Parte 4

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"Com muito pesar eu confirmo a morte do Marechal... Não Não... É com muita relutância que... Ainda não... A partir de hoje a Marechal do Ar vai assumir o ponto de controle devido a morte de nosso Marechal..."

Aquilo era uma ótima definição de inferno pensou Luiza.

"Hoje é um dia triste para a resistência. A derrota em nossa ultima investida trouxe muitas mortes, dentre elas a do nosso Marechal"

Estava ficando melhor.

"Mas em tempos como esse é que provamos nosso valor, o Marechal uma vez me disse que não é o bom momento que faz um guerreiro e sim o pior deles, vou ser realista, esse pode não ser o pior deles! Mas é um momento único para refletirmos sobre esforço, sobre sacrifício, esse não é um momento para pensar em quem morreu e sim sobre quem voltou.

Era isso que o Marechal iria desejar, que seguíssemos em frente!

A humanidade não se resumia a ele, essa é a verdade, não se resume a nenhum de nós, se resume em nossos esforços para deixar uma terra segura para nossas crianças. Uma terra em que vamos poder lembrar do passado em paz, quando essa terra existir poderemos entrar no luto que muitos de vocês desejam. O Marechal sempre buscou coragem em cada um de nós para ele mesmo vencer seus demônios, pois bem, agora busquem nas memórias que vocês tem dele a coragem para enfrentar os seus."

Sentir orgulho em preparar um discurso fúnebre parecia muito errado, mas, de certa forma Luiza sentia que aquilo iria ajudar a todos. Só falta um final.

"E se você em algum lugar estiver ouvindo isso Marechal, saiba que vamos seguir sua batalha."

E finalmente o brinde.

"Ao Marechal PH Santos, para sempre vivo na chama dos nossos corações!"

Talvez fosse diminuir a melancolia do brinde antes de entregar o discurso a Marechal do Ar...

=

Uma explosão.

Caique olhou para trás de relance, a mina que estava pronta para ser detonada por Rudiney ainda estava lá, então de onde era o barulho de explosão?
Não havia tempo para ir investigar.
Sacou sua arma e começou a disparar contra o agressor de Ana, se ele deixasse Ana morrer ali Rudi iria escalpar ele vivo.

Ana já não via mais nada, ouvia de longe os disparos que deveriam ser de Caique contra o gigante. Suas costas doiam... Duas ou três costelas deveriam estar quebradas.

Mas ela sentia um calor e um liquido saindo de seu corpo... Sangue?

Suas forças ainda permitiam que movesse seu braço até suas costas para perceber que ela não tinha sido socada, mas, apunhalada. Só então se deu conta que não era dor que a impedia de abrir os olhos, havia alguma coisa no que parecia ser uma faca que o gigante carregava consigo.

"Qual será a duração dessa toxina? É mesmo uma toxina?"
E então os barulhos de disparos cessaram.

Usando a frente do veículo de transporte Caique olhava somente um dos Esticados que perseguiram Rudi voltar, onde estava Rudi?
"Isso não pode ficar muito pior." Checou a sua bolsa de munição, viu somente um pente sobrando, amaldiçoou a si e a boca grande que tinha.

-
"Marechal do Ar, permissão para avançar até a área de pouso"

Ao Marechal PH Santos, para sempre vivo na chama dos nossos corações... Você faz falta amor.

"Marechal do Ar, permissão para avançar até a área de pouso, já tenho contato visual com o esquadrão de Ana"

E realmente faz... Eu não sei se vou aguentar essa barra sozinha...

"Marechal do Ar, Lívia, Eles estão sofrendo um ataque pesado lá em baixo, temos ou não a permissão?"

Pelo amor de Deus home mata logo esses bichos e salva eles, e pode ir descendo a rampa, vou falar com eles...

-

Uma chuva fina começava a cair

Caique observava o esticado vir ferido e desarmado caminhando de volta ao comboio, ouvia os passos do gigante que por um momento esqueceu de Ana, provavelmente era o fim. Mas se fosse para morrer, queria morrer como o Marechal PH. Em batalha.

Recarregou a pistola e se abaixou para ver a posição do gigante por baixo do veículo, estava muito perto. Não sabia se o esticado já o tinha visto, então não queria arriscar tudo contra o gigante e não ter cartas para jogar depois.
Com a arma em punho Caique se abaixou e tentou entrar na parte de baixo do veículo, descobriu que ele não conseguiria entrar naquele espaço muito apertado. Só restava tentar contornar o veículo.

Ainda agachado Caique olha mais uma vez para o Esticado, mas, dessa vez, o esticado parece o olhar de volta, por um segundo os dois finalmente se encaram. Não que Caique realmente conseguisse ver os olhos dentro da bioplate do esticado, mas, ele sabia que tinha sido avistado. Medo. Somente isso. Um zumbido começa a preencher o ar, ficando cada vez mais alto, até se tornar totalmente presente. Caique olha para o céu.

A salvação vinha do céu.

Aquela aeronave recebeu o apelido mais do que merecido, o anjo. E na cabine do anjo já se podia ver a Marechal do Céu encarando a situação. Ela encara o jovem e aponta o dedo para o corpo caído de Ana.
Uma dose de adrenalina faz com que Caique dispare para o corpo de Ana, abraçando-a contra seu corpo e correndo sem querer saber o que acontecia atrás dele.
Assim que tomou uma distância segura ele podia ouvir a metralhadora do anjo disparando contra o gigante e o esticado, apesar da bioplate ainda aguentar um pouco os corpos logo explodiram e espalharam a característica gosma verde por toda a estrada de terra.

Caique desaba no chão com o corpo de Ana, muito cansado, mas, igualmente aliviado.

O anjo toca o chão e de dentro Caique reconhece Gustavo e Breno correndo para o veículo com o que parecem ser maçaricos em suas mãos, Diego já vem pôr o corpo de Ana na maca, levando-a para a estação de primeiros socorros do anjo. A Marechal do Ar fala algo no ouvido de Ana que ainda está paralisada. Caique se coloca de pé.

"Meu querido, me acompanhe por favor."

Caique e a Marechal seguem até o veículo de transporte, Breno e Gustavo já terminaram de abrir o veículo e estão trazendo o que parece ser uma capsula para fora... Ou seria um caixão? Assim que eles arrancam os tubos que estavam ligados a capsula começa a abrir, todo o liquido que havia dentro se espalha pelo chão revelado um corpo. Humano. Que parece ainda estar vivo.

Os 3 soldados se põem a frente da marechal.
O humano estende a mão e o sussurro dele é para a Marechal é pior do que qualquer exercito Marciano.

"Lívia ?"

A Marechal do ar passa dos soldados e não consegue acreditar no que está vendo.

"Amor? Não é possível, eu vi você morrer! Eu vi!"


Resistência de RumaOnde histórias criam vida. Descubra agora