Justiça Sangrenta Parte: 3

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Após dias conturbados de minha internação, em que via constantemente a menina povoando meus sonhos mais profundos.

Pude voltar para meu lar. Com pesar e um terror devasso, fiquei sabendo aquilo que já imaginava.

A menina de 12 anos, cujo nome era Karen, havia morrido a caminho do hospital.

Um remorso me aniquilou naquele momento, quase não pude controlar as lagrimas.

Eu não passava de uma merda de assassino maldito. Merecia apodrecer na cadeia.

Mas um segundo e horrível sentimento entrou em cena com um baque forte e fatal: Eu havia visto um fantasma naquele dia no hospital! Se minha sanidade estivesse em ordem, como acreditava que estava, os olhos verdes e cheios de raiva direcionada a seu algoz, pertenciam a uma aparição.

Depois daquele dia não soube mais o que é ter paz. Aonde eu ia, aonde tentava procurar refugio para meu sofrimento, eu a via.

Se fosse num churrasco com os amigos do trabalho, estremecia ao vislumbrar num canto escuro a menina deformada que me encarava; se estivesse transando com minha esposa, ao abrir os olhos a menina estava deitada no teto com sangue no rosto; atrás de mim no espelho do banheiro, sentada num banco do outro lado da rua.

Não tinha pra onde correr, dizem que é impossível se esconder de um fantasma.

Geralmente nesses momentos todos percebiam meu pavor e desespero.

As mãos tremulas e a pele lívida realçavam as perguntas: " que foi Vinicius? Até parece que viu um fantasma.." E sim... eles estavam certos.

Mas o segredo não foi revelado a nenhum deles, nem mesmo a Suélen minha querida esposa.

Pois eu tinha medo que duvidassem de meu estado mental, tinha medo de ser tachado e internado como louco, ninguém era capaz de conceber espíritos atormentadores caminhando em nosso mundo real.

Se não estivesse acontecendo em minha vida até mesmo eu duvidaria.

Procurei ajuda profissional. Consultei-me com bons psicólogos, que alegaram um desequilíbrio normal causado pelo choque de ter assassinado uma pessoa.

Remédios, calmantes, tratamentos prolongaram dias terríveis para mim, em que até mesmo em minhas horas noturnas de sono eu a via com freqüência sob meu carro, me olhando sem dizer uma só palavra, em pesadelos horríveis e tão reais.

Após o julgamento, em que pude contemplar os mesmo olhos furiosos e verdes da mãe da garota e sentir o peso de suas palavras

" Assassino!!! Você me levou meu bebe!!!... Era tudo o que eu tinha, seu bastardo, filho de uma puta!!".

CONTINUA....

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