Justiça Sangrenta Parte: 4

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Fui absolvido, tendo apenas que pagar uma leve pena comunitária. Karen também estava lá, acompanhou todo o julgamento, parada estática em pé no meio do corredor.

Sangue lhe descia pela face, manchando o vestidinho branco e roto.

Sai de cabeça baixa do tribunal, Quase contestando minha própria pena.

Eu sabia o que de certo merecia, mas o dinheiro e o prestigio de meu nome como renomado advogado haviam falado mais alto.

Entrei no carro sentindo uma grande tristeza tomando conta de mim, as nuvens que cobriam o céu naquele dia, derramaram sua chuva sobre a cidade, como se fossem as tristes lagrimas de um Deus justo, que chora por sua filha assassinada.

Ao chegar ao meu lar, sendo recebido com abraços efusivos e reconfortantes por Suélen; a primeira coisa que vi, foi Karen com seus pés arroxeados e perpendiculares saindo de trás da cortina da grande janela da sala de estar.

"JUSTIÇA", estava escrito com sangue e a letra irregular de uma criança, sobre o branco impecável da cortina que contornava as formas escondidas da criatura. Corri em lagrimas para o banheiro.

Tentei me suicidar naquele dia, mas como nas outras cinco vezes frustradas, a coragem me faltou.

Eu acabei descobrindo que na realidade era um covarde que nunca foi capaz de assumir suas próprias responsabilidades, e não tinha coragem nem para tirar sua própria vida.

Acabei desistindo de tudo que me rodeava, o trabalho ficou de lado, a esposa que chorava pelos cantos da casa temendo pela saúde do marido e o silencio que impregnava sua alma, também foi esquecida.

A única companhia que tinha, era a silenciosa e terrificante figura que passou a me acompanhar aonde fosse, com seu arrastar de pés característico e seu olhar ameaçador.

Logo me vi, trancado em um dos quartos da casa, sendo tratado como um depressivo agudo e me levantando apenas para fazer minhas necessidades físicas.

Estava destruído e acabado.

CONTINUA....

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