Minha mãe e eu sempre vivemos nos mudando, ela que me educava em 'casa', nós nunca ficávamos no mesmo lugar por mais de cinco meses, morávamos em trailers e em motéis, nunca soube o que era um lar de verdade igual às outras crianças que via. Nunca tivemos um lugar certo para voltarmos, éramos uma equipe, só nos duas. Éramos livres. Pelo menos é isso o que eu gosto de pensar.
Mamãe escrevia para jornais por e-mail, e publicava livros infantis, ela era muito fantasiosa e o dinheiro caia em sua conta todos os meses, era o suficiente para nos manter sempre viajando. Pensando assim, parece ser uma vida bem estranha e instável para uma criança pequena, mas não acho, era mágico, sempre conhecíamos tudo e a todos.
Eu tive a melhor infância do mundo, comiamos sorvete todos os sábados, brincávamos juntas e fazíamos descobertas novas todos os dias. Sempre assávamos biscoitos juntas, eu era sua ajudante especial, ela deixava eu brincar com as outras crianças, mas elas sempre eram cruéis, porque eu era uma estranha, depois de um tempo parei de tentar. Mas eu não precisava delas, eu tinha minha mãe.
Ela me ensinava todas as manhãs às matérias necessárias e a noite ela me contava historias, todas as noites era uma diferente. Mamãe era incrível, um espírito livre indomável e luminoso. Quase nunca perguntava o porquê de nós não termos uma casa. Achava aquilo tão normal.
- Katy K – mamãe me chamou pelo meu apelido em um domingo ensolarado na praia – eu te amo muito sabia?
Os domingos na praia eram sempre os melhores, sempre que estávamos em uma cidade praiana visitávamos a praia, geralmente era um evento importante, tínhamos muitos preparativos.
Tínhamos que levar uma grande toalha, com almofadas fofas e um grande guarda sol, eu era a responsável por colocar tudo isso dentro do carro. E mamãe era a responsável pela comida, eram deliciosos sanduiches de peito de peru acompanhado de suco de laranja. Eu amava. Eram os melhores dias com mamãe. Ela se repousava nas almofadas escrevendo enquanto eu corria e brincava ao redor, depois ela me contava historias, e eu ajudava às vezes.
- Sei sim mamãe – respondi imediatamente enquanto tentava com muito afinco construir um castelo na areia.
- Você gosta da sua vida, não gosta? – ela perguntou preocupada
- Claro que sim mamãe – respondi sorridente – Eu tenho a melhor vida de todas, olhe a nossa volta mamãe, o mundo é a nossa casa, a gente pode fazer tudo o que quisermos!
- Sim gatinha, o mundo é o nosso quintal.
- Mamãe, por que nunca ficamos em um só lugar igual às outras crianças? – perguntei depois de um tempo.
- Ora filha, já te respondi, somos princesas. – ela falou de uma maneira especial, era sua maneira de contar historias.
- Princesas? Mesmo? – arregalei os olhos enquanto dava pulos pela areia, já fazia planos de conhecer um príncipe especial, e ganhar uma coroa bem grande com pedras preciosas.
- Sim, sou a Princesa Donnatella e você é minha filha Princesa Katherine, somos princesas viajantes. – ela deu um de seus sorrisos secretos que tanto amava.
- Como assim viajantes mamãe? - Era uma criança muito curiosa, igual a minha mãe, sempre me metia em encrencas.
- Princesas que viajam todo o mundo! – Respondeu animada, seus lindos olhos verdes brilhavam. Eles sempre brilhavam.
- Somos nós mamãe! – gritei mais animada ainda.
- Sim Katy K! Somos nós! Nós viajamos o mundo em busca de novas aventuras para contar para o reino quando voltarmos. – Nesse momento ela ajeitou o guarda sol melhor para cobrir a nós duas, e afagou meu rostinho sorridente.
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Eterno
Novela Juvenil"Você acha que conhece a morte. Mas não conhece. Não até vê-la. Enla entra em suas veias e vive dentro de você. Também acha que conhece a vida. Fica a par das coisas e a vê passar, mas não está vivendo. Não de Verdade. É apenas um turista. Um Fantas...