamente estranhos um para o outro.
Não era ruim ele estar se envolvendo com as filhas, tal como um pai responsável deve fazer, mas isso também não mudava o fato de que havia algo errado com ele. Eu estava com medo de descobrir o que era, mas ainda assim precisava saber.
- Rose, nós... Precisamos conversar. Agora. -Disse ele, sentando na pontrona de frente para a minha.
E essa é a frase que muitos preferiam morrer a ouvir, e pelo visto eu estava prestes a descobrir o porque.
Não consegui responder de imediato, na verdade não consegui pensar ou mesmo impedi-lo de falar. Aliás, eu não conseguir fazer nada, além de encará-lo como uma idiota e esperar pelo que eu sabia que viria.
- Olha só, quem eu sou agora te ama demais e eu jamais teria coragem para negar isso. - Começou ele, agachando de frente para mim.
Me senti como uma daquelas crianças pequenas, ouvindo os pais tentarem explicar que vão se separar, mas que a culpa não é dela. Quer dizer, será que Dimitri se afastar de alguma forma era culpa minha?
- Rose, eu olho para os seus olhos e... Eu vejo os últimos quase 2 anos perfeitos que tivemos, desde que nos conhecemos e você não tem ideia de como eu me sinto com isso. Eu não posso te dar isso de volta. -Disse ele segurando minhas mãos entre as dele, fazendo círculos imaginários em minha pele com os polegares. - E antes que comece a me odiar, precisa entender que eu te amo. Ah caramba, você não faz ideia do quanto, mas eu realmente te amo demais. Isso não mudou com ou sem as minhas memórias, mas eu me sinto incompleto apesar de tudo. Preciso me encontrar e voltar para você... Inteiro.
- "Não é você, sou eu" Certo? Sério? - Questionei tentando parecer totalmente irritada, mas minha voz falhou duas vezes seguidas, por conta das lágrimas que eu tentava reprimir, imediatamente estragando tudo. - Eu sei que é difícil pra você, ok? Só que você não está nessa de sofrimento sozinho!
Eu tinha que tomar coragem para reagir com mais intensidade, precisava dizer alguma coisa impactante de verdade... Ou pelo menos, conseguir mover o braço para conseguir dar um belo soco no nariz dele.
- E as meninas? E quanto as nossas filhas, Dimitri? - Perguntei olhando para os lados e para cima freneticamente, como se estivesse procurando uma saída pela qual pudesse pular ou algo assim. - O que diabos deu em você? Não estou pedindo para me colocar como prioridade aqui seu idiota, eu nunca pedi isso e você sabe disso. Você não está jogando limpo, não com Zoey e Nicolly.
Eu não podia continuar a olhar para ele naquele momento, de forma alguma, eu estava sem dúvida prestes a desmororar de uma forma pavorosa e não faria isso naquele momento, então também não podia olhar pra ele.
- Eu não estou abandonando elas... E nem a você, eu não sou assim tão burro Rose, isso é algo que você provavelmente sabe melhor do que eu. Além disso, Rebekah está vindo para a Corte com o Adam, passar uns dias por aqui por causa do casamento da Rainha, que acontece em duas semanas, fiz ela prometer me dar notícias das meninas enquanto isso. -Disse ele, colando a testa na minha e sendo assim praticamente me forçando a encará-lo.
Maldição, eu queria tanto bater nele naquele momento, mas o fato de eu amá-lo tanto me impedia de fazê-lo.
E se ele fosse um Strigoi? Eu realmente teria essa coragem se esse fosse o caso? Ótimo, eu não fazia ideia também.
- Diz alguma coisa Rose, por favor. Seu silêncio está acabando comigo, então por favor... No que está pensando, Roza? -Perguntou ele, jogando as mexas do meu cabelo para trás das minhas costas, tocando meu rosto com a palma da mão quente.
Idiota! Usar o apelido romântico que ele havia me dado quando eu ainda era sua aluna, sem dúvida não era jogo limpo. Ótimo, se ele iria brincar sem regras, também não caberia a mim facilitar a vida dele.
- Se você fosse um Strigoi. E se eu teria coragem de machucar você, se você fosse o que passamos a maior parte da vida aprendendo a odiar, caçar e matar... Porque você está me destruindo por dentro Camarada Belikov, e nem assim eu consigo pensar em revidar... Eu não consigo. -Falei dando de ombros, fingindo não me importar, enquanto tudo por dentro de mim era destruído e então me levantando subitamente, mas ele segurou meu ombro. - Me solta.
- Não, só depois que você fizer, eu sei que você quer. Eu sei que é o que você precisa, então vá enfrente. -Disse ele, apertando meu braço com mais força.
- Dimitri, vou pedir somente mais uma vez. Me solta. -Pedi fechando as mãos em punho, sabendo que estava por um fio de perder o que me restava de controle.
Desde quando Rosemarie Hathaway Mazur era controlada mesmo?
- Não. -Disse ele, apertando meu braço mais ainda.
Ele definitivamente não devia me subestimar daquele jeito que estava fazendo, tendo ou não as malditas memórias antigas. Não era justo, quando eu claramente não estava muito bem para agir com coerência.
- Eu te avisei, Camarada. -Falei asperamente, girando a cintura para o lado oposto, fechando a mão livre em punho e o acertando bem na bochecha.
Droga, eu simplesmente perdi a chance de quebrar o nariz dele! Uma coisa de cada vez, Rose... Aliás, eu realmente teria coragem de machucá-lo desse jeito, se tivesse essa chance? O soco provava que eu não iria muito longe em combate. Saco.
- Sei que isso não vai te curar Rose, mas eu sei que precisava disso assim mesmo... Honestamente eu também, então obrigado. -Disse ele no chão, segurando o lado da bochecha que eu acertara.
- Eu te odeio, Dimitri Belikov! -Falei me ajoelhando ao lado dele com os olhos em lágrimas, já não ligando para nada e o beijando.
- Mentirosa, eu também amo você. -Disse ele, dando uma risadinha baixa meio sacana, antes de soltar meu rosto e novamente colar a testa na minha. - Eu vou voltar para você, mas não posso dizer quando.... Mas eu vou voltar.
E depois daquilo, meu dia acabou magicamente de uma forma que eu não sabia explicar como havia acontecido, como se alguém apertasse o botão de um controle remoto acelerando as coisas. Chegamos em casa sem trocar uma única palavra desde o aeroporto particular da Corte, coloquei nossas filhas em seus braços, cada uma com um respirador em seu rostinho e depois fui ao quarto, congelando na porta observando Dimitri arrumando as malas.
- Você poderia... -Não consegui terminar de falar o que pretendia, parecia que havia um nó na minha garganta e isso me impedia de falar com facilidade.
- Sim, Rose? -Dimitri virou o corpo em minha direção com algumas de suas roupas nas mãos.
Definitivamente eu preferia lidar com um ataque Strigoi, a lidar com ele naquele momento.
Deus as vezes pode ser cruel.
- Seu Guarda-Pó marrom, Camarada. Pode deixar ele em casa para que eu tenha algo de você aqui, por favor? - Pedi apontando a peça de roupa, tal como uma criança tentando convencer o pai a não ir embora.
Engraçado que era exatamente assim que eu estava me sentindo naquele momento, eu podia me fazer de durona para qualquer um com facilidade, mas com ele não. Lá fora eu era a Guardiã Hathaway Mazur, que deveria ser respeitada por muitos, tendo ou não experiências e temida por todos que cruzasse com o meu caminho, mas em casa com ele? Fazia exatamente um mês que eu havia dado a luz, e mesmo assim me sentia tão frágil tal como uma criança, isso porque naquele caso, quando estávamos sozinhos eu era a criança dele!
Dimitri largou todas as roupas no chão, como se de alguma forma pudesse ler meus pensamentos naquele momento, já que minhas emoções ele provavelmente poderia sentir, por causa da nossa ligação por minha parte Moroi, pegou o Guarda-Pó que eu havia falado, se aproximou em passos lentos como se estivesse tentando me alertar sobre o que faria parando bem na minha frente, ajoelhou devagar o colocando em minhas costas e então me beijando e lá estavam as malditas lágrimas para me trair.
- Rose, eu sei que... -Começou Dimitri, mas coloquei a mão em seus lábios para o impedir.
- Não... Não fala nada, Camarada... Por favor, não. -Pedi suspirando pesadamente, baixando minha mão lentamente enquanto ele balançava a cabeça, assentindo ao meu pedido.
Fui para o quarto de nossas filhas, pois não queria ficar sozinha naquele momento, e a presença dele pela primeira vez na minha vida estava me causando dor demais, ambas dormiam tranquilamente cada uma em seu berço branco, enroladas em mantas feitas pela mãe de Dimitri quando eu ainda estava grávida, as duas num gesto que achei encantador, estavam chupando o dedão da mão com uma expressão tranquila, totalmente alheias ao que acontecia a volta delas, permaneci sentada no tapete rosa que ficava no centro do quarto, observando as duas enquanto uma dor fora do comum invadia meu peito e devorava minha alma lentamente.
Não sei por quando tempo havia ficado ali, porém só me dei conta de que já era de manhã quando a campainha tocou, acordando e assustando as minhas filhas, que assustadas gritaram a plenos pulmões. Peguei ambas, as colocando no carrinho dublo e saí para o hall de entrada.
Rebekah mal havia cruzado a porta e seus braços já estavam em minha cintura, num aperto cuidadoso e me permiti fazer o mesmo com ela, até notar uma segunda silhueta parada na porta. Era Adam.
- Majestade Zeklos. - Falei, imediatamente me curvando em sinal de respeito.
O que eu podia fazer? Era uma reação quase que automática!
- Olá Rose, eu já pedi para não fazer isso. Zeklos fica para o meu pai e ele morreu... Me chama só de Adam... Eu namoro a sua cunhada. Estamos todos em família. -Disse Adam balançando os ombros, parecendo incomodado.
- Está certo Adam, como você quiser. - Falei dando de ombros, pegando Nicolly enquanto Rebekah já acomodava Zoey em seu colo.
Eu não queria tocar naquele assunto, mas ainda precisava saber.
- Ele disse pra onde iria? -Perguntei indo para a cozinha, me permitindo sorrir quando Zoey pegou uma mexa de meu cabelo para enrolar em seu pequeno dedinho.
- Não. -Responderam os dois ao mesmo tempo.
Não respondi ou olhei para eles naquele momento. Não porque estava fazendo birra como uma criança, mas pelo simples fato de que não conseguiria fazer isso sem começar a chorar, como uma maluca descontrolada e aí eu não sabia se iria conseguir parar.
- Passei na sala de reuniões da Rainha a caminho daqui. Ela quer ver você em uma hora na casa dela. - Disse Adam, pegando Zoey de meus braços com um sorriso. -Hey, princesa linda do Tio. Vamos colocar uma roupa bonita para ver a Rainha? Vamos?
- Vai se arrumar. Tomamos conta das meninas, não se preocupe. -Disse Rebekah, me olhando fixamente.
- Está bem. O quarto delas fica no final do corredor. Última porta a direita. O banheiro delas é lá dentro também, tem uma plaquinha na porta. Divirtam-se. -Falei, me permitindo sorrir ao me retirar.
Pelo visto, Adam e Rebekah iriam bancar as minhas babás, pelos próximos dias indefinidos da ausência de Dimitri e honestamente eu não sabia dizer como me sentia com relação a isso, mas também não estava com vontade de discutir.
Após me arrumar, seguimos para a casa da Lissa, a mesma me recebeu com um abraço apertado. Nicolly já estava nos braços dela e Christian logo estava com Zoey. Passamos uma manhã bastante agradável, até a hora do almoço.
- Sua mãe ligou, disse que queria ver você. -Disse Lissa, me parando no meio da cozinha. - Qual é Rose, não faz essa cara para mim. Ok?
- Eu não sou rancorosa com ninguém, e a prova disso é a minha amizade com Jesse Zeklos e Mia, mesmo após toda a dor de cabeça que ambos me deram na época de Academia, mas também não tenho amnésia, Lissa. O que a minha mãe fez quando eu estava grávida... Eu não estou pronta para deixar alguém assim chegar perto das meninas. -Falei, encostando-me na bancada da pia com cuidado.
- Ela foi mandada em missão para Tarasov... E você também vai amanhã. Vão transferir uma conjunta de infratores para lá e precisam de reforço nas escoltas. Coisa rápida, eu juro. -Disse Lissa com firmeza, deixando claro que naquele momento estava agindo como Rainha e não somente como minha amiga.
- E as meninas? -Perguntei rapidamente, apavorada olhando na direção da Sala. - Elas têm tido várias crises de respiração, eu não posso deixar elas assim!
- Christian e eu ficaremos com elas para você e temos tudo preparado para atender as necessidades das duas, incluindo uma sala com os equipamentos de respiração mais sofisticados do país, elas vão ficar bem. Você é o que me preocupa agora. -Disse Lissa parando ao meu lado, pegando a minha mão. - Vai conseguir fazer isso, Rose? Consegue trabalhar com a sua mãe lado a lado numa boa, sem acabar matando uma a outra?
- Vamos descobrir. Aceito a missão para Tarasov, além disso preciso esfriar a cabeça. -Falei, dando um pequeno impulso para frente com o corpo, indo para a sala novamente.
Mary estava de pé, tentando andar sem a ajuda da mesinha de centro, Lucas por sua vez, como um perfeito mini cavaleiro da Realeza já conseguia andar sem a ajuda de móveis ou pessoas, e então em um gesto fofo a pegou pelas duas mãozinhas e começou a puxá-la devagar pela sala.
Me permiti envolver pelo momento e mantive meus outros pensamentos reservados para mais tarde. Estava na hora de lidar com a minha mãe e ser superior.》☆☆☆☆《
Gente, desculpa ter demorado tanto pra postar capítulo novo, mas mesmo depois de tanto tempo aqui está um novinho.
Aproveitem, votem, comentem e indiquem minhas fics.
Amo vocês ♥
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Laços da Alma - Fanfic Academia de Vampiros
FanficLaços da Alma é a continuação de "Escuridão do Espirito". Créditos são todos da minha amiga Yasmin ( @SrtaHathaway) ♥ Sem ela essa história não existiria.