Capítulo 6 - Parece perfeito.
Acho que nunca me imaginei num lugar desses, mas convenhamos, eu nunca imaginei em lugar nenhum, para falar a verdade. Não sou daquelas menininhas que se preocupam o tempo inteiro com o estado do cabelo, ou se terei alguma festa no fim de semana para ir. Então eu nunca tinha planos para o futuro. Não imaginei nem como Hayes me chamaria para sair, mas, se tem uma coisa que eu imaginei, era a reação dos meninos ao me verem entrando no quarto em que estavam num hotel em Charlotte.
- Mia! Que susto nos deu!
- Miaaa!
- Não faça mais isso!
- Aprenda como responde mensagem!
- Não nos ignore!
- Nos deixou preocupados!
Foi isso e muito mais que eu ouvi enquanto era meio esmagada pelos braços de dez garotos de uma vez só. Dez? Olhei em volta assim que os soltei, procurando os olhos azuis que me puxavam como ímã. Até que o encontrei logo atrás dos outros, esperando pacientemente sua vez para me cumprimentar. O que achei super fofo da sua parte.
Abri os braços, sorrindo. - Não vai me abraçar, não, Grier?
Hayes abriu um sorriso lindo, que parecia me hipnotizar, e me abraçou pela cintura, girando-me no ar. Por um segundo esqueci de tudo e simplesmente aproveitei a sensação de paz que seus braços me traziam. Eram um porto seguro e a promessa do esquecimento de todos os problemas. Só me perguntava porque nunca o conhecera antes. Em algum momento, enquanto ainda permanecia abraçada a Hayes, os outros saíram. Não sei se eles saíram realmente tão silenciosamente, ou se eu estava tão atordoada na presença de Hayes, mas quando me afastei dele, não vi mais ninguém naquele quarto.
- Por quê não respondia minhas mensagens? - ele perguntou, e eu quase não consegui olhar em seus olhos desamparados.
Engoli em seco e entortei a boca, procurando alguma coisa que eu pudesse falar para o caso.
- E-eu... Estava muito ocupada com os estudos, precisava me dedicar bastante. - eu disse o que sempre dizia a ele e os meninos durante as últimas semanas.
Hayes, porém, segurou minha mão na sua, observando nossos dedos entrelaçados e eu rezava para que ele não percebesse meus dedos tremendo pelo seu toque.
- Eu sei que não é isso. - ele disse depois de alguns minutos brincando com meus dedos, e eu abaixei a cabeça, sem coragem de olhar diretamente em seus olhos azuis. - Sabe que pode me dizer, não sabe?
Mordi o lábio nervosamente, decidindo-me se falava ou não.
- Fiquei meio chateada, só isso. - respondi em voz baixa, esperando sinceramente que ele não tivesse ouvido.
- Você parou de conversar comigo no dia em que Carter postou o Vine. - ele observou, ainda com os olhos em nossos dedos entrelaçados e eu aproveitei para ficar observando seus traços faciais, que apesar de não serem delicados como de Nash, me encantaram à primeira vista. - Foi pelo que eu disse no Vine?
Apertei minha mão livre em punho atrás das minhas costas nervosamente. Eu sentia minhas bochechas queimando de vergonha, mas infelizmente não era algo que eu pudesse impedir.
- Talvez. - respondi, por fim, baixo demais para ele ouvir, mas acho que ele tinha uma audição super sônica.
- Sabe que eu estava falando de você, não sabe? - ele perguntou em voz baixa, corando. Achei a coisa mais fofa que já vi e, se eu também não estivesse quase morrendo de vergonha, eu teria apertado suas bochechas.
- Foi o que Lox falou quando me ligou ontem. - respondi, sem conseguir esconder o sorriso lateral que ameaçava surgir em meus lábios.
- É, eu vi quando ela saiu pra te ligar depois que Shawn postou um vídeo no canal dele.
Hayes não soltou minha mão, mas usou a outra para coçar a nuca num claro sinal de nervosismo. Agora que meunervosismo começava a passar, eu via o quão fofo estava aquela cena.
Sorri torto, sem conseguir evitar e procurei por seu olhar até que ele olhou para mim.
- Aquilo que o Nash tinha dito é sério?
Hayes mordeu o lábio e desviou o olhar. - Talvez.
Agora que eu percebia o quão ridícula eu tinha sido quando vi o vine do Carter, dava para ver que ele falava de mim. Por mais que ele negasse, suas reações o contradiziam, e isso fazia algo aflorar em meu peito como uma chama de esperança. Talvez minha mãe estivesse certa e a idade realmente não importasse.
- Tudo bem, já que não sou eu, melhor eu ir. - eu disse, prestes a me virar.
Não era só porque eu tinha um pingo a mais de esperança do que há dois dias que eu ficaria ali fazendo papel de trouxa.
- Não, Mia, espera. - ele pediu, segurando meu pulso e impedindo-me de sair. - É, eu estava falando de você sim.
Sorri abertamente, mas ele não viu por estar com a cabeça abaixada. Toquei seu queixo e o fiz olhar diretamente para mim e eu vi de perto seus olhos azuis com um brilho lindo no qual eu adoraria me afundar. Sorri novamente, como se o incentivasse.
- O que acha de sair comigo hoje depois do evento? - ele perguntou num fôlego só, como se tivesse medo da coragem ir embora.
Arregalei os olhos, como se não acreditasse no que meus ouvidos me diziam. Tudo bem que criei certa esperança depois do que Mahogany e minha mãe falaram, mas não achei que ele iria realmente me chamar para um encontro.
- Eu sei que você é mais velha e... - ele começou ao me ver calada, quase assustada.
Mas eu não o deixei terminar. Praticamente voei em seus braços, e ele riu quando quase caímos no chão, mas não me importei. Hayes me apertou mais em seus braços e, talvez pela primeira vez na minha vida, não me importei em ser uma adolescente de dezessete anos baixinha. Apesar de Hayes ser três anos mais novo que eu, ele era mais alto que eu e isso me passava um conforto que jamais pensei encontrar em alguém.
- Eu não me importo com a idade, adoraria sair com você. - eu disse, ainda abraçada a ele, e ri baixinho ao ver os pelos de sua nuca se arrepiarem.
Hayes se afastou um pouco de mim, mas não tirou seus braços da minha cintura e eu não tirei os meus de seus ombros. O sorriso em seus lábios não permitiria que eu me afastasse um centímetro a mais que fosse.
- Tem um parque de diversões aqui perto, podíamos ir lá. Ou você acha clichê demais? - ele perguntou, receoso.
Eu, porém, sorri com a ideia. - Parece perfeito.
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I Ain't Gon Do It
RomanceSer irmã de um viner nunca foi fácil. As pessoas esperam mais de você do que imagina, mas isso não é o caso. O caso é as coisas boas que isso me trás. Como conhecer os amigos bonitos e engraçados de Cameron. Como conhecer ele. Acredite, isso eu não...