Parte 5

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"Doug, assume o flanco da direita, você tem exatos 49 segundos para entrar na cidade. Gabs, como está o domínio da praça?"
"É o Franklin, que chegou para fic-"
"Gabriel!"
"Está tudo bem aqui, Ana e os meninos já estão na porta da igreja, falando nisso, ANA JOGA LOGO A GRANADA, JÁ JÁ O DOUG TÁ AQUI E  A GENTE TEM QUE IR COM ELE!"
"Marina e Hanna, vocês tem alguns poucos segundos restantes ai na frente, fizeram um ótimo trabalho, assim que der se juntem com o PH e vão para a praça!"

Em cima do prédio a Marechal-do-ar Lívia observava com calma a operação se desenrolar, não conseguiria explicar como chegou aquilo, tentava não pensar muito. Há pouco tempo atrás ela estava acostumada com a redação do Jornal que trabalhava e expressões como "perder a cabeça" ou "morrer no trabalho" não tinham a força literal de agora. Era assustador demais para ficar pensando nisso, então simplesmente deixava que as coisas acontecem e rezava para que as coisas desenrolassem como ela e PH planejaram.  

Odiava tudo isso.

Não saber se estava fazendo as coisas certas, não ter controle sobre o resultado final, sempre odiou, se encaixava naquela coisa de opostos se atraírem. Buscou no radar e depois com os olhos, virando a esquina da praça estava ele. Ficou aliviada, via na roupa dele o quão difícil tinha sido a batalha no setor baixo da cidade. Pelo rádio ela e Luiza acompanhavam tudo sempre, mas, mesmo depois de uma confirmação de missão concluída você só ficava calmo quando via a pessoa.

A praça estava começando a lotar, o esquadrão de Doug já entravam pela lateral da igreja, PH e seus soldados vinham pela esquina, tomar a igreja era essencial, os de lá haviam construído um túnel que ligava a igreja a um reator e além de poder destruir o reator ter finalmente um caminho direto para a central deles ia ser uma vantagem estratégica incrível. Essa com certeza era uma operação essencial para a humanidade.

Doug, PH e Gabs se reuniram no centro da praça, a Igreja estava limpa, mas, não poderiam ir explorar os tuneis agora, uma força de ataque dos de lá estava vindo para a cidade, co-ordenavam então uma forma de defender a igreja, o que parecia impossível cada vez que eles pensavam. A praça tinha nada mais do que 5 ruas grandes de acesso, tinham menos de 50 homens e  Kaio não poderia ficar para dar suporte aéreo. Era certo que iam demolir uma das casas para fechar uma das vias de acesso, e algum pelotão teria que ficar na igreja para ser uma ultima linha de defesa, além da possibilidade deles usarem o túnel para nos acertar na retaguarda. A situação piorava com o tempo.

Não tendo tempo para descer e se reunir com os outros oficiais Lívia tomou o rádio em mãos e propôs algo.


"Coloquem Cargas no prédio ao meu lado, assim eu posso cobrir tanto a entrada a minha frente, de onde você veio Doug, quanto a da minha esquerda, não se preocupem eu e a Luiza damos conta."


Ela falou um pouco nervosa, não que alguém além de PH pudesse perceber isso. Ele olhou para o prédio onde ela e Luiza estavam e sorriu complementando "tudo bem, eu confio em você."

O Marechal continuou:

"Doug, você vai suprimir as mesmas vias que a Lívia, tente não se adiantar e atrapalhar elas. Gabs, chame alguns do seus homens e dos meus, você vai assumir a via da direita da igreja, eu vou ficar com a saída sul restante, peguem os sacos de areia e montem logo as barricadas, temos menos de uma hora para o anoitecer..."


Olhou para o céu e completou temeroso
"Vai chover... Contatem o General-de-brigada Kaio e digam para ele voltar para a base e reabastecer"

Livia reagiu pelo rádio:

"Não mesmo! E se precisarmos dele agora? E de onde tu tirou que temos até o anoitecer?  Até onde sabemos eles já podem estar vindo homem de Deus!"


PH olhou para ela, riu novamente e questionou:
"Ai cima está frio amor?"
"O que??"
"Ai em cima, está frio?"
"Sim..."
"Em um dia frio você sai cedo de casa para chegar a um local ou se atrasa sabendo que todo mundo vai se atrasar? Temos tempo... Doug, Gabs, vamos logo."

Enquanto iam empilhando os sacos de areia e derrubando coisas na rua para criar algum obstáculos Doug ia  armando algumas armadilhas com cargas de C4 de formas que ficasse fácil para a resistência acertar a distância antes que os de lá se dessem conta. Depois de demolir o prédio ao lado da Lívia ainda sobraram muitas cargas na bolsa, antes de poder armar elas Doug ouviu na rádia:

"General-de-Brigada Kaio, agentes de campo informaram que um grande pelotão está saindo da central rumo a igreja, vocês tem pouco tempo, se arrumem e queimem esses filhos da mãe! Em 20 minutos eu chego na festa!"

O Marechal PH Reuniu todos no centro da praça:

"Eu queria saber o que dizer para motivar vocês para irem a morte sorrindo e felizes. Eu não sei. Eu só sei que eu não quero morrer hoje, se alguém quiser por favor se sinta a vontade de ir ficar na torre do sino da igreja. Esse é o provavelmente o ponto de virada da resistência, temos que segurar essa rota para a central, espero que não com nossas vidas, espero mesmo..."

Todos se entreolharam e o Marechal questionou:

"O que estão esperando? Que eu grite para a morte? Se mexam! Para as suas posições bandoleiros!"

Já era noite quando se pôde ver no horizonte o amontoado de inimigos. Mais do que em qualquer outra batalha já enfrentada pelo bando. A grande maioria eram esticados, poucos veículos, algo coberto. Seria difícil, mas, não impossível.

Livia e Luiza estavam os rifles de longa precisão em cima do prédio, cada uma apontada para uma das ruas. Ana e Caique assumiram as janelas da igreja e o túnel, todo o resto se concentrava na praça. O silêncio foi quebrado com o primeiro disparo de Livia. Um disparo perfeito cruzando 1200m, Craig Harisson em pessoa aplaudiria de pé. Apesar da tecnologia eles não costumavam engajar de longe, talvez por que preferiam atacar com os gigantes por perto e esses não tinham armas de fogo. De qualquer forma era um começo para a resistência.  Eles caminhavam mais rápidos a noite então ficava mais complicado.

PH olhou para o fundo da sua rua, algo se mexeu no teto de uma casa, pequeno daquele jeito ele preferiu não arriscar, antes mesmo que visse as orelhas gritou:
"Baratas no setor sul, abrir fogo! Abrir fogo!"
E então o inferno começou.

O problema de acertar os baratas é que eles deixavam ovos quando morriam e esses ovos exalavam um gás horrível, então você tinha que se livrar deles o mais longe possível. Junte isso a estatura deles (em média 1 ou 1,5m) circulando aos montes pelos obstáculos jogados no chão e você tem uma péssima combinação.

E esse não era o único problema.

Por mais que Doug explodisse suas armadilhas no chão, a quantidade de esticados não parava de aumentar, Livia e Luiza estavam  quase sem munição, no rádio Kaio deu a que parecia ser a única boa notícia da noite.

"Desculpem a demora senhoras e senhores, cheguei"

Vindo pelo setor sul Kaio começou iluminando as baratas para PH e ajudando Gabs, não demorou muito para PH perceber que não iria se livrar de todas baratas e por mais que lhe doesse, era melhor

recuar. Agora costa a costa com Gabs, Ph pode ouvir doug no rádio:

"Marechal PH, eles não param de aparecer, preciso de reforço urgentemente!"

Kaio seguiu com seu helicóptero para o setor de Doug. E só então ele entendeu por que  não paravam de surgir esticados. E era horrível.

"Marechal, eles tem um veículo diferente escondidos atrás do setor do Doug, eu não consigo explicar, mas, parece algo vivo, de dentro dele vários soldados estão saindo... Aqueles parecem ser... Marechal, aviso, Mariposas no ar, aviso, mariposas no ar! Recuando para ponto seguro!"

Mariposas, o pesadelo da resistência.  Se você não sabe do que estou falando, sorte a sua. Apesar do nome, essas são os piores de lá, são seres que voam, no meio do tronco  entretanto existe uma boca que não necessariamente é ligada a um intestino. A presença delas  no campo de batalha significa uma importância enorme para eles.  E com os poucos soldados, o fim da batalha da resistência. Destruir esse veículo era o objetivo principal. O marechal ordenou pelo rádio:

"Gabs, assuma a ponta esquerda da igreja no lugar do Doug! Doug, você pegue dois homens e faça com que esse veículo entre no ponto de visão da Lívia, vai, vai, vai!"

Como um relógio  todos fizeram o que tinham que fazer, Kaio seguiu a ordem padrão, na presença de Mariposas o suporte aéreo tem que levar o máximo possível delas para longe do campo de batalha,  os soldados em terra já tem preocupação demais. As explosões que Doug começou a fazer para afastar o veiculo para frente já podiam ser ouvidas. 

A resistência estava cada vez mais encurralada. Os soldados já tinham perdido o setor sul e o setor da direita já estava quase completamente perdido,  Livia e Luiza viam de longe a situação piorando e desceram para se unir com os soldados. 
Assim que o veículo surgiu no fim da rua Ph se pôs a correr. Tomou uma das armadilhas ainda não detonadas de Doug e gritou:

"Eu preciso de cobertura! Dois comigo, vamos acabar com essa palhaçada!"

O único setor livre agora era o da esquerda, Kaio voltava da missão de isca que lhe fora incumbido. Sozinho, Ph chegou ao veículo, olhou para a esquerda e viu Doug lutando por sua subida até a igreja novamente. Era a chance perfeita, tirou a bomba da bolsa que carregava, subiu no que pareciam ser garras presas, viu o rastro do que parecia ser o veículo.

Era algo como um túnel, sobre rodas,  de dentro um cheiro horrível invadia seu nariz.
Ouviu um eco vindo de dentro . Não era um túnel. Era um verme.

Provavelmente ligado a algum acampamento próximo de algum forma os de lá utilizavam ele como uma forma de ligar o campo de batalha. Era a hora de acabar com aquilo, colocou a armadilha dentro do ser, e saltou para fora.

Lívia viu Ph saindo, ele olhou para ela e sorriu.
Antes de sentir a cauda de uma mariposa segurando-o e levando para ar. Como um ultimo reflexo ele mirou na armadilha e disparou, o raio da explosão cobriu ele. 
Poucos soldados restavam, Doug recuava, Gabs estava sufocado por três setores. 

O que parecia ser a grande virada da resistência se tornava a maior derrota de todas.

Resistência de RumaOnde histórias criam vida. Descubra agora