— Você está tendo ótimas melhoras, Srta. Jauregui... Logo poderá receber alta e terminar o repouso em casa. Eu sei que é bem melhor. — O doutor cujo nome eu sempre esqueço dizia calmamente e até animado para mim, enquanto estava, provavelmente, checando o meu monitor e senti suas mãos em minha cabeça. Ele estava ajeitando a minha faixa.
— Obrigada, doutor, mas... Quando vou tirar a faixa? — Perguntei um pouco acuada e ele soltou um leve suspiro, como se já esperasse que eu perguntasse isso. — Ainda não, não é?
Ele afagou um pouco meu ombro, e pelo tom que ele começou a falar, percebia-se que ele estava dando um de seus melhores sorrisos encorajadores pra mim. — Sua última cirurgia foi muito recente, então o cérebro está muito sensível ainda a qualquer luz. Seus olhos também estão frágeis, por isso, você ficará com eles pelo menos mais algumas semanas, e se receber alta antes disso, terá que usar tampões. Não quero ser chato, Lauren... — Ele provavelmente viu - parcialmente - a careta que eu fiz e o longo suspiro que dei, e continuou. — São os procedimentos. Estou tentando o máximo para que você fique com o mínimo de sequelas possíveis. - Pude ouvir um chamado para ele, e ele logo se afastou para conversar com alguém. Voltou apenas para se despedir de mim e dizer que tudo daria certo, tive que acreditar.
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Algumas horas se passaram, até consegui cochilar um pouco, mas me acordaram para que eu tomasse os devidos medicamentos e para avisar que uma amiga viria me visitar. Perguntei quem era e disseram que foi autorização de minha mãe, por isso, não precisaram identificar quem era, mas apenas sabiam que era uma garota baixinha e sorridente; Ally. Deduzi sorridente enquanto esperava por ela, mesmo que fosse levar mais de três horas para que ela chegasse. Fiquei conversando com algumas enfermeiras, já que eu não podia fazer nada além disso, até que finalmente me liberaram para ouvir música.Estava tão distraída com minhas musicas que mal notei os passos que denunciavam alguém se aproximando - eu fazia isso sempre, e já conseguia até deduzir quem era pela firmeza ou diferença de som (saltos, sapatos, etc.) que faziam.
Ally me deu um beijo na testa, ou quase, por causa da faixa. Dava pra perceber seu sorriso ao ter seus lábios em meu rosto. Perfumada, como sempre. Pelo visto, era a única que não chegava aqui faltando apenas a marcha fúnebre pra completar o clima funerário. Isso era a minha parte favorita em Ally, ela sempre estava tentando animar a todos, mesmo que ela estivesse mal.
— E aí, branquela, como você tá? — Ela riu baixo, provavelmente percebendo a pergunta que acabou de fazer. — Desculpa, Laur. Quero dizer... Ainda sente muitas dores? — Seu tom passou a ser preocupado e eu sorri. Conheço Ally já faz alguns anos e ela sempre teve esse "instinto protetor", não sei se era por ser mais velha, por sermos muito próximas, ou as duas coisas juntas.
— Só na cabeça, Ally, mas já está bem melhor do que nos primeiros dias que estive aqui... — Suspirei fraco ao me lembrar. — E como você está com o Troy? Eu sei que você está com os olhos arregalados porque eu te conheço muito bem pra saber suas reações. Não é porque estou num hospital que não sei do que você anda aprontando, baixinha. Não se esqueça que temos Dinah Jane no nosso grupo de amigas. — Ri baixo e ela acabou cedendo e rindo junto comigo.
— Eu vou matar aquela gigante! — Ela disse fingindo estar furiosa, mas percebia-se seu tom de divertimento, ela continuou falando enquanto segurava minha mão direita. — Está tudo indo bem, mas não vá muito na ideia da DJ, você sabe que ela adora exagerar nessas coisas... Ele me chamou pra sair hoje, Normani disse que ele provavelmente vai oficializar tudo hoje.
Sorri fraco, já tinham alguns anos que esses dois se enrolavam apesar de ambos se gostarem. Não era muito difícil perceber a alegria que Ally praticamente jorrava em cada palavra que dizia.
- Não se preocupe, eu sei bem como aquela gigante é. Mas, então... Boa sorte no seu possível encontro de oficialização.
Ela agradeceu e depois um silêncio se instalou no lugar, era um pouco desconfortável, porque me lembrava as horas que eu ficava aqui sem qualquer visita. Até que, finalmente, ela quebrou o gelo:
— Lauren, eu sei que você quer perguntar... — Afagou meu braço direito e eu suspirei fraco, tomando coragem para perguntar.
— Como está a Camila? — Perguntei e ela apertou minha mão, não parando de afagar meu braço com a sua mão livre.
— Está bem, se recuperando da lesão no joelho, mas já consegue andar e tudo mais... Só que...
— Só que, o que? — Perguntei preocupada, talvez um pouco impaciente, mas era culpa da preocupação. Ela suspirou baixinho antes de voltar a falar.
— Ela se esqueceu mesmo de você, Lauren... — Disse baixinho, mas eu pude ouvir. Senti minha garganta secar de repente e ela voltou outra vez a falar — Não só de você, de muitas coisas. Ela havia se esquecido dos pais, mas depois de algum tempo ela recuperou essa memória, e está recuperando tudo aos poucos.
Se aquilo me aliviou? Muito. Mas, ainda assim, doía saber que a minha Camz não se lembrava de mim. Será que ela não se lembrava nem de quando nos conhecemos? Pelo menos de quando éramos amigas? Talvez da época em que acabávamos nos encontrando porque tínhamos amigos em comum. Nada disso? Suspirei fraco e logo Ally tratou de me consolar.
— Lauren, eu só te contei isso porque não queria ver você acabar descobrindo quando se encontrar com ela. Mas, pensa pelo lado bom, pelo menos ainda há chances de você fazê-la lembrar de você...
— Sim, eu sei, eu só... Preciso digerir tudo isso, Ally. Você sabe, se por acaso ela não se lembrar de mim vai ser culpa minha... Ou, ou... S-se ela lembrar e mesmo assim estiver chateada comigo por causa disso. — Pude perceber minha voz embargando, começando a me sentir incontornável naquela maldita cama de hospital.
— Acidentes acontecem, Laur, isso não é culpa sua. Quem estava desgovernado era aquele caminhão, cujo motorista já está preso. Então, você não tem o que se remoer por nada, entendeu? — Disse me confortando, mas pude sentir que também estava me dando um leve sermão por estar me culpando.
— Mas, Ally...
— Mas nada! — Me cortou, autoritária, mesmo que ainda se demonstrando paciente e sempre tentando me confortar. — Você não tem culpa e ponto. Não vamos entrar nessa discussão outra vez. Você está viva, Camila também. É isso o que importa. Eu tenho que ir agora, você sabe, sair com o Troy... — De repente o tom dela mudou completamente e eu me permiti rir baixinho. Ouvi seus passos em direção à porta, até que ela parou abruptamente e se virou pra mim outra vez - percebi pelo ruído irritante que seus sapatos causaram pelo atrito com o piso. — Ah! Quase me esqueci... Normani e Dinah disseram que virão amanhã e que farão um carnaval aqui se você estiver dormindo quando chegarem! — Ela disse divertida e bastante animada, me roubando gargalhadas antes de ela se despedir outra vez e ir embora.
Minutos depois, me trouxeram a minha janta - se é que eu posso chamar assim - junto com os últimos remédios do dia. Comi quase tudo, tomei os remédios e não demorou para que eu pegasse no sono já que a maioria dos remédios eram fortes.
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Yaaaay! Mais um cap.Sarah, Vytoria e Thuane são as culpadas por esse capítulo ter saído agora, porque eu ia demorar mais. Hehe
Enfim, qualquer erro eu arrumo depois.
myevilregal no twitter. Fui.
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Remember.
FanfictionUm acidente pode mudar muita coisa. Um acidente pode apagar muita coisa.