O dia nublado na típica manhã de segunda-feira nova-iorquina, fazia jus à aproximação do inverno na cidade.
Embora seja verídico o fato de que Samantha apetecia a baixa temperatura do lugar, naquela manhã isso a incomodava, fazendo-a caminhar até seu carro de cabeça baixa, numa tentativa de bloquear minimamente o frio.
O pouco, porém constante vento gélido que batia em seu rosto, era o culpado tanto por fazer seu nariz e bochechas avermelharem, assim como por jogar os fios loiros de seu cabelo para trás, bagunçando-o e tirando o calor que ele a proporcionava enquanto esvoaçava.Rapidamente puxou o casaco preto sobretudo por cima de si, enquanto que, com a outra mão, também devidamente enluvada, segurava contra seu corpo o característico copo de plástico com o logo de sua cafeteria preferida estampado sobre ele. Aproveitava a alta temperatura que o frappucino quente emitia de dentro do recipiente, a bebida que seria responsável por mantê-la acordada naquela monótona manhã, já que passara toda a madrugada praticamente em claro.
Ao entrar em seu carro sente-se mais confortável quase que instantaneamente. Beberica seu café, notando a temperatura ficando cada vez mais agradável no interior de seu antigo e desairoso veículo. Põe o copo no porta-copos e liga o automóvel, pronta para dirigir à caminho de seu trabalho.
Quando Sam levou a mão à boca novamente, bocejando pela quarta vez, não pode deixar de pensar que deve começar a reprogramar seu horário de sono, talvez estivesse velha demais para passar quase a madrugada inteira desperta, lendo arquivos de seus clientes.
A culpa pertencia não apenas à ela, mas também à um novo caso que lhe foi proposto. Samantha Caskett sempre faz questão de conhecer muito bem os crimes de seus clientes, talvez exija de si mesma mais que alguns advogados, por conta do fiasco que que aconteceu enquanto sua carreira estava tão notória.
Sam chega no prédio de advocacia e entra no estacionamento. Não é difícil achar uma vaga, portanto, logo estaciona e desce do carro rapidamente. A mulher entra no elevador ainda bebericando seu café e espera para que abra em seu andar.
- Bom dia, Dra. Caskett. - disse Kate, a recepcionista, assim que as portas se abriram e ela foi capaz de vê-la, ainda dentro do elevador.
- Bom dia, Kate. - respondeu Sam, com um mero sorriso tanto quanto forçado.
Não que desapreciasse a mulher, pelo contrário, já saiu raras vezes com um grupo de colegas de trabalho, incluindo a simpática recepcionista, entretanto o cansaço a torna um tanto quanto mal humorada em algumas manhãs.
Sam caminha em direção à sua sala ainda tomando a bebida quente que possuía em mão e cumprimentando diversas pessoas que apareciam em seu caminho. Ao aproximar-se do seu local de trabalho, entra no recinto e rapidamente relaxa o corpo sobre uma poltrona.
Pega os arquivos do caso e o revisa novamente, pensando sobre o assunto.
A advogada está apenas lendo os documentos quando escuta três batidas na porta e tem sua atenção cortada.
- Pode entrar. - disse Sam.
Ela já possuía um palpite de quem poderia ser, e se estivesse correta ele não estava feliz, soube disso antes mesmo de erguer o olhar para o homem que acabara de entrar em sua sala e o fitar, notando sua testa enrugada e os cantos da boca curvados, esta era sua feição mal humorada, ainda mais do que a dela própria.
Sam suspirou.
- Senhor Gates. - cumprimentou Sam, não tão alegre ou surpresa. - Sente-se.
- Samantha. - disse Gates, quem nunca a chamava por algum pronome de tratamento ou apelido. - Soube que ainda não recusou o Caso que lhe mandaram. - o homem sentou-se na poltrona rente à mesa.
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O Último Desafio
Mystery / ThrillerAo abrir mão de seguir a profissão de detetive em tributo ao seu falecido pai para dedicar-se à advocacia, Samantha Caskett, com a carreira em ascensão e irrefreável crença na inocência de um réu, aceita o caso que todos de seu escritório rejeitou:...