O Passeio

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Catherine Cosmos 


O Roberto levou-me ao parque que se situava perto da casa dele, fica um bocado longe da minha, mas até é agradável. 

"Estás a gostar do passeio?"

"Sim, estou. Até agora está tudo muito bom."

"Ainda bem que sim."

Estivemos a falar sobre as nossas vidas durante estes anos todos afastados um do outro, o passeio inteiro; Não sei se é possível isto durar para sempre, mas quando demos por nós, o sol já se estava a pôr no horizonte.

"Já está a começar anoitecer e eu tenho que voltar para casa."

"Não faz mal, eu compreendo o facto da tua mãe andar muito protectora ultimamente."

"Sim, nem isso consigo entender o porquê, ela nunca foi assim para comigo e até o meu irmão, mas a pessoa mais afectada no meio disto tudo sou eu."

"Sim, eu compreendo. Já tentas-te conversar com ela?"

"Já "ameacei" de começar a investigar, já tentei de tudo, mas o silêncio domina-a sempre."

É impossível o Roberto compreender a minha situação, nem mesmo eu consigo compreender, simplesmente não existem razões para isto tudo e a minha vida era "perfeita" antes de ela começar a preocupar-se a 1000 à hora.

"Tenta conversar mais uma vez com ela, pode ser que consigas descobrir mais alguma coisa."

"Vou tentar, mas amanhã. Hoje já vou chegar tarde a casa e ela vai logo começar a mandar vir comigo, como quem diz, vai chatear-se imenso e fica sem paciência para responder a quaisquer pergunta que eu decida propor." 

"Faz isso. Vamos andando!"

Saímos do Parque e acabei por o deixar em casa, pois eu ainda tinha algum caminho para percorrer antes de chegar a casa. Quando cheguei, a minha mãe já me esperava sentada no sofá da sala, por estranho que pareça.

"Por onde andas-te? Chegas-te 30 minutos atrasada a casa, fiquei preocupada."

"Mãe, tem calma. O caminho é longo, mas vim sempre acelerar o passo."

"Então conta-me como foi o teu encontro."

"Não foi um encontro e gostei de voltar a conversar com ele, ficar um dia inteiro ao lado dele e não sentir aqueles julgamentos de toda à gente por tudo que eu faço e/ou digo."

"Muito bem! Fico contente, agora vai-te despachar para vires jantar, quero arrumar a cozinha."

"Sim, mãe."

Quando ela diz 'muito bem', é para me preocupar, significa que não tomou atenção à conversa, ou simplesmente limitou-se a responder apenas aquilo para não puxar assunto. Quando acabei de me despachar, desci as escadas em direcção à cozinha e fui jantar, ela sentou-se à minha frente e decidi puxar conversa.

"Como foi o teu dia, mãe?"

"Nada de mais, limpei isto, limpei aquilo e fui comprar algumas coisas para a casa."

"Hm! E será que é agora que me contas?"

"Contar o quê?"

"O porquê de andares tão estranha comigo."

"Não se passa nada e eu já te tinha dito isso. Não quero que vos aconteça nada de mal."

"Estás sempre a responder isso e nunca foste assim."

"Só estou a tentar proteger-vos."

"Tal como nos protegeste sobre o que realmente aconteceu com o pai?!"

(...) Continua.


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