Capítulo 7 - Lizzie

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- Lizzie? O que faz aqui? - perguntou Sam, no instante seguinte, já que não recebeu sua resposta.

Sam percorre rapidamente todo o corpo de Lizzie com o olhar, a observando da cabeça aos pés, checando se havia algo errado com a irmã.

Seu coração, que havia disparado e batia freneticamente por conta da perseguição que aconteceu anteriormente, mais a surpresa que levara ao encontrar a policial na floresta, finalmente se acalmava, após Sam perceber que não havia perigo à ela.

- Estava passando quando vi você correndo para cá. O que está fazendo aqui há essa hora? - perguntou Lizzie, olhando ao redor do parque tentando achar o motivo dela ter corrido bosque à dentro.

- Não sei... Estava passando e pareceu que gritos vinham daqui. - gaguejou enquanto formulava a mentira deslavada que contava a medida que as palavras saíam de sua boca.

Lizzie semicerra os olhos e franze o cenho. Mesmo que ela não acreditasse, para Sam, definitivamente não era a melhor opção no momento contar a verdade.

Pelo contrário do que aparentava, não sentia-se bem por mentir para todos, embora esteja acontecendo com uma admirável frequência, ela tinha de admitir. As pessoas costumam mentir, e algumas o faz sem problemas no início, entretanto logo depois tornava-se árdua a tarefa de prosseguir. E também, ia simplesmente contra seus princípios morais. Essas eram as principais razões que impedia Sam de praticar tal ato, ou que pelo deveriam impedi-la.

- Aí você vem ver? - perguntou Lizzie. - Não pode sair para... não sei, um bar, como qualquer pessoa normal da sua idade?Tem que vir mesmo para o meio do nada.

A resposta é formulada com um perceptível tom sarcástico à la Elizabeth Caskett, entretanto ao mesmo tempo carregada de prudência, tal como um pai brigando com a filha por meter-se em perigo. Porém, naquele caso o que chamava-lhe a atenção da irmã mais nova por ter a idéia estapafúrdia de ir averiguar o lugar.

- Poderia ter alguém perigoso aqui dentro... vem. - completou Lizzie.

Lizzie tomba ligeiramente a cabeça para o lado, apontando para onde Sam viera. Ela desvia o olhar para onde lhe foi indicado, e compreende que ela desejava sair do parque.

Após dar meia volta e virar-se de costas para Sam, ela pôs-se a caminhar pela pequena floresta.

- É... poderia... - murmurou Sam, repetindo o que lhe foi dito.

Ela vira o tronco para trás e semicerra os olhos, os forçando a enxergar algo que pudesse ter enveredado na escuridão por entre as árvores, já que a pouca luz da praça não atingia a maior parte da floresta.

Sam dar-se por vencida, porém, bufa de descontentamento por ter que ir embora sem nem mesmo ter o conhecimento de quem havia invadido o quarto de Chloe e fugido quando se deu conta que ela o seguia.

No exato dia em que ela decide fazer uma "visita" alguém decide invadir o quarto de uma menina já morta? Não podia ser coincidência. Para Sam, esta é uma palavra que permanecia inutilizável. Simplesmente não deve levar em consideração a existência de tal ocorrência, e quando envolve assassinatos esse pensamento aumenta consideravelmente.

Ela trata de seguir a irmã para fora da pequena floresta, tropeçando por entre as raízes das árvores que jaziam no chão, enquanto sua mente trabalhava arduamente criando todas as teorias possíveis e impossíveis, na tentativa de encontrar uma razão para aquilo que havia acontecido, mas nada lhe parecia plausível e digno de atenção.

Ambas caminhavam lado a lado na calçada em completo silêncio. Sam mantém sua velocidade vagarosa, pé ante pé pelo chão cinzento, ao mesmo tempo em que mantém o olhar fixo em algum pronto qualquer.

Lizzie a observa e o que aparenta é que Sam realmente pudesse ver algo além daquilo. Porém, na verdade, ela está apenas em mais um de seus devaneios, ainda pensando sobre os acontecimentos da noite, mesmo não tendo muita certeza do que havia sido aquilo.

- Quer me contar a verdade agora? - perguntou Lizzie, percebendo seu estado ao encarar sua irmã distraída e de cabeça baixa que permanecia ao seu lado. - Sam?

- O que? - Sam levantou a cabeça de ímpeto na direção de Lizzie, saindo de seu transe ao perceber que ela havia chamado pelo seu nome.

- Como chegou lá? - perguntou Lizzie, virando a cabeça levemente para o lado, indicando que "lá" era o parque.

- Fui na casa da mãe da Chloe. - respondeu Sam.

A pergunta demorou a ser pronunciada, porém no instante em que as palavras saíram de sua boca as mesmas foram formuladas com uma velocidade desnecessária, antes que Sam pudesse mudar de ideia.

Ela fecha os olhos momentaneamente, preparando-se para o sermão que viria a seguir, mas ao invés disso apenas escuta Lizzie soltar uma risada nasalada, e começa a sentir-se ainda mais idiota pelo o que está fazendo e pensando.

- Jura? - disse Lizzie, em tom sarcástico. - Por quê? Que eu saiba a única policial por aqui, sou eu! - disse firmemente, fazendo a fumaça da noite gélida sair pela sua boca e desaparecer gradativamente no ar logo à sua frente.

- Você não entenderia. - disse simplesmente, e continuou caminhando em passos fortes, um tanto irritada com aquilo. Não necessariamente com ela, parecia mais um conjunto de acontecimentos sem respostas concretas e aquilo a aborrecia.

Porém, não ouvindo mais o som dos passos de Lizzie, soube que o amigo não estava a acompanhando. Para de caminhar, e em um suspiro longo, vira-se lentamente para trás, o observando.

- Então acho melhor se esforçar. - Lizzie pisca lentamente na direção de Sam, indicando sua serenidade no momento e que estaria disposto a esperar pela resposta.

Ela possuía o conhecimento de que a policial tentaria excluí-la ainda mais da investigação se a mesma achasse minimamente necessário, não era difícil prever, mas Sam sentia constantemente que algo estava errado, algo próximo à ela e referente ao Caso Parker, esta sensação a acompanhava até mesmo naquele momento onde apenas pensou sobre o assunto.

Lizzie arquea a sobrancelha em um gesto de estar esperando a resposta de sua pergunta.

- Pois acho que terá mais mortes. Acho não, sei disso!

- É uma possibilidade...

- Lizzie... - começou Sam, antes de travar abruptamente - Espere, o que? Então concorda comigo?

- Claro, acha que não pensei sobre isso? Mas sou policial, há procedimentos a serem seguidos, não pode seguir apenas intuição. Não quero pensar que o pior esteja acontecendo... pois eu acho que está.

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