Julho.
2:23pm. Universidade de Londres.
Alyson's POV
As duas horas e meia da viagem de trem não me fizeram raciocionar logicamente sobre como seria voltar para a Inglaterra. Dois meses depois da minha última visita, eu ainda não tinha certeza se estava pronta para pisar em Londres, muito menos se ainda era bem-vinda.
Estar ali não tinha sido minha ideia, muito menos minha vontade própria. Mas minha mãe havia, com muita insistência pelo telefone, me convencer a passar as férias de verão em Liverpool. Meus protestos ecoaram com fraqueza em seus ouvidos se comparados aos seus argumentos de que eu não deveria passar todo o verão sozinha em Paris, tanto por fazer um ano da morte de Emily quanto por ter terminado com Jake.
Em poucas palavras, enviar uma carta de despedida para Chad fez o efeito contrário do que eu desejava. Ao invés de me afastar de vez do meu passado em Londres, foi quase impossível para mim estar com Jake pensando todo o tempo nele. Um mês depois da carta ser enviada, pedi um tempo, o que logo de cara fez Jake entender que não teríamos volta. Era claro que ele ia desaparecer e foi assim que descobri que eu não tinha muitos amigos em Paris.
Por fim Sophie estava certa, eu era uma idiota egoísta. Uma idiota sem falar com sua melhor amiga há dois meses.
Então quando Julho chegou, sem muitos esforços fiz as malas para visitar minha avó e Luke. Eu teria pego um voo direto de Paris para Liverpool, mas Beatrice Schmidt era uma mulher insistente. Um dia em Londres, ela pediu. Eu a encontraria no seu trabalho, almoçaríamos juntas, faríamos compras e no fim do dia iríamos juntas para Liverpool. Não sem antes visitarmos o túmulo de Emily.
Quando cheguei na sexta-feira, nada havia de fato mudado. O vento frio continuava assolando a cidade mesmo em pleno verão; as pessoas continuavam se atropelando nas ruas em suas correrias pessoais e os mais belos prédios históricos continuavam erguidos majestosamente em suas praças. A Universidade de Londres continuava magnífica desde a minha última visita, ainda aos dezesseis anos de idade.
A sensação de andar pelos corredores e ouvir música das salas de aula era maravilhosa, como se estudar fosse apenas uma grande diversão. As aulas de verão na UL eram voltadas em especial para música e teatro, o que dava para minha mãe pouco trabalho durante as férias. A sala da professora Beatrice Schmidt ficava no terceiro andar, mas antes mesmo de atingir o bloco do Departamento de Letras, avistei rostos familiares no campus.
Apertei os olhos, mas não havia discussão quanto ao que eu enxergava. Apesar do longo tempo sem vê-los e da distância, eles eram notáveis. Entre as árvores, Jack e Ryan Powell vinham caminhando pelo gramado em minha direção. Eles não haviam me visto, mas da onde eu estava eu pude parar para observá-los. Cada um segurava a mão de uma menina de no máximo um ano e meio, ambos balançando-a no ar e rindo como uma família feliz de um comercial do governo.
Aquilo significava que eles haviam conseguido adotar alguém após a história com Emily? Eu estava surpresa que minha mãe não havia mencionado aquilo se eu considerasse que ela e Jack eram colegas de departamento.
Observei a menina e mesmo de longe, sua beleza era indiscutível. Ela não tinha todos os dentes da frente, o que a tornava absurdamente fofa quando sorria para um dos dois pais. Usava um vestido rosa florido e sapatilhas azuis, combinando com um laço da mesma cor na parte de trás da cabeça, prendendo os cachos que caíam em cascata em seus ombros. As mãozinhas agarravam com força os dedos dos homens e ela tropeçava a cada dois passos que dava. Era tão pequena, mas parecia tão crescida.
Por algum motivo, senti que aquela menina não me era estranha, como se eu a tivesse visto em algum momento da minha vida.
Permaneci parada esperando que eles me vissem. Cruzei os braços, ainda com um estranho sentimento acumulado no meu peito. Aquela menina poderia muito bem ter sido Emily se eu não tivesse desistido de dá-la para eles. Se ela estivesse viva.
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Here Comes The Baby
RomansaCom toda a sua vida planejada, ela sempre foi orgulhosa e prática com os seus sentimentos. Por isso não quer de jeito nenhum admitir que está grávida aos dezessete anos. Nem que pode estar se apaixonando pela primeira vez. Cercados por famílias cont...